Caruru nas lavouras de soja: veja quais são as espécies e como diferenciá-las, e conheça seus danos, distribuição, manejo, entre outras informações importantes.
As plantas daninhas causam grandes prejuízos às culturas comerciais, pois além da competição, costumam apresentar melhor capacidade de adaptação.
O caruru é uma destas daninhas, que ocorre em diversas regiões produtoras de soja, em nosso país e no mundo.
No Brasil, algumas espécies de caruru vêm preocupando os produtores, visto que apresentam resistência e difícil controle.
Assim, para ter uma boa estratégia de controle alguns pontos são importantes, como reconhecer corretamente a espécie presente em sua área.
Venha conferir, neste texto, algumas informações que te ajudarão a reconhecer e manejar estas plantas na sua lavoura!
Características do caruru e sua importância em áreas de soja
O caruru é uma planta daninha pertencente ao gênero Amaranthus, e existem cerca de 6 tipos de caruru de importância nas lavouras brasileiras:
- Caruru-roxo: Amaranthus hybridus var. paniculatus;
- Caruru-branco: A. hybridus var. patulus;
- Caruru-gigante: A. retroflexus;
- Caruru-rasteiro: A. deflexus;
- Caruru-de-mancha: A. viridis;
- Caruru-de-espinho: A. spinosus.
A mais recente espécie de caruru introduzida no Brasil, em 2015, foi o Amaranthus palmeri, que tem deixado os produtores em alerta.
O gênero Amaranthus tem como característica o rápido desenvolvimento das plantas, que são herbáceas de ciclo anual e possuem poucas diferenças entre as espécies, o que torna difícil identificá-las corretamente.
Atenção!
Para te ajudar, veja algumas características de cada espécie a seguir:
– O caruru-roxo tem como característica a coloração roxa no caule e pecíolos, além de sua inflorescência ser roxa.
– Já o caruru-branco se diferencia do caruru-roxo por sua inflorescência ser de coloração esverdeada, pois o caule e pecíolo podem ou não apresentar coloração arroxeada.
– A coloração avermelhada das raízes e na base do caule é uma característica marcante do caruru-gigante, além de apresentar caule grosso e anguloso, e medir até 1,8 m de altura.
– Para o caruru-rasteiro, como o próprio nome indica, tem porte mais prostrado, não ultrapassando 40 cm de altura. Esta espécie é encontrada em pomares, pois preferem áreas úmidas, férteis e toleram o sombreamento.
– O caruru-de-mancha apresenta no centro da lâmina foliar uma mancha de coloração violácea.
– Os espinhos são característicos do A. spinosus, onde são encontrados dois espinhos na base de cada pecíolo.
– A. palmeri é o caruru de maior altura, podendo atingir 2 metros, assim sua inflorescência pode medir até 60 cm. Outra característica é que as folhas são menores ou iguais em tamanho dos pecíolos, principalmente em folhas mais velhas.
Além disso, outro ponto que ajuda a reconhecer algumas espécies como caruru-roxo, caruru-branco, caruru-rasteiro e caruru-gigante, é a presença de pilosidade em ramos de plântulas jovens, que só ocorrem nestas espécies.
Estas são algumas características marcantes entre as espécies de caruru, mas há outras diferenças entre cada uma, veja na tabela abaixo:
Em resumo, as espécies de Amaranthus hybridus, A. palmeri, A. retroflexus e A.viridis tem se destacado das demais por apresentarem resistência aos herbicidas, além de serem as principais em áreas de soja.
Porque as plantas de caruru são de difícil controle?
As áreas produtoras de soja vêm enfrentando desafios relacionados ao controle das plantas daninhas.
As espécies de Amaranthus ocorrem em diversas regiões brasileiras, e se espalham cada vez mais devido sua alta taxa de reprodução, assim como sua adaptabilidade climática e resistência aos herbicidas.
Além disso, estas plantas daninhas são plantas C4, ou seja, tem o mecanismo fotossintético mais vantajoso em relação às C3, como é o da soja. Isso confere maior adaptação em ambientes quentes e úmidos, o que faz com que essas daninhas se desenvolvam melhor.
Desse modo, essas daninhas, além de competirem por luz, espaço, nutrientes e água, ainda conseguem converter com maior eficiência estes recursos em seu crescimento.
Outro ponto a ser considerado, é o banco de sementes que estas plantas têm no solo. Isso porque, elas têm a capacidade de produzir de 100 mil a 1 milhão de sementes, conseguindo dispersar de diferentes modos, como: pássaros, água, maquinários, entre outros.
Dentre as espécies de caruru, podemos destacar nas lavouras de soja o Amaranthus palmeri.
