Pragas do feijoeiro: conheça as pragas-chave dessa cultura, em quais fases da planta elas causam maiores prejuízos e como manejá-las!
Terminar a safra com altas produtividades, com produção de qualidade, podendo pagar os custos e ter lucratividade é o desejo de todo produtor.
No entanto, a ocorrência de pragas na lavoura e seu manejo inadequado pode seriamente comprometer o desempenho do feijoeiro.
Assim, neste artigo vamos identificar as pragas-chave do feijoeiro, em quais momentos causam maiores prejuízos e como controlá-las corretamente. Venha conferir!
Como identificar as pragas do feijoeiro?
Nem todos artrópodes (como insetos e ácaros) presentes na lavoura causam prejuízos à produtividade e, por isso, é fundamental identificar corretamente as pragas.
Além de diferenciar as espécies que causam danos econômicos das que são inimigos naturais, conhecer a praga é determinante para a eficiência do controle.
Antes de tudo, é importante lembrar que, na cultura do feijão, existem mais de 30 espécies que podem causar sérios prejuízos à sua produção!
Além disso, essas pragas do feijoeiro podem ser agrupadas de acordo com a fase de desenvolvimento da cultura em que ocorrem.
Assim, é importante conhecer, também, os estádios fenológicos do feijão que compreendem as fases vegetativas e reprodutivas.
As principais pragas encontradas nas safras de feijão no Brasil podem ser agrupadas em seis categorias para melhor identificação:
- Pragas das sementes, plântulas e raízes;
- Desfolhadoras;
- Raspadoras e sugadoras;
- Das hastes e axilas;
- Das vagens;
- Dos grãos armazenados.
Pragas das sementes, plântulas e raízes
Os enormes prejuízos destas pragas são decorrentes da interferência no estande das plantas, que é a base para a formação da lavoura e para que se obtenha altas produtividades na cultura.
Lagarta-rosca: Agrotis ipsilon
Alimenta-se das sementes nos sulcos de plantio e corta as plântulas rente ao solo (V0 a V4), podendo comprometer drasticamente o estande da cultura.
Lagarta-elasmo: Elasmopalpus lignosellus
Perfura o caule próximo à superfície do solo, além de fazer galerias que resultam em murcha e morte das plântulas (V0 a V4). Além disso, consome as sementes e raízes, mas concentra o ataque na fase inicial de desenvolvimento do feijoeiro, provocando enormes falhas na lavoura.
Lagarta-cortadeira (Spodoptera frugiperda) e Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis)
As lagartas cortam as plântulas rentes ao solo e em plantas mais desenvolvidas raspam o caule.
Pragas desfolhadoras
As pragas desfolhadoras podem comprometer a cultura em quase todo seu ciclo no campo e os prejuízos são decorrentes, principalmente, da perda de área foliar.
Vaquinhas: Diabrotica speciosa e Cerotoma arcuata
Causam desfolhamento nas fases de V1 a R8, gerando danos durante todo o ciclo do feijão. Além disso, podem causar danos irreversíveis quando atacam o broto apical das plântulas e, quando presentes em altas infestações, consomem as flores e as vagens.
Minadora: Liriomyza spp.
Alimenta-se dos tecidos das folhas fazendo galerias irregulares ou minas, principalmente nos estádios V1 a R7.
Lagarta-falsa-medideira: Chrysodeixis includens
Alimenta-se das folhas (V1 a R8), mas não consome as nervuras centrais e laterais.
Pragas raspadoras e sugadoras
Cigarrinha-verde: Empoasca kraemeri
Alimenta-se das folhas (V1 a R7) e injeta substâncias tóxicas que se assemelham com viroses, podendo causar enormes perdas de produtividade.
Mosca-branca: Bemisia tabaci biótipos A e B
Pode ocorrer desde a emergência das plântulas até a formação das vagens. Além disso, os maiores prejuízos são decorrentes da transmissão do vírus do mosaico-dourado e pela excreção açucarada que favorece o desenvolvimento do fungo (fumagina).
Thrips palmi, Caliothrips brasiliensis e Thrips tabaci
Alimentam-se de folhas e flores (V1 a R6), e podem causar a queda prematura dos botões florais e vagens, quando em alta infestação.
