Doenças da espiga no trigo: saiba como identificá-las e como realizar um manejo eficiente para evitar o seu aparecimento e disseminação, principalmente no caso da brusone e da giberela!
As doenças nas espigas do trigo, como a brusone a giberela, têm causado enormes prejuízos, afetando tanto a produção em termos de quantidade como também de qualidade.
Estas doenças são responsáveis diretamente pelo aumento dos custos com o controle de doenças e pela perda de peso, resultante da má formação dos grãos.
Além disso, influenciam na qualidade dos grãos de trigo que podem até ser inviabilizados para o consumo, devido às micotoxinas.
Pensando nisso, neste artigo vamos conhecer as doenças na espiga do trigo, em quais situações causam maiores prejuízos e como manejá-las para garantir ótimos rendimentos na sua lavoura.
Venha conferir!
A princípio, o cultivo do trigo se limitava às regiões do Sul do Brasil.
Contudo, os novos cultivares e as técnicas de manejo que foram desenvolvidas possibilitaram sua expansão para outras regiões.
Atualmente, a produção brasileira de trigo está concentrada, principalmente, na região Sul e Sudeste, conforme os dados abaixo.
O potencial produtivo de trigo no Brasil é bem animador! Pois, dependendo do cultivar utilizado, da região produtora e dos manejos praticados, o rendimento pode chegar a 6.136 kg/ha.
Conhecer as fases fenológicas do trigo é fundamental.
Além de direcionar os tratos culturais, conforme a necessidade de cada etapa do desenvolvimento das plantas, possibilita o manejo certeiro das doenças!
A ocorrência de doenças, por exemplo na fase de afilamento, ou seja, perfilhamento das plantas de trigo, pode afetar diretamente o potencial de produção da lavoura.
Por outro lado, na fase de espigamento, os riscos relacionados às doenças de espiga são tão grandes que podem comprometer todo o manejo já realizado.
Os estádios de desenvolvimento das plantas de trigo podem ser descritos por duas escalas: a de Feekes (1941) (mais generalista) e a de Zadoks e colaboradores (1974) (mais detalhada).
Veja abaixo as fases fenológicas do trigo, comparando essas duas escalas.
Para conhecer especificamente cada fase dessas escalas clique aqui.
Assim, entendendo a fenologia do seu cultivar, o próximo passo é identificar as doenças para manejá-las corretamente.
As principais doenças que ocorrem no trigo são causadas por vírus, bactérias e, especialmente, por fungos.
Esses patógenos podem atacar as diferentes partes das plantas e ocorrer em diversas fases de desenvolvimento da cultura. As doenças mais importantes que ocorrem na triticultura brasileira são:
No entanto, a ocorrência e a intensidade de cada doença podem variar conforme a região produtora, o ano agrícola, dentre outros aspectos.
Ou seja, os prejuízos decorrentes dessas doenças na lavoura não são sempre os mesmos. Cada safra é uma safra!
Para que as doenças ocorram é necessário a interação do patógeno, hospedeiro e ambiente, conhecido como “Triângulo da Doença” (Amorim e colaboradores, 2018).
Em outras palavras, a doença ocorrerá se existir patógeno na área, cultivar suscetível e condições ambientais favoráveis.
Isso pode ser exemplificado, principalmente, pela incidência de brusone e giberela que têm causado enormes preocupações à produção de trigo.
Essas duas doenças fúngicas que causam danos às espigas do trigo são consideradas de difícil controle.
E, por isso, podem causar enorme impacto na produção!
As perdas variam conforme o cultivar utilizado, os fatores climáticos na região do cultivo e as estratégias de controle adotadas.
Podem até gerar dúvidas na hora de serem reconhecidas em campo, mas são causadas por patógenos diferentes e, por isso, é tão importante acertar na hora da identificação.
Foi relatada a primeira vez em trigo no Brasil, em 1985, no Paraná e, a partir daí, já foi encontrada em SP, MS, RS e GO.
É causada pelo patógeno Magnaporthe grisea, fase assexuada Pyricularia grisea.
