O pó de rocha pode ser um substituto do NPK? Quais as vantagens e desvantagens de seu uso? Como fazer a aplicação? Confira tudo isso e muito mais aqui neste artigo!
O pó de rocha é o resultado da moagem de rochas basálticas, micaxistos e sienitos, rochas chamadas de silicáticas, para utilização como um conjunto de nutrientes essenciais para bons desenvolvimentos das culturas agrícolas.
Os remineralizadores ou “pó de rocha” podem conter cálcio, magnésio, silício, potássio, fósforo, além de outros nutrientes que podem agir como fertilizantes para as plantas.
Ele tem a função de melhorar as qualidades físicas e químicas do solo e atua como fertilizante, porém, possui diferenciação quanto à solubilidade dos nutrientes e concentração.
Como a importação de fertilizantes é a principal origem de boa parte deles, devido às atuais taxas de câmbio elevadas, o pó de rocha pode ser uma alternativa para a crise no fornecimento de fertilizantes para a safra de 2022/23.
O Brasil importa 85% dos insumos agrícolas, de acordo com dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos. Sendo que no ano de 2021 o Brasil importou cerca de 23% desses fertilizantes da Rússia.
Nesse cenário de crise, a utilização de pó de rocha pode acarretar uma maior disponibilidade de insumos às plantas, fornecendo boa parte dos macro e micronutrientes essenciais.
O uso do pó de rocha nas lavouras
Vale ressaltar que existem diversos remineralizadores encontrados no mercado e a sua composição química varia de acordo com o material de origem da qual esse pó de rocha é resultante.
A moagem fina desse material melhora as atividades biológicas entre as partículas no solo.
Alguns tipos de remineralizadores têm mais de 60 minerais que podem ser disponibilizados às plantas após aplicação no campo.
Os produtores podem utilizar o pó de rocha como um complemento da adubação tradicional de NPK que já realizam em suas fazendas.
Para a realização dos cálculos corretos é necessário uma análise de solo e a recomendação de um profissional qualificado.
Pó de rocha: vantagens e desvantagens
Assim como qualquer outro insumo agrícola, o pó de rocha possui vantagens e desvantagens em sua utilização.
Como ele vem da moagem de rochas encontradas na natureza, ele é um produto com alta sustentabilidade.
Além disso, o custo do remineralizador de solo é mais baixo quando comparado a fertilizantes minerais.
Enquanto uma tonelada de um fertilizante mineral custa aproximadamente R$ 2 mil, a tonelada do remineralizador fica entre R$ 200 a 300, a depender das despesas com frete e taxa de aplicação.
Como é preciso registrar o produto MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) para sua comercialização, os agricultores podem avaliar se o produto que estão adquirindo está em conformidade com a lei. Isso através de registro ou pelas necessidades mínimas de nutrientes contidos no pó de rocha.
A legislação vigente fiscaliza as empresas que comercializam, e os remineralizadores não podem apresentar metais pesados ou outros elementos prejudiciais às plantas e ao solo.
O pó de rocha melhora a física dos solos aumentando a capacidade de retenção de águas e diminuindo o estresse hídrico das plantas, auxiliando na melhor estruturação, o que acaba reduzindo erosões e perda de nutrientes.
Além de atuar na estrutura física dos solos, o pó de rocha pode aumentar a fertilidade natural e também o pH e a CTC do solo.
Por ser rico em silício, também melhora a resistência das plantas na proteção contra pragas e doenças.
É possível usar o pó de rocha em fazendas orgânicas que não utilizam fertilizantes minerais, podendo ser um grande aliado para incrementos de produtividade nesses casos.
Porém, algumas desvantagens e limitações em relação ao seu uso incluem: a necessidade de altas dosagens por hectare (cerca de 3 toneladas) e a baixa disponibilidade de mineradoras que produzem pó de rocha em todo o território nacional, o que acarreta em maiores custos de frete.
Além disso, outra desvantagem é que não há linhas de crédito para financiamentos do pó de rocha, conforme veremos a seguir.
Financiamento pelo Plano Safra 2022/2023
Há leis federais que permitem e regulamentam o uso de remineralizadores de solo.
Por exemplo, as normativas IN 05 e IN 06 do MAPA, de 10 de março de 2016, apresentam os regimentos para registro, uso e comercialização dos remineralizadores de solo no Brasil, definido pela lei 12.890/2013.
Além disso, no Plano Nacional de Fertilizantes os remineralizadores de solo já estão presentes sendo parte do planejamento do setor de fertilizantes para até 2050.
Uma grande novidade para o Plano Safra 2022/2023 é o financiamento de remineralizadores de solo (pó de rocha) para a utilização nas áreas agrícolas.
Isso visa uma possível solução para reduzir a dependência dos agricultores brasileiros à fertilizantes importados.
Só para se ter ideia, o governo federal vai disponibilizar um total de R$ 340,88 bilhões para financiamento de custos e investimentos no agronegócio para a Safra 2022/2023.
Como realizar sua aplicação
A aplicação de pó de rocha pode ser feita mediante uma análise de solo prévia.
Após os resultados laboratoriais, é possível calcular quanto desses nutrientes estão presentes no solo e o quanto é necessário aplicar via adubação, com o remineralizador.
A aplicação do pó de rocha geralmente é feita de 1 a 2 meses antes do plantio das culturas para que o material disponibilize os nutrientes essenciais para o bom desenvolvimento das plantas.
A máquina que realiza aplicação é a mesma que faz aplicações de calcário e gesso nas propriedades agrícolas. Além disso, é possível aplicá-lo a lanço em sistemas que utilizam o plantio direto.
Como a maioria dos solos do Brasil são antigos e sofreram intempéries devido ao clima tropical e seu uso intensivo durante anos de cultivo, a vida biológica presente acaba sendo baixa e, com o uso de pó de rocha, é possível restaurar parte da microbiota perdida.
Conclusão
É evidente que o uso do pó de rocha pode substituir parte do uso do NPK das fazendas agrícolas brasileiras, mas os produtores devem ficar atentos ao material de origem e as porcentagens nutricionais de cada elemento que desejam inserir em seus talhões.
Por ser um subproduto do setor de mineração, a utilização do pó de rocha no agronegócio, além de auxiliar na sustentabilidade do setor, possui um grande potencial na agricultura brasileira.
Sistemas produtivos que utilizam o pó de rocha estão ganhando força nas fazendas agrícolas do Brasil e é uma tecnologia que deve ser avaliada pelos produtores rurais.