Ácaro-branco (Polyphagotarsonemus latus) e Ácaro-rajado (Tetranhychus urticae)
Podem ocorrer de V2 a R8, comprometem a área foliar. Vale destacar que, em altas populações, o ácaro-branco também pode atacar as vagens.
Pragas das hastes e axilas
Broca-das-Axilas: Crocidosema aporema
Esta praga se alimenta do ponteiro, caule, ramos, flores e vagens do feijoeiro causando diversos prejuízos.
Tamanduá-da-soja: Sternechus subsignatus
Considerada uma praga de difícil controle, o tamanduá-da-soja dilacera os pecíolos e a haste principal, provocando a quebra e morte das plantas.
Pragas das vagens
Causam enormes prejuízos a partir da fase R5, comprometendo seriamente a produção de feijão.
Percevejos: Manchador-dos-grãos (Neomegalotomus simplex), verde (Nezara viridula) e marrom (Euschistus heros)
Alimentam-se dos grãos, afetam a qualidade das sementes e causam a depreciação das vagens.
Lagarta-das-vagens (Helicoverpa armigera, Maruca vitrata, Etiella zinchenella, Thecla jebus)
A H. armigera também se alimenta das estruturas vegetativas, mas tem preferência por órgãos reprodutivos. Causam enormes prejuízos, principalmente às vagens e grãos de feijão.
Pragas dos grãos armazenados
Caruncho-do-feijão: Zabrotes subfasciatus
Causa prejuízos aos grãos e sementes durante a pós-colheita. Além de favorecerem a entrada de microrganismos, bem como o aquecimento da massa dos grãos no armazenamento.
Como manejar as principais pragas do feijoeiro?
Assim, independente se sua lavoura corresponde ao feijão de 1ª, 2ª ou 3ª safra, para o controle eficiente dessas pragas, algumas estratégias são fundamentais:
- Época de semeadura adequada de acordo com sua região, principalmente para o manejo da mosca-branca;
- Tratamento de sementes: fundamental em áreas com alta incidência de pragas de solo;
- Uso de variedades resistentes para impedir a ocorrência de vírus;
- Monitoramento e amostragem: precisam ser realizados periodicamente, pois são muito importantes para a identificação das pragas antes delas ocasionarem danos econômicos. Podem ser feitos conforme a praga e fase do feijoeiro como em Quintela (2001));
- Realizar a identificação da praga e o seu nível de controle (NC): saber identificar as pragas presentes na lavoura, bem como a partir de qual momento a sua presença começa a representar possíveis perdas econômicas é essencial. Alguns exemplos de nível de controle são: 10% de plantas atacadas, no caso de pragas de solo; 20 insetos em 2 metros, no caso de vaquinhas; dentre outras, conforme em Posse e colaboradores (2010));
- Eliminação de plantas hospedeiras: principalmente para controle de pragas das sementes, plântulas, raízes, lagartas e mosca-branca;
- Vazio sanitário, principalmente para o controle da mosca-branca em algumas regiões;
- Monitoramento das condições climáticas, pois podem interferir na população de pragas do ano agrícola;
- Uso correto da irrigação: lagarta-elasmo, por exemplo, é favorecida por período de estiagem;
- Controle biológico de pragas, por exemplo, pelo uso de E. lignosellus (Beauveria bassiana) e C. includens (Trichogramma pretiosum);
- Rotação de culturas;
- Controle químico: ou seja, atingido o nível de controle para a praga, com ingredientes ativos registrados e seletivos, seguindo todas recomendações do profissional capacitado.
Conclusão
Por fim, nesse artigo você conheceu as principais pragas do feijoeiro e em quais momentos elas provocam maiores prejuízos nas lavouras de feijão.
Várias pragas podem ocorrer na sua área, mas determinar o nível de controle, com base no monitoramento, é fundamental para a tomada de decisões.
Assim, o controle deve ser feito com adoção de diferentes estratégias do manejo integrado de pragas, desde o planejamento da instalação da cultura até o final do seu ciclo.
Como resultado, é possível assegurar melhores condições para uma boa produtividade do feijoeiro, reduzir os custos com aplicações desnecessárias e, como consequência, minimizar os impactos ambientais.
Engenheira Agrônoma, formada pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), mestre e doutora em Fitotecnia pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ/USP).