A seguir, conheça os diferentes tipos de solo presentes no Brasil e entenda como é feita a sua classificação. E saiba também quais solos são mais aptos, ou não, para a agricultura
Antes de tudo, é bom ressaltar que, pedologia é o ramo da ciência que estuda o solo. Mas, o que é o solo?
Praticamente todo mundo sabe o que é o solo e sua importância para a humanidade, porém, conceituá-lo não é algo simples, tanto que não existe uma definição mundialmente aceita.
No entanto, podemos dizer que trata-se da camada superficial da Terra formada pelos processos de intemperismo (relação entre sol, água, vento e organismos vivos). Ou seja, o acúmulo de materiais minerais e orgânicos encontrados nas camadas superficiais (estas também chamadas de horizontes).
Ele é um dos principais recursos naturais de um país, pois é por meio dele que se viabiliza a agricultura, uma vez que ele carrega consigo os nutrientes essenciais para o desenvolvimento das plantas, como já vimos em outro artigo do blog.
No entanto, as atividades antrópicas (realizadas pelo homem), se não planejadas, podem gerar prejuízos, tais como causar erosões e contaminações dos solos e, consequentemente, perdas de produtividade e destruição do ambiente natural, afetando todo o ecossistema.
Tipos de solo: como é feita a classificação?
O Brasil segue a classificação de solos proposta pela Embrapa (1979).
Basicamente, o solo pode ter partículas de 3 diferentes tamanhos:
- Areia: partículas relativamente grandes, com tamanho entre 0,05 mm – 2,00 mm;
- Silte: partículas de tamanho médio, entre 0,002 – 0,05 mm;
- Argila: partículas finas que possuem tamanho menor que < 0,002 mm.
Há frações mais grosseiras (maiores) que a areia, como por exemplo: cascalho (2 – 20 mm), calhau (20 – 200 mm) e matacão (> 200 mm).
Vale destacar que um solo pode conter areia, silte e argila ao mesmo tempo, em porcentagens variadas, originando tipos de solos diferentes.
Camadas de solo
Os horizontes do solo são classificados como:
- O: é a camada mais superficial, de tonalidade escura, composto pela matéria orgânica em decomposição;
- A: segunda camada do solo, que mistura matéria orgânica e minerais, sofrendo bastante efeito das intempéries climáticas;
- B: possui acúmulo de argilas das camadas O e A, bem como concentrações de ferro e alumínio;
- C: mix do solo com a rocha-mãe;
- D: rocha-mãe, sem alterações.
Características do solo
Morfologicamente, os solos são classificados a partir de características como cor, textura, estrutura, consistência, porosidade, cerosidade e coesão.
- Cor: essa é a variável mais fácil de visualizar, fazendo inferência na quantidade de matéria orgânica (quanto mais escura, maior o teor); para este caso, utilizamos a Carta de Cores de Munsell, que considera 3 fatores: matiz, valor e croma;
- Textura: refere-se à proporção relativa entre areia, silte e argila, influenciando diretamente na drenagem do solo;
- Estrutura: remete ao arranjo das partículas primárias com as outras substâncias (matéria orgânica, óxidos de ferro e alumínio etc.), podendo ser subdividida em:
- (i) Tipo – laminar, prismática, colunar, blocos angulares, blocos subangulares e granular;
- (ii) Tamanho – muito pequena, pequena, média, grande e muito grande;
- (iii) Grau de desenvolvimento – solta, fraca, moderada e forte;
- Consistência: avalia as forças físicas de coesão entre as partículas, ou seja, o torrão em diferentes níveis de umidade; aqui, quanto mais facilmente o torrão úmido se desfaz, mais fácil é arar o terreno;
- Porosidade: volume de solo ocupado por água e ar, característica essa que reflete a capacidade da água infiltrar e das raízes de desenvolverem nos poros do solo;
- Cerosidade: expressa o quão brilhoso é a face do solo, podendo ser dividida em:
- (i) Grau de desenvolvimento – fraca, moderada ou forte;
- (ii) Quantidade: pouco, comum ou abundante;
- Coesão: reflete a dureza dos horizontes, sendo mais presentes em argissolos e latossolos, podendo ser classificados como moderadamente coeso ou fortemente coeso.
Quais os tipos de solo no Brasil e suas características?
Desenvolvido pela Embrapa, nós temos o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, que nada mais é do que o tipo de solo existente em cada área do Brasil.
São 13 diferentes tipologias, que dependem das características acima mencionadas, com destaque para os latossolos e os argissolos, que cobrem 58% das terras nacionais.
- Argissolos: solos ricos em argila na transição da camada superficial para o horizonte B, sendo o segundo tipo mais comum, cobrindo uma área de 24%;
- Cambissolos: solos pouco desenvolvidos, com pouca diferenciação das camadas;
- Chernossolos: solos férteis, com boa agregação de argila na camada A;
- Espodossolos: solos pobres e ácidos, composto pela mistura de matéria orgânica humificada e alumínio;
- Gleissolos: solos geralmente argilosos, nas proximidades de riachos;
- Latossolos: solos mais frequentes no Brasil, com 39% do território, com estágio avançado de intemperismo, logo, são profundos, bem drenados e têm baixa capacidade de troca de cátions;
- Luvissolos: solos argilosos e rasos;
- Neossolos: solos jovens, sem horizonte B definido;
- Nitossolos: solos geralmente profundos, bem drenados e ácidos;
- Organossolos: solos constituídos pelo acúmulo de matéria orgânica e, portanto, apresentam coloração escura;
- Planossolos: solos que apresentam aumento gradual de argila nos horizontes, tendo restrição de permeabilidade;
- Plintossolos: solos com formação de plintita, em virtude da drenagem ruim;
- Vertissolos: solos ricos em argila, geralmente férteis, mas com baixa permeabilidade.
Quais os melhores tipos de solos para agricultura e por quê?
Primeiro, é bom destacar que não há um tipo de solo perfeito, uma vez que cada cultura se desenvolve melhor num determinado tipo de solo.
Por exemplo, enquanto o arroz necessita de solos mais úmidos, o milho pode crescer bem em solos mais secos.
No entanto, os solos com texturas médias e argilosas são os preferidos, porque apresentam uma combinação adequada de areia, argila e nutrientes que serão a base para o desenvolvimento da planta, além da camada orgânica, quando presente.
Geralmente, essa composição permite a boa entrada de água e oxigênio aos micro-organismos, ou seja, retém água numa quantidade adequada, sem ficar muito encharcado e nem muito seco, além de não ser tão ácido, o que reduzirá custos com calagem.
Além disso, conhecer o regime de chuvas, as variações das temperaturas ao longo do ano e as recomendações da própria cultura fazem com que o agricultor tenha melhor embasamento para a tomada de decisão.
Conclusão
Em resumo, há diferentes tipos de solo no Brasil.
Assim, para quem trabalha no campo, conhecer sobre o tipo de solo da sua lavoura é fundamental, pois ele é uma das principais matérias-primas para a agricultura.
Por isso, a cada dia mais há estudos sobre o solo em relação à diferentes culturas agrícolas, de modo a encontrar parâmetros que sejam capazes de maximizar a produtividade dos cultivos.
Além disso, o conhecimento sobre o solo possibilita um melhor manejo dele, o que também colabora para a realização de práticas agrícolas sustentáveis, visando conciliar preservação ambiental e ganho de eficiência na produção.