A formação de preço do milho é influenciada, sobretudo, pelo mercado global, mas os fatores interno, como custo de produção e logística, fazem o preço oscilar
A formação de preço do milho no Brasil sofre influência cada vez maior de fatores externos, mas também climáticos, como no momento atual, de intensa seca e geada.
O milho é cultivado em praticamente todo o país e apresenta um mercado nacional com bastante volatilidade, devido às características regionais das áreas de produção.
No cenário global, o Brasil é o terceiro maior produtor mundial de milho, com produção de mais de 100 milhões de toneladas em 2020 – só perde para Estados Unidos e China.
Diante de um mercado tão competitivo, saber como ocorre a formação de preço do milho é essencial para desenvolver estratégias de negociação e obter maiores lucros. Confira!
O Brasil teve produtividade média de milho próxima de 100 sacas de 60 kg por hectare na safra 2019/2020, de acordo com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
Por conta dessa alta produtividade, uma das melhores do mundo, a produção no Brasil tem excedentes que precisam ser exportados.
E, assim, cria-se uma forte relação entre as cotações do produto no mercado nacional e internacional.
O objetivo dessa interação é antecipar tendências de preços que auxiliam na decisão sobre a comercialização.
A produção anual de milho no Brasil é dividida em três safras que vão de janeiro a setembro – a colheita ocorre entre 90 a 120 dias, a depender da variedade:
Além disso, o nível de produtividade de cada safra depende do nível de tecnologia empregado, das práticas de manejo no campo e das condições climáticas de cada região.
De acordo com dados do Ipea, desde os anos 1990 o Brasil tem visto um salto na produtividade de milho, sem que fosse necessário crescer a área plantada na mesma proporção.
Veja os dados abaixo:
O milho é a segunda cultura mais importante na agricultura brasileira; perde apenas para a soja. Ele é comercializado em grãos (in natura), mas é utilizado para diversos fins alimentícios, sobretudo ração animal (com destaque para aves e suínos).
A expansão do grão no Brasil aconteceu devido à adoção de novas tecnologias que permitiram o país ter uma segunda safra, a qual muitas vezes contribui mais que a primeira para o aumento da produção.
Assim, o milho representa, atualmente, entre 30% a 40% da produção de grãos no Brasil e é o cereal mais produzido no mundo.
Veja as principais influências no preço do milho nos mercados interno e externo.
No Brasil, a base para formação de preços no contrato futuro na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), conhecida como B3, é Campinas/SP. Os preços são em reais por sacas de 60 kg.
Em geral, os agentes financeiros buscam paridade entre os preços externos com os internos da saca, contudo há diversos fatores que influenciam no mercado nacional:
A formação dos preços do milho, no mercado externo, sofre influência das cotações na CBOT (a Bolsa de Valores de Chicago – EUA).
O dólar comercial, custos com frete e taxas portuárias, além do prêmio de exportação também fazem diferença nos preços do milho.
Na CBOT, os preços estão em centavos de dólar por bushel (1 bushel = 25,4 kg de milho). Além disso, para vendas à vista, a referência é o primeiro mês cotado.
O prêmio de exportação também varia por mês, e ele é chamado de FOB de exportação. O FOB (sigla de “livre a bordo”, na tradução direta) é quando o comprador paga os custos do frete e seguro da mercadoria.
Ao somar os valores (cotação + prêmio) e convertê-los em dólar/tonelada (US$/t), obtém-se a receita bruta. Também é possível converter essa receita bruta em Real, conforme a cotação do dia.
Entra ainda na formação do preço o custo de transporte (FOB), e com o total de despesas subtrai-se o total da receita bruta, o que resulta na receita líquida.
Ou seja,
Os meses mais comuns para os vencimentos dos contratos são os de março, maio, julho e setembro, tanto na B3 quanto na CBOT.
Mas, em Chicago, há ainda contrato para dezembro e na B3 em janeiro, agosto e novembro.
O último dia de negociação de cada contrato na B3 é 15 de cada mês ou o dia útil subsequente. Na CBOT, o contrato vence no dia útil antes do dia 15 de cada mês.
O Brasil tem como principais concorrentes no mercado global de milho os Estados Unidos e a China, que são, respectivamente, o primeiro e segundo maiores produtores do grão.
Atrás do Brasil, vêm a União Europeia, Argentina, Ucrânia, México e Índia.
Veja a tabela:
A seca e a geada que atingiram, sobretudo, as regiões Sul e Centro-Oeste do Brasil afetaram bastante as lavouras de milho.
De acordo com dados da Conab, a consolidação das três safras aponta produção de 86,7 milhões de toneladas, o que representa redução de 15,5%, e de 21,1% na produção e produtividade, em relação à safra anterior.
O milho terceira safra, que se desenvolve nas regiões da Sealba (região do Nordeste que compreende Sergipe, Alagoas e Bahia), Roraima e Amapá, encontra-se em desenvolvimento vegetativo, enfrentando restrições do clima seco.
No cenário global, a safra de milho em 2021/22 pode atingir 1,189 bilhão de toneladas, de acordo com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
Assim, são estimados estoques finais da safra mundial 2021/22 em 292,3 milhões de toneladas, acima dos 284,1 milhões de toneladas previstos pelo mercado.
Além disso, estima-se que a safra 2021/22 alcance 380,76 milhões de toneladas nos Estados Unidos e 268 milhões de toneladas na China. Já a produção da Argentina deve atingir 47 milhões de toneladas e a Ucrânia 37,5 milhões de toneladas.
Entender a formação de preços de milho é de grande importância para você, produtor, desenvolver melhor suas habilidades de negociação, sobretudo no cenário atual.
É importante observar que a produção brasileira foi reduzida neste ano por causa de condições climáticas adversas, o que é um risco para a atividade agrícola.
O problema reforça a necessidade de você contratar o seguro rural, para evitar prejuízos e conseguir se manter na atividade. Ter um seguro rural é uma estratégia importante para a gestão da sua fazenda.
No Plano Safra deste ano, o Governo Federal aumentou o seguro rural: são R$ 948,1 milhões para 2021 e R$ 1 bilhão para 2022.
Além disso, simplificou as regras do PTSR (Plano Trienal do Seguro Rural) 2022-2024, que tem as normas do PSR (Programa de Subvenção do Seguro Rural).
Por fim, se informe a respeito dessas mudanças e faça bons negócios.
Jornalista e pós-graduado em Agricultura de Precisão.
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