Mudanças no Plano Safra: governo destina mais recursos para incentivar melhores práticas no campo, com tecnologias que promovam sustentabilidade ambiental
As mudanças no Plano Safra 2021/2022 não se restringiram somente ao aumento de recursos, que é de R$ 14,9 bilhões a mais em relação ao plano anterior.
Além dos R$ 251,22 bilhões, 6,3% a mais que em 2020, o novo ciclo, que vai de 1º de junho de 2021 a 30 de junho de 2022, ficou mais verde. Principalmente, a partir do fortalecimento do Programa ABC, do Inovagro e do Proirriga.
E, ainda, há mais recursos para armazenagem (demanda antiga do setor de grãos), custeio e comercialização, produção e inovação, bem como para o Seguro Rural.
Neste artigo, você confere os detalhes das mudanças no Plano Safra 2021/2022.
Novo Plano Safra é mais verde e mais tecnológico
Em uma decisão no contexto das políticas agrícolas, o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) decidiu que o novo Plano Safra seria mais verde.
Essa decisão atende tanto aos produtores mais modernos – principalmente os da nova geração – quanto às cobranças da sociedade global por um agronegócio mais sustentável.
Assim, os incentivos são para projetos de energia renovável e práticas conservacionistas de uso do solo, manejo e proteção dos recursos naturais e agricultura irrigada.
Foram elevados em 101% os recursos para projetos de agricultura que promovam a sustentabilidade, e o principal deles é o Programa ABC (Agricultura de Baixo Carbono).
Com isso, o volume de recursos é de R$ 5,05 bilhões, e as taxas de juros variam entre 5,5% e 7% ao ano, com carência de 8 anos e prazo de pagamento de 12 anos.
Já o Inovagro, destinado à inovações tecnológicas, teve recursos de R$ 2,6 milhões, com taxas de juros de 7% ao ano. E o Proirriga (para projetos de irrigação), de R$ 1,35 bilhões, com juros de 7,5% ao ano.
Além disso, há também, conforme divulgado pelo Mapa, incentivos para:
- Produção de bioinsumos e biofertilizantes na propriedade rural, para uso próprio;
- Práticas conservacionistas do solo, sobretudo voltadas à fertilidade;
- Crédito coletivo de até R$ 20 milhões para geração de energia elétrica a partir de biogás e biometano;
- Geração de energia renovável pelo Programa ABC.
Armazenagem de grãos, custeio e comercialização no Plano Safra 2021/22
O Brasil está entre os principais produtores mundiais de grãos – só em 2021 devem ser produzidas 258,5 milhões de toneladas, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Nesse sentido, é de suma importância que o produtor tenha boas estruturas de armazenagem, já que os preços das commodities podem variar.
Além disso, uma boa estrutura de armazenamento reduz custos com frete e melhora a trafegabilidade das rodovias, principal forma de escoamento de grãos no país.
Assim, das mudanças no Plano Safra 2021/2022, o aumento de recursos para o PCA (Programa de Construção e Ampliação de Armazéns) é um dos que mais se destacam.
Confira as novidades do PCA:
- Destinação de R$ 4,12 bilhões, aumento de 84% em relação ao Plano Safra anterior;
- Taxas de juros de 5,5% ao ano, para armazéns de até 6 mil toneladas;
- Para armazéns com capacidade acima de 6 mil toneladas, as taxas de juros são de 7% ao ano, com carência de 3 anos e prazo de pagamento de até 12 anos;
Esses recursos são suficientes para construir 500 novas plantas e ampliar a capacidade de armazenagem em 5 milhões de toneladas.
Ademais, com relação ao custeio do milho, o Plano Safra prevê R$ 1,75 milhão para produtores ligados ao Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural) e R$ 4 milhões para os demais.
Já os recursos para o custeio da produção agrícola ficaram em R$ 117,7 bilhões e o de investimentos em R$ 73,5 bilhões.
Enquanto isso, o Pronamp garantiu R$ 34 bilhões, valor próximo ao disponível para custeio e comercialização, de R$ 29,18 bilhões. Os investimentos, por sua vez, terão recursos de R$ 4,88 bilhões, com juros de 6,5% ao ano.
Plano Safra 2021/22 traz recursos para pequenos produtores
De grande importância para o abastecimento do mercado interno, a agricultura familiar teve aumento de 19% nos recursos do Plano Safra 2021/2022.
No total, são R$ 39,34 bilhões para o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), com juros de 3% e 4,5%.
Ademais, desse valor, R$ 21,74 bilhões são para custeio e comercialização e R$ R$ 17,6 bilhões para investimentos.
Para incentivar práticas sustentáveis na agricultura familiar, o governo fortaleceu o Pronaf Bioeconomia, com financiamento para SAFs (Sistemas Agroflorestais), construção de unidades de produção de bioinsumos e biofertilizantes e projetos de turismo rural.
O médio produtor ligado ao Pronamp tem à disposição R$ 34 bilhões: R$ 29,18 bilhões para custeio e comercialização e R$ 4,88 bilhões para investimento (juros de até 6,5% ao ano).
Mais recursos para o Seguro Rural
Com seca e geada causando perdas em diversas culturas no centro-sul do Brasil, fazer um seguro rural é algo praticamente obrigatório. Até mesmo para que o produtor consiga se manter na atividade e ter mais segurança nos negócios.
O Governo Federal, por meio do Mapa, ampliou o seguro rural e dobrou a área segurada, bem como ampliou o número de produtores atendidos.
Para 2022, o PSR (Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural) será de R$ 1 bilhão.
De acordo com o Mapa, com esse valor será possível contratar 158.500 apólices, proteger 10,7 milhões de hectares e um valor total segurado de R$ 55,4 bilhões.
Outra novidade é que também foram criadas novas regras para o PTSR (Plano Trienal do Seguro Rural) 2022-2024, que traz as diretrizes do PSR. Agora, as regras do PTSR estão muito mais simples.
Além disso, o Mapa anunciou que incluirá novos estudos para 12 culturas no ZARC (Programa Nacional de Zoneamento Agrícola de Risco Climático). Vale destacar que, essa ferramenta é de grande importância, pois serve como parâmetro para as avaliações do seguro rural.
Conclusão
Neste artigo, vimos que dentre as mudanças no Plano Safra 2021/2022 estão direcionadas para a promoção de um agronegócio mais sustentável, tecnológico e inovador, desde o pequeno ao grande produtor.
Se você já pratica a sustentabilidade na fazenda, essa é a hora de ampliar ações do tipo e fortalecer sua participação no mercado nacional e internacional.
Consulte os valores, juros e prazos de pagamento das respectivas linhas de financiamento e veja qual está ao seu alcance. Um bom planejamento também é essencial.
Mário Bittencourt
Jornalista pós-graduado em Agricultura de Precisão