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Como controlar a cigarrinha-do-milho

Cigarrinha-do-milho: como reconhecer este inseto, qual a sua importância na cultura do milho, quais danos causa, entre outras informações.

Alguns insetos são os responsáveis por serem vetores de doenças que acometem as culturas agrícolas.

Às vezes, dependendo da situação, os danos diretos são pequenos se comparados com os danos indiretos, pela transmissão de patógenos.

A cigarrinha-do-milho, por exemplo, é um destes insetos que, ao se alimentar, transmite para a planta patógenos que causam sérios prejuízos em seu desenvolvimento na produção da lavoura.

Você sabe reconhecer esse inseto? Sabe de qual doença ele é o vetor? E como e quando é necessário realizar o controle?

Neste artigo, você poderá se informar e esclarecer muitas dúvidas sobre o tema. Venha conferir!

Importância da cigarrinha-do-milho

A cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis) tem grande importância na cultura por ser o inseto-vetor de três doenças que afetam o desenvolvimento e produção do milho.

O enfezamento vermelho e o enfezamento pálido são as principais doenças e, além destas, a cigarrinha também pode transmitir a virose do raiado fino.

A transmissão destes patógenos acontece no momento em que a cigarrinha se alimenta das plantas de milho.

Ao se alimentarem do floema de uma planta infectada, a cigarrinha adquire estes patógenos que, após um período de multiplicação dentro do inseto, passam a ser transmitidos para o floema de outras plantas conforme a cigarrinha vai se alimentando delas.

Outro ponto importante é a reprodução da cigarrinha, que só ocorre no cartucho de plantas de milho.

Desse modo, pela produção de milho praticamente o ano todo, em safra e safrinha, estas doenças têm se tornado uma grande preocupação dos produtores desta cultura.

Para entender melhor sobre a importância deste inseto-vetor veja os sintomas causados por pelas doenças que ele transmite para o milho.

Enfezamento vermelho

O patógeno que causa esta doença é um fitoplasma que infecta o floema das plantas de milho.

Como o nome da doença diz, as folhas de milho ficam avermelhadas, primeiro nas margens e ápice da folha e, logo após, o avermelhamento avança até as folhas ficarem secas.

Os sintomas aparecem, geralmente, no estádio de enchimento dos grãos, afetando o crescimento da espiga e dos grãos, que ficam pequenos e chochos, pois não ocorre o enchimento completo.

Assim, as plantas infectadas secam rapidamente, levando à sua morte precoce, o que reduz a produtividade da lavoura.

Sintomas de enfezamento vermelho no milho, transmitido pela cigarrinha
Sintomas de enfezamento vermelho no milho (Fonte: Embrapa)

Enfezamento pálido

O patógeno que causa esta doença é um espiroplasma denominado Spiroplasma kunkelii que infecta o floema das plantas de milho.

Assim, as folhas podem apresentar sintomas variáveis dependendo da idade da planta e do nível de resistência a esta doença.

Pode ocorrer desde estrias esbranquiçadas de modo irregular, ao amarelecimento total da planta, até o avermelhamento nas folhas apicais.

Dessa forma, acontece uma interferência no crescimento da planta e ela fica pequena, fraca e seca rapidamente. Por fim, isso afeta o crescimento da espiga e dos grãos, que ficam com seu enchimento comprometido.

Sintomas de enfezamento pálido
Sintomas de enfezamento pálido no milho. (Fonte: Embrapa)

Virose do raiado fino

É causada pelo vírus denominado maize rayado fino virus (MRFV), que é transmitido pela cigarrinha-do-milho, sendo conhecida também como virose-da-risca.

Diferente dos enfezamentos, os sintomas da virose já aparecem nas plantas jovens, como pequenos pontos cloróticos na base e ao longo das nervuras das folhas.

O nome de risca é devido a junção dos diversos pontos cloróticos presentes nas folhas, formando riscas brancas.

Assim, as plantas infectadas sempre apresentam sintomas, afetando o tamanho das espigas e grãos.

Sintomas da virose do raiado fino
Sintomas da virose do raiado fino (Fonte: Embrapa)

Em resumo, os danos diretos causados pela cigarrinha são insignificantes, se comparado aos danos indiretos devido a transmissão destes patógenos.

Como identificar a cigarrinha-do-milho nas lavouras? 

A cigarrinha-do-milho é um inseto sugador, que na fase adulta pode medir entre 3 a 4 mm de comprimento.

Sua coloração é de branca a palha e como característica apresenta duas manchas circulares pretas no alto da cabeça.

Cigarrinha do milho
Cigarrinha-do-milho, setas indicando as manchas pretas características deste inseto (Fonte: Embrapa)

O desenvolvimento desta praga ocorre somente nas plantas de milho, e sua reprodução ocorre, principalmente, no interior do cartucho.

As fêmeas colocam de 400 a 600 ovos com coloração amarelada. Geralmente, eles são encontrados nas nervuras centrais das folhas do cartucho.

Vale destacar que, em temperatura abaixo de 20°C não há eclosão dos ovos, que ficam viáveis até atingir temperatura 26 a 28°C, em condições de clima ideais. Ademais, o período entre a oviposição e a eclosão dura entre 8 a 10 dias.

Logo após a eclosão, as ninfas tendem a permanecer com os adultos no interior do cartucho, levando 15 dias para se tornarem indivíduos adultos.

