Entenda o que é a operação de barter, quais suas modalidades e como o produtor pode realizá-la e muito mais!
Para alcançar altas produtividades e ocupar, com maestria, o 4º lugar em produção mundial de grãos, o produtor precisa incorporar tecnologias e lidar com diversos desafios.
Altas tecnologias já fazem parte da rotina da maioria dos produtores que visam o aumento da eficiência na produção.
Em relação aos desafios, podemos destacar os riscos da atividade agrícola – associados à produção – e de preço.
Os riscos de produção estão relacionados às perdas decorrentes de pragas e clima desfavorável.
Já os riscos de preço (referente à venda da produção) envolvem as variações no mercado, o que depende de diversos fatores, alguns até internacionais.
Pensando em estratégias que podem gerenciar os riscos de mercado, neste artigo vamos definir ‘barter’ e entender como essa operação pode gerar vantagens para o produtor.
Então venha conferir!
O que é barter?
Barter é um termo bastante utilizado ao se referir às operações de troca.
E pode ser definido como uma operação gerenciadora de risco de mercado que possibilita a venda de insumos a longo prazo tendo como pagamento parte da produção agrícola.
Sim! Os produtores precisam considerar os riscos de mercado que envolvem as flutuações no preço das safras, que são extremamente importantes para viabilizar a atividade agrícola.
Em outras palavras, barter é uma estratégia que o produtor pode utilizar para comprar seu pacote tecnológico em troca de parte ou total produção, como forma de pagamento.
Com essa operação, é possível reduzir o custo de insumos e fixar o preço de venda da produção. Além disso, outras vantagens também podem ser combinadas.
De maneira indireta, representa um financiamento de custeio fornecido pelo setor privado (MARINO, 2012).
O barter se intensificou no Brasil a partir da década de 1990.
O objetivo inicial era de garantir estoque para atender os contratos de exportação de soja (SANTOS, 2009).
Variações das operações de barter
Conforme os produtores e empresas foram aprimorando as relações de barter, novas configurações foram sendo estabelecidas.
Estas diferenciam-se de acordo com o tamanho da área cultivada e o interesse, também, das empresas que financiam.
Além disso, como todo contrato, os termos envolvidos e acordados devem ser vantajosos para ambas as partes.
Por isso, sempre leia com atenção as obrigatoriedades e as garantias exigidas, caso haja algum problema da não entrega da produção estabelecida.
Além disso, existem diversas modalidades de barter e podem receber diferentes nomes.
Contudo, todas apresentam o mesmo objetivo de troca sem a necessidade de o produtor pagar imediatamente.
Veja abaixo, alguns exemplos dessas operações.
Como funciona a operação de barter?
Geralmente, é composta pelo produtor, indústria ou revendedora de insumos (sementes, fertilizantes, dentre outros) e ou uma trading.
Todos os integrantes apresentam seus diversos objetivos com o barter e é possível resumi-los da seguinte forma:
- O produtor precisa de insumos para produzir e, muitas vezes, precisa de prazo para pagar seus custos;
- A indústria ou revendedora tem o interesse em vender seus produtos e, além disso, com o barter, outros objetivos podem estar inseridos (como aumentar sua participação no mercado);
- Já a trading deseja obter lucros e garantia do recebimento, intermediando tanto o mercado interno quanto o mercado externo, pois é uma empresa que opera na compra e venda de ações e/ou produção em curto prazo.
O produtor rural que desejar esse financiamento passa por uma análise de crédito para saber se está apto ou não para o barter.
Pois, além dos riscos presentes para o produtor, os outros integrantes do barter, também assumem os riscos dessa operação.
Portanto, para essa negociação, geralmente usa-se a Cédula de Produto Rural – CPR, um contrato com registro legal.
Essa cédula foi instituída pela Lei Nº 8.929, de 22 de agosto de 1994, atualizada pela Lei Nº 10.200, de 14 de fevereiro de 2001.
