O solo compactado é um problema bem comum na agricultura, e que pode trazer vários desafios dependendo do nível de compactação.
Além disso, esse fenômeno pode ocorrer em diferentes profundidades do solo, desde camadas superficiais até em camadas mais profundas.
Mas afinal, o que é a compactação do solo? Continue a leitura e saiba tudo a respeito deste tema.
O solo é formado, principalmente, por macroporos (grandes espaços vazios entre as partículas) que facilitam que a água penetre e escoe para camadas mais profundas (por percolação).
Além disso, também existem os microporos (pequenos espaços entre as partículas do solo). Os microporos reduzem a vazão de água e aeração no solo devido ao menor tamanho dos poros, o que é atenuado pelo aumento do número de descontinuidades entre os espaços.
Assim, a compactação do solo é a diminuição dos espaços vazios entre as partículas sólidas presentes no solo. Ou seja, a diminuição do espaço poroso do solo.
A porosidade do solo não é uma característica fixa, por isso, pode sofrer alterações. Assim, a atuação de uma força externa sobre o solo pode fazer com que haja um rearranjo das partículas sólidas, diminuindo o volume entre espaços vazios.
Veja, a seguir, 5 problemas que podem ocorrer devido à compactação do solo.
A redução da porosidade do solo e o aumento da sua densidade geram uma maior resistência ao crescimento das raízes das plantas.
Assim, as raízes não conseguem se desenvolver de forma adequada em níveis profundos, resultando em raízes mais fracas e com pouca profundidade.
Com o aumento da quantidade de microporos e a densidade no solo, a taxa de infiltração é prejudicada. Dessa forma, a água não atinge as camadas mais profundas.
Consequentemente, em estações com maiores níveis de precipitação poderão ocorrer erosões superficiais na região afetada devido a percolação estar comprometida.
Além disso, em estações mais secas, como o armazenamento de água no solo diminuiu, as raízes das plantas que não se desenvolveram não conseguem atingir os níveis profundos o suficiente para alcançar a área com maior disponibilidade hídrica.
Quando a compactação ocorre em uma camada abaixo da superficial, a redução da drenagem da água para camadas mais profundas do solo somada ao encrostamento da região, podem gerar um acúmulo hídrico sobre a área compactada.
Isso pode resultar em enxurradas e formação sulcos no solo, além disso esse escoamento pode se dirigir para rios ou lagos e depositar os nutrientes e químicos que estavam presentes no solo nas águas.
Assim como na infiltração, a redução dos tamanhos dos poros também contribui para diminuição da aeração de gases, logo a concentração de oxigênio no solo fica reduzida.
Além disso, junto ao estresse sofrido pelas raízes devido á inibição do crescimento radicular ocasionado pela compactação, a deficiência de oxigênio poderá levar à asfixia das raízes, causando a morte da planta.
Por fim, outro problema que a compactação do solo pode ocasionar é diminuição da absorção de Nitrogênio, Fósforo e Potássio (NPK) nas plantas, além de diminuir o transporte molecular de nutrientes provenientes do solo.
A compactação é, normalmente, ocasionada pelo trânsito de máquinas agrícolas e/ou pelo pisoteamento frequente do gado sobre o solo.
Além disso, a umidade do solo também pode contribuir para o problema, pois o aumento da presença de água torna o solo mais suscetível ao rearranjo da distribuição das partículas sólidas.
Veja, a seguir, alguns indicativos de que a sua lavoura pode ter problemas de compactação.
– Emergência lenta: dificuldade de emergências das plantas, ou então, a planta pode emergir e morrer pouco tempo depois;
– Coloração das plantas: nesse caso, as culturas começam a apresentar diferentes cores em seu tecido vegetativo durante o estágio de desenvolvimento;
– Quedas na produção: a redução da produtividade pode ser um indicativo de estar havendo compactação, contudo devem ser feitas as devidas análises para se constatar o problema.
– Utilização de um pé-de-arado: em uma região onde há suspeita de compactação é cavada uma trincheira de aproximadamente 30 cm de profundidade, próxima às raízes de algumas culturas da lavoura, assim, caso as raízes estejam retorcidas ou curvas pode ser um indicativo de compactação da camada;
– Presença de poças formadas com água: esse “empoçamento” de água da chuva pode indicar problemas na infiltração de água no solo, o que é uma consequência de um solo compactado;
– Utilização de maior potência dos maquinários: um solo mais compacto pode oferecer mais resistência à ferramentas agrícolas e, por isso, necessitar de um aumento na potência da máquina em trechos diferentes da lavoura.
– Densidade do solo: através da coleta de uma amostra indeformada do solo em um cilindro de volume conhecido, é possível verificar a relação entre a massa de solo dividido pelo volume e, assim, analisar de o solo apresenta compactação;
– Utilização do penetrômetro: o penetrômetro é um instrumento cuja função é medir o nível de compactação baseado na resistência à penetração do solo. Como o equipamento penetra grande parte do perfil do solo, é possível traçar o nível de compactação nas diferentes camadas do perfil de solo;
– Análise laboratorial de amostra do solo: nesse método um especialista coleta amostras do solo do local onde suspeita-se de haver compactação, onde posteriormente serão analisadas características como porosidade e densidade do solo.
Há duas medidas importantes que podem ser adotadas a fim de evitar ou, ao menos, reduzir a compactação do solo.
A primeira é evitar o tráfego de máquinas quando o solo estiver muito úmido.
E a segunda é utilizar cobertura morta sobre o solo, impedindo a formação de uma camada altamente compactada próxima a superfície do solo – algo que é bastante frequente em solos nus.
Em resumo, a qualidade e saúde do solo é essencial para a agricultura e um dos fatores que pode contribuir para reduzir esta qualidade é a compactação.
Vale destacar que, a recuperação de um solo compactado é lenta e, às vezes, trabalhosa.
Por isso, é importante que os agricultores busquem evitar a compactação e monitorar com cuidado esse recurso tão valioso que é o solo.
Leia também: “Estrutura do Solo: o que é e como conservá-la?“
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