Pode atacar todas as partes aéreas das plantas, desde os estágios iniciais de desenvolvimento até a fase final de produção de grãos.
No entanto, quando ocorrem nas espigas representa a forma mais destrutiva dessa doença.
Isso porque, no ponto de infecção do fungo, ocorre um estreitamento da espiga, o que impede a passagem dos nutrientes para os grãos.
Os prejuízos aparecem na perda de rendimento, com redução no peso dos grãos e maior número de espiguetas vazias.
No Brasil, o primeiro relato em trigo foi em meados de 1940, no Rio Grande do Sul.
É causada pelo fungo Gibberella zeae, fase assexuada Fusarium graminearum.
Também é altamente influenciada pelas condições ambientais! E pode ocorrer a partir do espigamento até o enchimento dos grãos.
Além da drástica redução de rendimento, compromete a qualidade dos grãos, e atrapalha não só na comercialização interna, mas também na externa do trigo!
Esse fungo produz micotoxinas, substâncias altamente tóxicas (por exemplo, a deoxinivalenol – DON).
Temperaturas elevadas (entre 24 ºC e 28 ºC) com alta umidade relativa (chuvas, irrigação ou orvalho) na fase de espigamento são agravantes para a infecção.
Isso porque, essas condições possibilitam a penetração do patógeno nas plantas!
Portanto, é fundamental adotar as seguintes estratégias para manejo da Brusone:
A infecção ocorre com temperaturas em torno de 20º a 25ºC com períodos contínuos de molhamento, maiores que 48 horas.
Essas condições possibilitam que os esporos presentes no ar se depositem nas anteras e germinem, colonizando a espiga.
Portanto, é muito importante realizar a combinação das seguintes estratégias para o manejo da Giberela:
Inspecionar as plantas diariamente e monitorar as condições climáticas na lavoura, com toda a certeza, fazem parte da estratégia de manejo.
Deve-se verificar atentamente a presença de sinais (estruturas) dos patógenos, conforme mostra a figura abaixo.
As condições climáticas são determinantes para o progresso da giberela e da brusone.
Na região Sul do Brasil, por exemplo, quando se têm períodos mais secos o desenvolvimento da giberela não é favorecido.
Por outro lado, quando coincide o período de espigamento, na primavera, com temperaturas elevadas e períodos chuvosos, os riscos de epidemias de giberela são altíssimos.
Já nas regiões do MS, SP, Cerrado e no norte do Paraná, a brusone é responsável por grandes epidemias.
Excesso de chuvas, principalmente durante o espigamento, é crucial para ocorrência de brusone na safra.
Para auxiliar nesse manejo, você pode acessar o SISALERT, bem como obter os dados climáticos específicos de suas áreas de cultivo.
Dessa forma, torna-se indispensável acompanhar os fatores e os elementos climáticos da região de cultivo. E você, produtor, pode fazer isso a partir das soluções da BoosterAgro clicando aqui.
Nesse artigo você conheceu sobre a importância da brusone e giberela em trigo, denominadas, também, como doenças de espigas.
Viu que podem comprometer a produtividade e a qualidade dos grãos da lavoura, sendo doenças de difícil controle.
Além disso, percebeu que são altamente influenciadas pelas condições climáticas na região do cultivo, podendo variar conforme a safra.
Dessa forma, o manejo deve ser composto por diferentes estratégias, não somente a adoção de uma única medida para o controle eficiente desses patógenos.
Referências
AMORIM, L.; REZENDE, J. A.; BERGAMIN-FILHO, A. Manual de fitopatologia: princípios e conceitos. v. 1, 5ª ed São Paulo: Agronômica Ceres, 2018, 573 p.
FEEKES, W. De tarwe en haar milieu [Wheat and its environment]. Verslagen van de Technische Tarwe Commissie, v. 17, p. 523-888, 1941.
ZADOKS J.C.; CHANG, T.T.; KONZAK, C.F. Decimal code for growth stages of cereals. Weed Research, v.14, p. 415-421, 1974.
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Engenheira Agrônoma, formada pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), mestre e doutora em Fitotecnia pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ/USP).
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