Plantas daninhas no milho: conheça as principais, entenda a importância do seu controle e descubra como realizar o manejo mais adequado
Um dos grandes problemas da agricultura é a capacidade das plantas daninhas de interferirem nas lavouras levando à diminuição da produção.
Isso porque, a sua competição por água, luz, nutrientes e espaço, afeta diretamente o crescimento das plantas de interesse agrícola, principalmente no início do desenvolvimento.
Assim, para um controle eficaz é preciso realizá-lo no momento correto.
Por este e outros motivos, é importante saber identificar as principais plantas daninhas na cultura do milho e reconhecer suas características.
Então, veja a seguir as 5 principais plantas daninhas da cultura do milho, suas características mais marcantes e os principais métodos de controle.
Importância do controle de plantas daninhas no milho
Os principais problemas da presença de plantas daninhas na lavoura é que elas competem com a cultura por luz, água, nutrientes e espaço.
Além disso, esta competição é prejudicial para a produção agrícola, principalmente no início do desenvolvimento das plantas na lavoura, devido a agressividade das daninhas.
Vale destacar que estas plantas são consideradas agressivas, pois:
- Apresentam rápida germinação e emergência;
- Alto aproveitamento de água, devido ao sistema radicular abundante;
- Grande produção de sementes.
Desse modo, se as daninhas não forem controladas no início do estabelecimento da cultura, podem ocorrer falhas de estande, crescimento lento e desuniformidade de plantas.
Além disso, esse controle deve ser efetivo até o fechamento das entrelinhas. Isso porque, após este período, as plantas de milho impedem a chegada de luz no solo, o que limita o crescimento das daninhas.
No entanto, o controle pode voltar a ser necessário no final do ciclo do milho, pois as plantas secam, havendo passagem de luz nas entrelinhas, o que pode favorecer o desenvolvimento das plantas invasoras.
Diante disso, uma das principais ferramentas para o controle destas plantas em grandes áreas é o uso de herbicidas.
No entanto, é necessário realizar o planejamento das aplicações e o acompanhamento da lavoura para saber o momento ideal para a pulverização.
Desse modo, conhecer as principais plantas daninhas que afetam a produção de milho torna o planejamento mais eficiente, o controle mais adequado, além de diminuir o banco de sementes destas plantas na área.
Principais plantas daninhas na cultura do milho
Pela cultura do milho ser uma gramínea, é importante controlar, antes do plantio e emergência da cultura, as gramíneas infestantes na área, pois alguns herbicidas não podem ser utilizados após a semeadura.
Entretanto, algumas daninhas se destacam na cultura milho, sendo gramíneas ou não, devido ao difícil controle, alta agressividade e grande banco de sementes presente no solo.
Vale ressaltar que cada região de cultivo de milho pode apresentar outras plantas daninhas de difícil controle, abaixo são apresentadas as cinco principais, de modo geral, para a cultura do milho.
1. Buva (Conyza sp.)
A buva é uma das plantas daninhas de mais difícil controle e está presente em todo território nacional, causando problemas em diversas plantas cultivadas, inclusive no milho.
São plantas de porte ereto, de ciclo anual, com produção de sementes disseminadas pelo vento, apresentando alta agressividade competitiva no início de ciclo.
Outro problema é sua presença no final do ciclo do milho segunda safra, que irá afetar a produção da cultura da soja em sequência.
Esta planta daninha é preocupante por ser resistente ao glifosato, com alguns casos de resistência ao 2,4-D e clorimurom.
Herbicidas que podem controlar a buva em pós emergência do milho é a atrazina com tembotrione. E, se o milho for Liberty Link, o glufosinato de amônia se torna uma opção de controle.
Por ser uma planta daninha importante no final do ciclo do milho, o consórcio milho e braquiária pode ser uma forma de realizar o seu controle.
Isso porque, com o consórcio, no final do ciclo as plantas de braquiária se desenvolveram nas entrelinhas do milho, limitando o crescimento da buva.
2. Capim-amargoso (Digitaria insularis)
Outra planta daninha que causa preocupação é o capim-amargoso, pois apresenta resistência ao glifosato, dificultando seu controle em pós emergência do milho.
É uma planta que pode atingir 1,5 m de altura, forma touceiras na área, sendo propagada por sementes ou rizomas.
Os rizomas ajudam a recuperação das plantas após a aplicação de herbicida. Assim, é importante realizar o controle do amargoso quando este ainda apresenta 2 a 3 perfilhos.
Por ser uma gramínea, seu controle nas lavouras de milho é limitado, e por isso, é importante fazer um bom manejo antes da semeadura da cultura.
3. Capim-pé-de-galinha (Eleusine indica)
O capim-pé-de-galinha é uma espécie de ciclo anual, com reprodução via semente, que são dispersas pelo vento.
