Conhecer a CTC do solo é essencial para o bom desenvolvimento da sua lavoura a curto, médio e longo prazos, bem como para a sustentabilidade ambiental
A CTC do solo é uma medida que está ligada diretamente à fertilidade na agricultura. Quanto maior a CTC, mais probabilidade de sucesso na produção.
Os nutrientes que as plantas precisam são compostos por elementos químicos que estão no solo e levam em si determinada carga energética positiva (cátions) ou negativa (ânions).
No caso da CTC, ela indica a capacidade de troca de cátions do solo e, com base nisso, você sabe se determinado solo é favorável à movimentação dos nutrientes.
Ao conhecer a CTC, é possível avaliar também o pH do solo e como ele vai interagir com adubos naturais ou sintéticos (fertilizantes), além de corretivos (cal ou gesso).
Há quatro tipos de CTC: total ou efetiva, variável, permanente e a pH 7,0. Conheça cada uma delas neste artigo e quais práticas agrícolas desenvolver para uma boa CTC do solo.
A CTC faz parte dos parâmetros de caracterização de um solo, conforme a Resolução 420/2009, do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente).
Outros parâmetros, conforme o Anexo 1 da resolução, são: o carbono orgânico; o pH em água; os teores de argila, silte e areia; e os teores de óxidos de alumínio, ferro e manganês.
A depender das peculiaridades regionais, outros parâmetros podem ser incluídos na lista, conforme indica a resolução.
Para você conseguir obter informação sobre a CTC é preciso fazer a análise do seu solo.
A análise vai mostrar as porcentagens dos cátions K+ (potássio), Ca2+ (cálcio), Mg2+ (magnésio) e Al+ (alumínio) na CTC, além da interação do H+ (hidrogênio) com Al+ na CTC.
A resolução do Conama sugere que a amostra do solo seja do tipo composta. Ou seja, formada por subamostras de 10 pontos amostrais, obtidas a uma profundidade de 0-20 cm.
Mas, dependendo da região de sua área de produção e da cultura, as coletas podem ser feitas a uma profundidade maior, entre 20-40 cm e 40-60 cm.
Em todos os casos, é importante obter as coordenadas geográficas dos locais das coletas.
Com a amostra em mãos, você deve enviá-la para um laboratório de análise de solos, que, além da CTC, dará outras informações importantes sobre sua área de produção, como a quantidade de macro e micronutrientes.
Na análise de solo acima, você nota ao lado da CTC o cmolc/dm3, que se refere ao centimol de carga de um nutriente por decímetro cúbico, em relação ao hidrogênio (H+).
Conforme explicação da Embrapa, a cmolc/dm3 representa a capacidade do solo de produzir biomassa vegetal quando água e nutrientes são fornecidos às plantas.
Acima, é possível observar que a análise da CTC ocorreu com o pH a 7,0, e que, neste caso, o seu resultado foi de 4,26 cmolc/dm3.
Este é o valor da CTC Total, que em algumas análises pode vir representada pela letra T, e é uma das variáveis mais importantes para avaliar o potencial produtivo do solo.
É possível obter a CTC Total a partir da soma de (K+) + (Ca2+) + (Mg2+)+ (H + Al), mas, é preciso que todos os elementos estejam na mesma unidade de cmolc/dm3.
A CTC variável é a que predomina nos solos tropicais, como é o caso do Brasil, e é a que existe na fração orgânica do solo.
Ela é variável porque o número de cargas elétricas altera de acordo com o pH do solo. Quando o pH sobe, a CTC aumenta, e quando o pH cai, ela diminui.
É o resultado da substituição isomórfica (troca de um cátion por outro similar). Na CTC permanente não há variação com o pH, e é uma característica de solos de regiões temperadas, geralmente menos desenvolvidos.
Refere-se à quantidade de cátions adsorvidos, ou seja, ligados ao solo com o pH a 7,0.
Nos solos brasileiros, a predominância é de cargas negativas.
Assim, seguindo a Lei de Coulomb (os opostos se atraem), quanto maior a carga negativa, mais cátions serão retidos no solo.
Mas, nem sempre a carga positiva atraída é boa. Solos com muito Al3 e H+, por exemplo, possuem baixa produtividade.
Desta forma, podemos concluir que nem sempre uma CTC alta significa com toda certeza que o solo é bem produtivo, o que só ocorrerá se a maior parte das suas ligações for com Ca2+, K+ e Mg2+.
Os solos arenosos costumam ter a CTC baixa, em comparação com solos argilosos, pois a areia não tem carga. Por isso, é preciso ter atenção com o uso de adubos e corretivos.
A CTC é concentrada basicamente na argila dos solos. Por conta disso, a CTC sempre estará maior nesse tipo de solo.
Na análise de solo acima, você observa que a CTC Total está em 4,26 cmol/dm3 e o pH a 5,4. Só que a medida de 4,26 da CTC é de quando o pH está em 7,0.
Na prática, isso significa que a capacidade de armazenar nutrientes é de 2,16 cmolc/dm3 (CTC efetiva).
A CTC efetiva da análise de solo é encontrada somando-se o K + Ca + Mg + Al, sempre usando a medida cmolc/dm3.
Mas, como na análise o K não está em cmolc/dm3 e sim em mg/dm3, é preciso fazer a conversão, por meio da fórmula C/Mx10, em que C é o valor de K na análise de solo e M a sua massa molar.
Ou seja: C/Mx10 = 102/39×10 = 0,26. Desta forma, K na análise é 0,26 cmolc/dm3.
O resultado da soma do K (0,26) + Ca (1,4) + Mg (0,4) + Al (0,10) na análise de solo é 2,16.
Ou seja, a capacidade de troca de cátions do solo analisado é praticamente o dobro do que realmente está sendo usado.
Assim, para que a CTC efetiva chegue a 4,26 é preciso elevar o pH para 7,0, o que possibilitará o solo armazenar mais nutrientes.
O pH do solo pode ser aumentado a partir da aplicação do calcário, que é o mais recomendável para os solos brasileiros.
O gesso também é utilizado, mas em situações onde o pH é muito baixo e o cálcio disponível limita o desenvolvimento das raízes.
Neste artigo, você viu a importância da CTC do solo para a fertilidade da lavoura.
Por meio do uso de um cálculo simples, com base em informações da sua análise de solo,você consegue ter um diagnóstico real sobre a CTC efetiva do seu solo.
O cálculo da calagem (recomendação do calcário a ser utilizado) deve ser feito por um especialista, pois existem vários tipos de calcário e cada um deles tem suas especificidades.
Outro fator importante para melhorar a CTC do solo é a matéria orgânica. Assim, é sempre importante reforçar o seu solo com adubos naturais.
Jornalista e pós-graduado em Agricultura de Precisão.
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