Descubra como os fenômenos El Niño e La Niña afetam as diferentes regiões do Brasil e de que forma isso influencia na produção agropecuária
As condições climáticas e meteorológicas afetam as lavouras diariamente e podem dificultar as atividades agrícolas e comprometer a produção, como também trazer condições favoráveis para o desenvolvimento das culturas.
No entanto, alguns fenômenos podem tornar esse cenário ainda mais complexo, como é o caso do El Niño e a La Niña.
Então, continue a leitura e entenda como estes fenômenos afetam as diferentes regiões do Brasil.
O que são os fenômenos El Niño e La Niña?
Os fenômenos El Niño e La Niña são padrões climáticos naturais resultantes de interações entre o oceano e a atmosfera.
Assim, os dois envolvem anomalias de temperatura na superfície do oceano e da circulação atmosférica.
Enquanto o El Niño diz respeito ao aquecimento anormal do Oceano Pacífico Equatorial, a La Niña é o inverso, pois, provoca o resfriamento deste oceano.

A formação dos fenômenos El niño e La niña
Em anos de El Niño, ocorre o enfraquecimento dos ventos alísios (os ventos de superfície) na região Equatorial.
Assim, o Oceano Pacífico Equatorial fica mais quente, o que leva à evaporação e à formação de nuvens de chuva.
Além disso, esse fenômeno altera a circulação atmosférica, o que muda os padrões de chuva e temperatura em várias partes do mundo.
Já em anos de La Niña, os ventos de superfície no Pacífico Equatorial ficam mais fortes que o normal, o que causa o resfriamento da maior parte dessa região do oceano.
Isso afeta os padrões de circulação atmosférica, alterando a temperatura e a precipitação em diversas regiões.
Como resultado, o Pacífico Ocidental, Indonésia e Austrália têm um maior volume de chuvas, enquanto na região Centro-Leste do Oceano Pacífico há inibição da formação de nuvens.
Influência do El Niño no Brasil
A forma como o El Niño afeta o Brasil varia de região para região. Então, veja abaixo um resumo de cada uma delas.
- Norte: ocorre a redução do volume de chuvas nas áreas Leste e Norte da Amazônia, o que aumenta a probabilidade de incêndios florestais.
- Nordeste: nas áreas do Centro e Norte da região há secas de intensidades variadas; já a áreas ao Sul e Oeste são pouco afetadas.
- Centro-Oeste: os efeitos nas chuvas e temperaturas são pouco relevantes. Porém, há uma tendência de chuvas acima da média e temperaturas mais elevadas no Sul do estado do Mato Grosso do Sul.
- Sudeste: nesta região não ocorre uma mudança perceptível nos padrões de chuvas, mas há um aumento moderado das temperaturas médias.
- Sul: aqui as chuvas ficam acima da média e há o aumento da temperatura média.

Por ter um efeito maior no inverno e na primavera das regiões Norte e Nordeste do Brasil, o El Niño afeta principalmente as culturas de sequeiro como milho e soja, e a pastagem para a pecuária.
Efeitos do El Niño na agricultura
Alguns efeitos no El Niño na agricultura brasileira são, por exemplo:
- Chuvas mais intensas: mesmo com a pausa nas chuvas ao final de julho e início de agosto, pode haver situações de chuvas fortes até o fim do inverno/primavera.
- Aumento das temperaturas: o que pode atrapalhar a fase final de algumas culturas e a colheita.
- Baixa luminosidade durante a safra de inverno: devido à presença de nuvens, pode haver menor luminosidade para a safra de inverno.
- Menor déficit hídrico: no caso do milho, a cultura pode atingir melhores níveis de produtividade devido ao menor cenário de déficit hídrico.
- Menores riscos de geadas no Sul: o que colabora para a safra do milho e do trigo.
- Aumento no aparecimento de doenças: mais chuvas e a nebulosidade podem aumentar o tempo de molhamento foliar, favorecendo o aparecimento de doenças fúngicas.
Além disso, o El Niño exigirá das plantas uma maior capacidade para suportar situações de estresse e, para isso, o balanço nutricional é fundamental.
Influência da La Niña no Brasil
O fenômeno La Niña também afeta o Brasil de diferentes maneiras. Confira a seguir, o que acontece em cada região.
- Norte: há um aumento na intensidade da estação chuvosa na Amazônia, o que ocasiona cheias expressivas de alguns rios da região.
- Nordeste: ocorrem chuvas acima da média na região, o que pode provocar enchentes no litoral nordestino.
- Centro-Oeste: com relação às chuvas e à temperatura, não há uma tendência clara, mas pode haver estiagem.
- Sudeste: aqui também não há um padrão característico de mudança das chuvas e nem da temperatura.
- Sul: ocorre estiagem em toda região, principalmente no inverno.
Efeitos da La Niña na agricultura
Isso tudo pode influenciar no desenvolvimento das lavouras, na ocorrência de doenças e em mudanças no calendário de semeadura à colheita.
Isso porque, a La Niña pode provocar, por exemplo:
- Estiagem no Sul: o que pode atrasar a semeadura da soja e, por consequência, dificultar o ciclo de formação da lavoura e atrasar a colheita dos grãos.
- Atraso no calendário do milho safrinha: devido ao atraso da semeadura e colheita da soja, pode haver atraso do milho safrinha também.
- Excesso de chuvas nas lavouras: nas regiões Norte e Nordeste, o excesso de chuvas pode provocar perdas nas lavouras, elevar as chances de ocorrência de doenças e afetar o calendário de colheita.

Conclusão
Para além das variações climáticas observadas ao longo do ano – em função das estações mais secas e mais úmidas – fenômenos como La Niña e El Niño podem afetar de forma significativa os padrões de chuva e temperatura.
E, assim, influenciar na produção agrícola, trazendo excesso chuvas ou estiagem em momentos críticos do desenvolvimento das culturas.
Por isso, monitorar as condições atmosféricas e se manter informado sobre a possibilidade desses eventos é essencial.
Isso porque, mesmo não sendo possível evitá-los, o produtor pode adotar práticas de manejo que ajudem a minimizar o efeito desses fenômenos em sua lavoura.

Incorporamos constantemente novas ferramentas, recursos e conteúdo de alta qualidade, com o objetivo de ajudá-lo a simplificar o gerenciamento diário e a tomada de decisões no campo.