Veja quais são as boas práticas na pulverização de defensivos agrícolas para reduzir as chances de deriva e conseguir uma aplicação mais efetiva!
Para alcançar altas produtividades, é necessário o monitoramento constante das áreas de produção.
Isto porque, as plantas daninhas, pragas e doenças tem potencial de limitar bastante o rendimento das culturas.
Assim, uma forma controlá-las é por meio do uso de defensivos agrícolas, também chamados de pesticidas, produtos fitossanitários ou, de acordo com a legislação, agrotóxicos.
Esses produtos se dividem em 6 grupos, são eles:
No entanto, para que não ocorra desperdício de produto e o seu uso traga bons resultados, é necessário que boas práticas sejam empregadas.
Então, confira a seguir quais as boas práticas necessárias, os tipos de aplicação, bicos e tamanhos de gotas recomendados para cada situação.
Antes de tudo, é importante entender o que caracteriza a tecnologia de aplicação de defensivos.
Ela consiste na aplicação de todos os conhecimentos tecnológicos e científicos que proporcionem a correta aplicação de um produto, na quantidade necessária, de forma econômica e com o mínimo de contaminação de outras áreas.
De forma geral, a aplicação de defensivos tem como objetivo atingir o alvo (organismo vivo), controlando, assim a praga, doença ou planta daninha.
E isso sem ocorrer deriva (desvio de rota, ou seja, perda de produto, ocasionada por ventos), e sem que haja contaminações do homem e do meio ambiente.
As tecnologias de aplicação envolvem aspectos relacionados a:
Para bons resultados na aplicação de produtos fitossanitários ou defensivos agrícolas, é necessário que quatro perguntas fundamentais sejam respondidas:
Dessa forma, deve-se escolher um produto que controle o maior número de alvos, por exemplo, as os fungos, visando o menor número de aplicações possíveis.
Os alvos controlados pelos produtos fitossanitários podem ser consultados no Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários (AGROFIT) do Mapa.
Depois de responder essas perguntas, fica muito mais fácil planejar a aplicação.
É importante averiguar se o sistema de agitação do pulverizador está funcionando adequadamente, para que seja feita a homogeneização da a calda, ou seja, deixando-a mais uniforme.
Isso porque, se a agitação for ineficiente, principalmente em suspensões concentradas e com presença de partículas sólidas e densas, estas tendem a se depositar no fundo do tanque. Além disso, as formulações emulsionáveis tendem a migrar para a superfície.
Dessa forma, em ambos os casos a aplicação acaba sendo ineficiente.
Não apenas os filtros de malha muito fina como também muito grossa podem prejudicar a aplicação.
Isso porque, em malhas muito finas, as partículas da formulação (produto) podem ficar retidas na malha do filtro, comprometendo a eficiência da aplicação.
Já em filtros de malha muito grossas as impurezas passam pelo filtro e podem colaborar com o entupimento do sistema.
Neste quesito não existe valor definido, pois, depende sempre do alvo desejado, do tipo de ponta, das condições climáticas, da arquitetura da planta e do tipo de produto.
Assim, é importante utilizar um volume adequado para evitar desperdícios, contaminações ambientais e garantir um menor consumo de produto por hectare.
O tamanho de gotas da ponta é importante para a eficiência da aplicação, por isso, deve-se ajustá-lo conforme a necessidade da pulverização, levando em conta o objetivo, o alvo e a formulação do produto.
As gotas consideradas grandes, maiores que 400 µm são recomendadas em situações de ventos fortes, dependendo do alvo. Isso porque, são menos sujeitas à evaporação e deriva.
Contudo, proporcionam menor cobertura da superfície foliar e maior probabilidade de escorrimento.
Já as gotas médias, de 200-400 µm podem apresentar problemas com a evaporação e deriva por ventos. No entanto, possibilitam maior cobertura do alvo e maior capacidade de absorção pela cultura.
Por fim, as gotas pequenas, menores de 200 µm, são bastante suscetíveis à evaporação e deriva. Em contrapartida, conferem maior cobertura do alvo.