Esta espécie tem sido um grande problema, pois as sementes introduzidas no Brasil já apresentavam resistência a dois mecanismos de ação: aos inibidores da Acetolactato Sintase (ALS), como imazethapyr; cloransulam, diclosulam, e aos inibidores da EPSPS, como glifosato.
Hoje, já se sabe que essa espécie apresenta vários tipos de resistência simples e múltipla em diversos países.
O A. hybridus no Brasil, por exemplo, apresenta resistência múltipla para os mesmos mecanismos de ação do A. palmeri.
Desse modo, é importante saber qual a espécie presente na área e saber reconhecê-la ainda pequena, para que seu controle seja efetivo.
Danos desta planta daninhas nas lavouras
O controle do caruru vem sendo grande um desafio, principalmente, devido à sua resistência a alguns herbicidas.
Assim, estas espécies de daninhas, por apresentarem um rápido crescimento, afetam as plantas da soja devido à sua maior competição por espaço, luz, água e nutrientes.
Estudos mostram que para a cultura da soja, a presença de A. palmeri, pode ocasionar perdas de 79% de produtividade.
Além de afetar a produção pela competição direta, estas plantas afetam indiretamente a lavoura, pois são hospedeiras de pragas e doenças que afetam a soja.
Um exemplo é a reprodução de nematoides nas raízes destas plantas daninhas.
Se o controle não for realizado na época correta e no momento da colheita houver a presença de caruru na lavoura, principalmente de A. palmeri, dependendo da densidade de plantas, a colheita mecânica se torna inviável.
Isso ocorre, porque a planta adulta desta espécie de caruru fica grande com caule grosso e fibroso, o que causa danos na colhedora.
Por isso, é importante ficar atento às medidas de controle, a fim de evitar perdas na produção entre outros prejuízos.
Dicas para manejar o caruru nas áreas de plantio de soja
Evitar a entrada de caruru na sua área é o melhor manejo!
Para isso, se alguma área não tem a presença de caruru, principalmente o A. palmeri, e outra área de plantio tem, sempre limpe os maquinários e implementos antes de mudar de área.
As sementes de caruru são pequenas e facilmente transportadas por máquinas e implementos.
Caso na área já ocorra a presença de alguma espécie, é importante saber identificar corretamente qual é a espécie, para que o controle seja eficiente.
Além disso, adotar o manejo integrado de plantas daninhas (MIPD) é fundamental para reduzir o banco de sementes e evitar resistência aos mecanismos de ação dos herbicidas.
Veja algumas práticas importantes de serem adotadas:
- Rotação de culturas, para evitar utilizar os mesmos herbicidas;
- Rotação de mecanismos de ação dos herbicidas, evitar utilizar o mesmo mecanismo de controle;
- Utilizar plantas de cobertura, o que dificulta a germinação das sementes de plantas daninhas, pois são um impedimento físico, de luz e temperatura para as estas sementes;
- Também é possível fazer o arranquio manual;
- Controlar as plantas daninhas em canais de irrigação e em beiras de estradas, para evitar infestação em áreas próximas;
- Utilizar herbicidas como forma de controle químico, em pré-emergência e pós emergência.
Para realizar o controle químico correto, é importante conhecer a espécie presente na área, devido a resistência que algumas espécies de Amaranthus apresentam.
Se houver grande pressão de plantas de caruru na área, uma alternativa é o revolvimento do solo. Entretanto, esta prática somente coloca as sementes em maior profundidade, podendo manter a sua viabilidade.
Conclusão
Neste artigo vimos que o caruru nas lavouras de soja afeta ora diretamente, ora indiretamente a produção.
Em resumo, existem várias espécies de caruru e, por isso, é importante saber diferenciá-las, principalmente nos estádios iniciais de desenvolvimento.
Além disso, para controlar de modo mais adequado e eficiente, é necessário aliar diferentes métodos de controle.
Prevenir é a melhor forma de obter altas produtividades, mas, se não for possível, controlar na época adequada, com as plantas ainda pequenas é fundamental!
Referências
CARVALHO, S. J. P.; BUISSA, J. A. R.; NICOLAI, M.; LÓPEZ-OVEJEROP, R. F.; CHRISTOFFOLETI, P. J. Suscetibilidade diferencial de plantas daninhas do gênero Amaranthus aos herbicidas trifloxysulfuron-sodium e chlorimuron-ethyl. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pd/a/sHWzvXyZ8BCXzT3Pq3JV5dS/?lang=pt
LEGLEITER, T.; JOHNSON, B. Palmer Amaranth Biology, Identification, and Management. Disponível em: https://www.extension.purdue.edu/extmedia/WS/WS-51-W.pdf