Nestas leis, consta-se a promessa de entrega de produtos rurais pelos produtores, além de outros quesitos.
Por isso, certifique-se que a operação de barter que será feita está de acordo com suas necessidades e atende seus interesses.
São várias empresas que estão operando como barter.
Basta procurar um fornecedor de insumos de confiança e ver se as condições estão alinhadas com seu planejamento.
Quais são as vantagens do barter para o produtor?
Como existem várias modalidades de barter, o produtor rural pode ter diferentes vantagens como:
- Compra de insumos sem a necessidade de dinheiro prontamente disponível ou quando não há crédito suficiente para o custeio;
- Garantia de venda de parte ou totalidade da produção por preço que cubra custo e remunere a atividade – e, com isso, proteção contra oscilações de preço;
- Preços de insumos mais atrativos, conforme o pacote promocional;
- Fôlego no fluxo de caixa;
- Menor preocupação com o armazenamento da safra no pós-colheita;
- Dependendo da modalidade, o barter pode ser estabelecido antes e após a semeadura da safra ou até mesmo para safras futuras;
- Economia de tempo na compra de insumos.
Novas tecnologias de barter
Dentre as modificações que foram incorporadas nas operações de barter – quando comparadas àquelas realizadas no início (década de 1990) – está a digitalização.
CPR digital
Como todo contrato, no barter também se registram informações particulares e exigências dos envolvidos (produtor, revenda e ou trading).
Além disso, identifica-se o produto em negociação, preços, garantias, dentre uma série de dados fundamentais para execução da operação.
A grande importância da inserção da digitalização no barter, começa por aí.
Todas essas informações que eram realizadas via documentos em papéis, assinaturas presenciais e arquivos guardados em espaços físicos, hoje já podem ser armazenados eletronicamente.
Isso é possível devido a criação da CPR digital, que normalmente estão atreladas nas operações de barter.
Assim, o produtor pode assinar digitalmente e encaminhar para o cartório eletronicamente.
O cartório, por sua vez, também realiza o registro digital dessa cédula.
Dessa forma, além de toda otimização do processo, tem-se maior agilidade na operação, segurança e amparo legal.
Aplicativos
Outra novidade e, em constante aprimoramento, é a criação de aplicativos de barter.
Esses aplicativos permitem simular a operação com melhor visualização para o produtor, além do acompanhamento dos preços do mercado e outras informações.
Várias empresas disponibilizam a CPR digital e aplicativos de barter.
Mas lembre-se, sempre, de procurar um profissional capacitado e de confiança para auxiliar em dúvidas que possam surgir antes de fechar um contrato.
Blockchain
Outra estrutura de registros, que pode dar mais segurança ao barter e facilitar muito, é a utilização do Blockchain.
Blockchain corresponde à blocos de informações (virtualmente) ligados uns aos outros de maneira que nada possa ser alterado ou excluído.
Ou seja, ao incorporar essa rede numa operação de barter, o processo de negociação (oferta e demanda do produto) pode ser mais eficiente.
Além disso, traria maior segurança, uma vez que, as informações inseridas se tornam inalteradas e podem ser acessadas quando preciso – criam bancos de dados.
Conclusão
Nesse artigo você conheceu o significado de barter e como essa operação pode constituir uma estratégia ao produtor para gerenciar os riscos de mercado.
Vimos que o barter tem como ponto-chave a possibilidade de compra de insumos a longo prazo tendo como pagamento o próprio produto agrícola.
Existem diversas modalidades, contudo, elas apresentam um mesmo objetivo de troca sem a necessidade de pagamento imediato pelo produtor.
Além disso, a operação de barter apresenta grandes vantagens aos produtores e várias tecnologias estão sendo incorporadas com intuito de aprimoramento, maior segurança e facilidade.
Verifique sempre com atenção todas as condições e garantias exigidas no contrato, para ver se enquadra, também, com seus objetivos.
Engenheira Agrônoma, formada pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), mestre e doutora em Fitotecnia pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ/USP).