É uma planta que além de causar danos devido à sua competitividade, também é hospedeira do vírus do mosaico listrado do milho.
Apresenta resistência ao glifosato e alguns graminicidas como o fenoxaprop e haloxyfop.
Assim como para o capim-amargoso, para o controle ser efetivo é necessário que a aplicação seja realizada quando as plantas de capim-pé-de-galinha ainda forem pequenas, ou seja, com 2 perfilhos.
Desse modo, nas áreas com presença desta planta, o monitoramento deve ser constante.
4. Amendoim bravo ou leiteiro (Euphorbia heterophylla)
O leiteiro é uma planta herbácea, de ciclo anual e reprodução via sementes, chegando a produzir 490 sementes por planta, que permanecem viáveis no solo por vários anos.
É uma planta altamente competitiva por nutrientes, conseguindo ter melhor aproveitamento do que a cultura do milho.
Esta planta daninha vem sendo controlada com eficiência pelo glifosato, entretanto, já há relatos de resistência a este herbicida, o que a coloca como uma das principais daninhas na produção de milho.
5. Picão-preto (Bidens sp.)
O picão-preto, assim como o leiteiro, é uma planta para ficar atento no manejo na área de produção.
Mesmo havendo resistência a alguns herbicidas, o controle desta planta daninha ainda é eficiente com uso do glifosato em milho RR.
Entretanto, já existem relatos no Paraguai de resistência do picão ao glifosato, o que torna mais rigoroso o sistema de manejo, a fim de evitar a resistência em novas áreas.
Desse modo, associar medidas de controle é uma ferramenta fundamental para evitar a resistência e problemas no controle desta planta daninha.
Outras plantas daninhas nas lavouras de milho
Além destas plantas daninhas, em algumas regiões as seguintes invasoras podem prejudicar as plantas de milho, no início e final de ciclo:
- Trapoeraba (Commelina spp.)
- Caruru (Amaranthus spp.)
- Capim colchão (Digitaria horizontalis)
- Corda-de-viola (Ipomea sp.)
A corda-de-viola, por exemplo, pode causar prejuízos ao final do ciclo do milho. Isso porque, o seu crescimento dificulta a colheita da cultura e pode resultar em perdas operacionais e de produção.
Com realizar o manejo das plantas daninhas nas lavouras de milho?
O controle químico é o principal método de controle das plantas invasoras, principalmente em grandes áreas.
Assim, a escolha correta do herbicida depende:
- Das plantas que precisam ser controladas;
- Se o momento da aplicação é em pós ou pré emergência;
- E se o produto tem efeito residual no solo.
Além disso, é de extrema importância seguir corretamente as indicações da bula dos produtos, não aplicando doses menores e nem maiores do que a recomendada.
Outro ponto importante é rotacionar o princípio ativo, para evitar que ocorra a resistência das plantas daninhas a determinados produtos.
Porém, nem sempre os herbicidas apresentam controle total, assim, realizar o Manejo Integrado de Plantas Daninhas (MIPD) é uma prática importante para controlar e erradicar as plantas indesejáveis na lavoura.
Manejo Integrado de Plantas Daninhas (MIPD)
O MIPD tem como base a prevenção, ou seja, são cuidados que devem ser realizados para evitar que determinada planta daninha, que ainda não está presente, chegue na área de produção. Para isso, a limpeza de maquinários é essencial!
Com a presença das plantas indesejadas na área, o manejo integrado visa a junção dos controles químico, mecânico, cultural e biológico.
- Químico: é o uso de herbicidas, como já mencionado;
- Mecânico: é o uso de roçadeiras, operações de preparo do solo ou arranquio de plantas;
- Cultural: qualquer manejo realizado para favorecer o estabelecimento e crescimento da cultura sem a presença de plantas daninhas, como, por exemplo, realizar o cultivo de plantas de cobertura para formação de palhada;
- Biológico: por meio dp uso de bactérias, fungos e insetos que regulam a instalação e crescimento das plantas daninhas.
Aliar algumas, ou todas estas práticas de manejo reduz o banco de sementes das plantas invasoras no solo, dificulta a emergência das plantas daninhas e reduz o número de aplicações de herbicidas na área.
Assim, é possível ter maior sustentabilidade do sistema, redução de custos e aumento da rentabilidade da lavoura.
Conclusão
Em resumo, neste artigo vimos que as plantas daninhas da cultura do milho podem prejudicar, e muito, o desenvolvimento das lavouras afetando a produção.
Assim, para o controle adequado destas daninhas, é fundamental conhecê-las e entender o seu comportamento.
Apesar deste controle ser realizado, quase sempre, por meio da aplicação de herbicidas, também é importante empregar outros métodos, como o Manejo Integrado de Plantas Daninhas na lavoura.
Dessa forma, é possível controlar as daninhas na cultura do milho, como nas culturas seguintes.
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