Além disso, a temperatura influencia no ciclo de vida da cigarrinha-do-milho, sendo as condições ideais acima de 25°C e alta umidade.

Desenvolvimento da cigarrinha do milho
Desenvolvimento da cigarrinha-do-milho: A) ovo; B) nifas e C) ninfas presentes no interior do cartucho de plantas de milho (Fonte: Embrapa)

Danos e perdas causados pela ocorrência de cigarrinha-do-milho

Como visto, o maior dano ocasionado pela cigarrinha-do-milho é indireto, ou seja, pela transmissão de patógenos que causam sérios prejuízos à cultura.

Além disso, as condições climáticas brasileiras são um fator que favorece o desenvolvimento da praga, e devido sua migração a longas distâncias, há maior facilidade de disseminação destas doenças a outras áreas.

Outra informação importante é que, logo após a cigarrinha-do-milho adquirir os patógenos responsáveis por causar o enfezamento pálido e vermelho, estes insetos se tornam transmissores destas doenças por toda vida.

Avaliando os danos causados por estas doenças, Massola Júnior verificou que mais de 60% da produção pode ser comprometida, devido a diminuição do peso e tamanho dos grãos.

Já, de acordo com Toffanelli e Bedendo, o enfezamento ainda reduz em até:

  • 35% a altura de plantas
  • 98% na produção de grãos
  • 72% no tamanho de espigas
  • 50% no número de fileiras/espiga 
  • 98% no número de grãos/espiga.

Estes mesmos autores estudaram a quantidade de infestação da cigarrinha na cultura do milho e verificaram que se o inseto presente na área não tiver estes patógenos, ou seja, não tem a presença do fitoplasma e do espiroplasma na área, não ocorre interferência na produção das espigas.

No entanto, se os insetos são vetores destes patógenos, quanto maior a presença deles na área, maior serão os danos observados nas espigas, como é se pode notar na imagem abaixo.

Efeito da população de cigarrinha do milho sadias e infectadas com fitoplasma
Efeito da população de cigarrinha-do-milho sadias (espigas circuladas em verde) e infectadas (espigas circuladas em vermelho) com fitoplasma (Fonte: Toffanelli)

Manejo para controlar a cigarrinha-do-milho

Os enfezamentos que ocorrem na cultura do milho geram grandes perdas de produção se não controlados adequadamente.

O período de maior atenção é nas fases iniciais da cultura, ou seja, no período vegetativo. Isso porque, é neste momento que ocorre a infecção, em outras palavras, a transmissão dos patógenos para a planta por meio do inseto-vetor, a cigarrinha.

Assim, algumas práticas de manejo são recomendadas para o controle destas doenças transmitidas pela cigarrinha-do-milho.

Semeadura

Evitar semear em áreas próximas a locais com alta incidência de enfezamento pálido ou vermelho, evitando a migração da cigarrinha-do-milho e a continuação do seu ciclo.

Assim, para saber se na sua região há ocorrência deste inseto-vetor e da doença, algumas tecnologias podem te ajudar.

O aplicativo BoosterAgro, por exemplo, te fornece, entre outras informações, o alerta de pragas, que mostra no mapa os alertas de insetos, ervas daninhas e doenças.

Estas informações são inseridas por meio de colaboração de outros usuários. E então, você, se constatado a presença desta e outras pragas na sua área, pode ajudar outros produtores, inserindo e coletando informações pelo aplicativo. 

Para saber mais sobre este e outros benefícios oferecidos pela BoosterAgro, clique aqui!

Híbridos de milho

Utilizar híbridos resistentes a estas doenças, realizando também a rotação destes híbridos evitando a quebra de resistência.

Tratamento de sementes

Realizar tratamento de sementes com inseticidas para controlar a cigarrinha nas fases iniciais do desenvolvimento da cultura.

Controle químico da cigarrinha-do-milho

Se constatado a presença de cigarrinha-do-milho na lavoura, realizar aplicação de inseticidas para reduzir a população deste inseto.

Controle de plantas tiguera

Como as cigarrinhas precisam do milho para sobreviver, a eliminação de plantas voluntárias é necessária, para evitar a continuidade desta praga na área.

Rotação de culturas

Com o milho sendo produzido praticamente o ano todo, na primeira e segunda safra, é recomendado rotacionar esta cultura durante os anos, evitando multiplicar o vetor das doenças de enfezamento.

Conclusão

Neste artigo vimos que a cigarrinha-do-milho é um inseto de importância na cultura do milho devido seus danos indiretos.

Em resumo, o enfezamento vermelho e pálido prejudicam o desenvolvimento da cultura e sua produtividade, sendo transmitidos pela cigarrinha.

Além disso, vimos também que este inseto-vetor precisa da planta de milho para reproduzir e se desenvolver.

por isso, é necessário adotar medidas preventivas e efetivas de controle deste vetor. Pois os danos causados são grandes, caso a população do inseto na área não seja controlada.

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REFERÊNCIA

JULIO, G. M. F.; SILVA., D.D.; ALBUQUERQUE FILHO, M. R.; COTA, L. V.; Costa, R.V.; SANTOS, F. C.. Genótipos, doses e fontes de nitrogênio na severidade do enfezamento do milho. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, 2017, Belém. Amazônia e seus solos: peculiaridades e potencialidades, 2017. Disponível em: https://www.alice.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/1086620/1/Genotiposdoses.pdf

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