A escolha das pontas ou bico de pulverização é um dos fatores determinantes para o sucesso e qualidade da aplicação e deve ser realizada a partir de uma análise que inclui, por exemplo:
A partir desta escolha, será determinada a vazão da calda, distribuição e tamanho das gotas, bem como a forma do jato e a altura da barra de pulverização.
Além disso, é indispensável saber escolher a ponta mais adequada à pulverização.
Vale destacar que, os principais modelos de pontas incluem: ponta de jato plano e ponta de jato cônico.
Jato plano tipo leque (ou impacto): indicado para alvos planos como o solo, principalmente, na aplicação de herbicidas, fungicidas e inseticidas.
Jato cônico (cone vazio e cone cheio): indicado para alvos irregulares como o dossel (folhas da cultura); além disso, o cone cheio proporciona uma pulverização mais uniforme.
É um ajuste indispensável para evitar que ocorra a deriva, sendo necessário realizar o ajuste do manômetro de acordo com a calibração para a aplicação.
Assim, pressões abaixo do recomendado pelo fabricante da ponta podem resultar na má distribuição do produto pela barra de pulverização, além de posterior má distribuição no campo.
Já pressões acima do recomendado aceleram o desgaste das pontas e aumentam o risco de deriva.
Assim, a aplicação de gotas finas e muito finas em condições climáticas desfavoráveis, como em dias de ventos fortes é o que mais causa deriva.
Isso resulta em desperdício da calda (prejuízos econômicos), bem como ineficiência da aplicação, devido ao produto não atingir o alvo desejado.
Além disso, pode provocar a contaminação do meio ambiente, do homem e causar prejuízos a lavouras próximas, dependendo da cultura cultivada.
Para que as aplicações de defensivos sejam eficientes e não ocorra desperdício e contaminação, é importante sempre monitorar as condições climáticas antes, durante e após a aplicação.
Só se deve realizar a aplicação se a temperatura do ar for inferior a 30ºC, nos momentos mais frescos do dia.
Além disso, a umidade relativa do ar deve ser superior a 50%. Em dias muito secos e com umidade do ar baixa, ocorrerá a evaporação rápida da calda, causando ineficiência na aplicação
A velocidade do vento deve ser, em média, de 3 km/h a 10 km/h. Isso porque, dependendo do tamanho da gota, pode ocorrer a deriva, principalmente quando ela for fina ou muito fina.
As condições ambientais devem permanecer adequadas durante toda a aplicação. Se houver ventos fortes e temperaturas altas a aplicação deve ser suspensa.
Deve-se continuar monitorando as condições climáticas após a aplicação. Isso porque, dependendo do tipo de produto, a ocorrência de chuvas após a pulverização, por exemplo, pode lavar o defensivo usado deixando a planta ‘desprotegida’. Como é o caso com produtos de contato.
Já para os produtos sistêmicos a chuva após a aplicação pode prejudicar a sua absorção pela da planta.
Você sabia que pelo app da BoosterAgro você pode monitorar, de forma gratuita, condições climáticas como temperatura, velocidade do vento e probabilidade chuvas na sua lavoura?
Além disso, é possível saber se o momento é o ideal ou não para realizar a pulverização na sua lavoura!
Em resumo, a aplicação de defensivos é um processo que requer diversos cuidados, incluindo a escolha do bico mais apropriado, dependendo do objetivo, alvo, espécie e tipo de pulverizador usado.
Além disso, o monitoramento das condições climáticas é indispensável para a eficiência da aplicação, pois a depender destas a aplicação pode ou não ser realizada.
E lembre-se, na dúvida, consulte um agrônomo!
Engenheira Agrônoma (UFFS), Mestra em Fitossanidade pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), com área de concentração fitopatologia. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) na área de sanidade vegetal e pós-colheita. Tem experiência nas áreas de fitopatologia, controle de doenças de plantas, grandes culturas, pós-colheita de grãos e sementes e agricultura de precisão.
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