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Tipos de Fungicidas | Sistêmicos ou de Contato?

aplicação de fungicida

Fungicidas sistêmicos e de contato: entenda o que difere os dois tipos de produtos, como eles atuam e veja quais os cuidados essenciais para uma maior efetividade da pulverização

Fungicidas sistêmicos e de contato são utilizados para evitar a sobrevivência, disseminação, infecção, colonização e reprodução dos fungos causadores de doenças em plantas.

Essas doenças podem causar enormes perdas em produtividade, depreciar o produto e, até mesmo, impossibilitar o cultivo em determinadas situações.

Por isso, geram grandes preocupações aos produtores e requerem atenção desde a semeadura até o final do ciclo das culturas.

Pensando nisso, neste artigo vamos entender as diferenças entre os fungicidas sistêmicos e de contato, bem como manejá-los visando maior efetividade. Venha conferir! 

Quais os tipos ou classificações de fungicidas existem?

Você sabia que R$ 9,88 bilhões foram gastos pelos produtores com fungicidas em suas lavouras de soja, milho e algodão no Brasil?  

Pois, é! De acordo com uma pesquisa realizada pelo Cepea-Esalq/USP, esse foi o valor gasto na safra 2016/2017.

E, embora esse custo seja impressionante, é importante pensar que esse valor investido em fungicida somente voltará em benefício ao produtor se o manejo dos produtos for realizado adequadamente.

Ou seja, é preciso considerar diversos aspectos desde a escolha dos fungicidas até o momento da aplicação!

Primeiramente, deve-se entender a classificação dos fungicidas, para então, selecionar o mais adequado conforme a necessidade da sua lavoura.

Mobilidade do fungicida na planta

Os fungicidas sistêmicos e de contato estão relacionados à mobilidade do produto na planta, ou seja, a translocação deles nos tecidos vegetais.

Assim, têm-se os fungicidas imóveis (de contato), translaminares (mesostêmicos) e os móveis (sistêmicos). 

Quando a ação do fungicida for limitada no local de contato com a planta é denominado imóvel.

Os mesostêmicos têm sua redistribuição sobre a superfície onde foi aplicado ou atravessa a lâmina foliar, atingindo o lado oposto ao da aplicação, sem translocação dentro da planta.

Por fim, os de ação sistêmica penetram a folha, atinge os vasos e é translocado juntamente a seiva para locais distantes daquele que foi inicialmente depositado.

Tipos de fungicidas por translocação
Exemplo de translocação dos fungicidas: A- imóveis; B- mesostêmico e C-sistêmico.
(Fonte: Adaptado de Silva-Junior e Behlau, 2018)

Contudo, existem outros critérios de classificação de fungicidas, conforme os seguintes aspectos:

  • Grupo químico,
  • Modo de ação e
  • Princípio geral de controle.

O grupo químico do fungicida refere-se a natureza de sua molécula, podendo ser orgânica ou inorgânica. 

Já o modo de ação corresponde ao processo bioquímico ou biofísico do patógeno que o ingrediente ativo do fungicida irá atuar.

Quanto ao princípio geral de controle, como o próprio nome diz, relaciona-se com os princípios gerais de controle e com as fases do ciclo das relações patógeno-hospedeiro nas quais o fungicida atuará.

Ou seja, podem ser erradicantes (atuam na sobrevivência dos fungos), protetores (impedem a infecção) ou curativos/terapêuticos (efeito sobre a colonização).

E, como todas essas classificações interferem na hora de escolher um fungicida sistêmico ou de contato?

Veremos com maiores detalhes a atuação desses dois tipos de fungicidas.

Tipos de fungicidas: sistêmicos

Os fungicidas sistêmicos são aqueles que penetram e são translocados na planta por meio de seu sistema vascular.

Por isso, também, são conhecidos como penetrantes ou móveis.

Em geral, apresentam maior fungitoxicidade (ação sobre o fungo), sendo aplicados em doses menores em comparação aos de contato.

Além disso, por possuírem alto poder residual e capacidade de translocação pelo xilema, a frequência de pulverização dos sistêmicos é menor.

Assim, os fungicidas sistêmicos podem agir de forma curativa sobre a colonização do patógeno e atuam segundo os princípios da proteção, terapia e imunização.

A ação de proteção se refere ao fato de que grande parte do produto aplicado fica depositada externamente, agindo na proteção dos tecidos.

Por outro lado, outra parte do produto penetra e é translocada em concentrações tóxicas aos fungos.

Dessa forma, pode exercer, também, a ação curativa e erradicante (importante no tratamento de sementes e de solo).

Assim, as principais características dos fungicidas sistêmicos são:

  • Toxicidade direta ao fungo;
  • Baixa solubilidade em água;
  • Penetração nos tecidos aéreos e raízes;
  • Translocação via xilema;
  • Incapacidade de alcançar órgãos que não transpiram (como exemplo, as pétalas);
  • Redistribuição para partes novas das plantas;
  • Ausência ou reduzida translocação via floema.
Tipos de fungicidas: Translocação de um fungicida sistêmico
Translocação de um fungicida sistêmico
(Fonte: Adaptado de Fitopatologia/Esalq)

Tipos de fungicidas: de contato

Os fungicidas de contato permanecem na superfície do órgão vegetal em que foram depositados, ou seja, não são absorvidos ou translocados.

Esse fungicida apresenta ação protetora impedindo ou prevenindo a infecção na planta pelo patógeno. 

Além disso, alguns produtos podem apresentar ação erradicante, atuando sobre a sobrevivência do patógeno.

Os principais produtos utilizados são aqueles à base de cobre, os ditiocarbamatos, o clorotalonil, dentre outros.

Tipos de fungicidas: ação um fungicida de contato
Ação um fungicida de contato
(Fonte: Adaptado de Fitopatologia/Esalq)

Condições climáticas e o manejo de fungicidas

Após a avaliação entre os tipos de fungicidas e a seleção do produto, outro ponto fundamental que deve ser considerado é o monitoramento das condições climáticas de sua lavoura!

Isso porque, a temperatura, a umidade relativa do ar, presença de ventos, chuvas e orvalho podem interferir diretamente na efetividade dos fungicidas sistêmicos e de contato.

Assim, deve-se seguir as recomendações descritas na bula de cada fungicida, que pode ser encontrada no Agrofit. Porém, há alguns fatores que sempre merecem destaque na hora de realizar a pulverização, por exemplo:

  • Volume de calda;
  • Dose recomendada;
  • Época e número de aplicação;
  • Tipos de bicos usados no pulverizador;
  • Posicionamento correto sobre o alvo;
  • Temperatura, umidade relativa do ar e velocidade do vento no momento da aplicação;

A ocorrência de chuvas imediatamente após a aplicação pode interferir na efetividade dos fungicidas, quando resulta na remoção ou lavagem de produto.

Tanto a presença quanto a ausência de ventos podem comprometer a qualidade da aplicação.

Por outro lado, quanto menor a umidade relativa do ar, maior a probabilidade de evaporação das gotas do fungicida e, consequentemente, menor aproveitamento de produto.

Monitoramento climático para melhorar  o manejo de doenças na lavoura

Já a presença de orvalho pode ou não interferir no aproveitamento dos fungicidas, dependendo do tipo de bico utilizado, pois o tamanho de gota formado influencia no escorrimento de produto. 

De maneira geral, as condições climáticas consideradas favoráveis para a aplicação de fungicidas sistêmicos e de contato se enquadram conforme a esquematização abaixo.

Fatores que devem ser considerados na hora de realizar a pulverização de  fungicidas
Fatores que devem ser considerados de acordo com a tecnologia de aplicação e com cada situação (Fonte: Andef)

Cuidado para não colaborar com a resistência aos fungicidas!

Outro fator importantíssimo que também atua sobre a efetividade de fungicidas ao longo do tempo (e não muito distante), é a resistência dos fungos.

Ou seja, o fungicida deixa de ser efetivo no controle de determinada doença, em uma determinada dose do fungicida, que antes gerava o controle satisfatório.

E, o uso de fungicidas sistêmicos, principalmente, de maneira inadequada destaca-se no aumento de casos de resistências de fungos.

A maioria dos casos de resistência surgiu após a introdução dos grupos químicos benzimidazois, fenilamidas, carboxanilidas, dentre outros.

Por isso, a importância em conhecer a classificação do fungicida e adotar o manejo integrado para o controle dos patógenos.

Além disso, atente-se aos demais fatores abaixo, que podem afetar o sucesso da aplicação de fungicidas:

  • Emprego do controle químico como a única medida para redução da severidade de doenças;
  • Desconhecimento do alvo biológico e da época de aplicação (timing);
  • Emprego de subdoses de fungicidas;
  • Falta de monitoramento das condições climáticas na área;
  • Utilização de um único fungicida sistêmico com o mesmo modo de ação para o controle da doença;
  • Diagnose incorreta do agente causal da doença;
  • Uso inadequado de adjuvantes para uma determinada formulação de fungicidas;
  • pH da calda fungicida.

Conclusão

Por fim, fica clara a importância de se conhecer as classificações dos fungicidas e diversos fatores que podem interferir na qualidade da aplicação.

Além disso, vimos as diferenças entre os fungicidas sistêmicos e de contato, bem como a função de cada um, priorizando o manejo integrado no controle das doenças.

Assim, como condições climáticas interferem diretamente na efetividade dos fungicidas e, embora, não seja possível alterá-las, é possível monitorá-las e integrar as informações no planejamento de sua lavoura.

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Referências

SILVA-JUNIOR, G.J.; BEHLAU, F. Controle químico. In: AMORIM, L.; BERGAMIN-FILHO, A.; REZENDE, J.A.M. Manual de Fitopatologia: Princípios e Conceitos. 5ªed. Ouro-Fino-MG: Agronômica Ceres, 2018 p. 239-260.

ZAMBOLIM, L.; JESUS-JÚNIOR, W.C.; RODRIGUES, F.A. O Essencial da Fitopatologia: Controle de Doenças de Plantas. 1ªed. Suprema Gráfica e Editora, 2014. 576p.

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