Crise hídrica: entenda os seus efeitos na produtividade das principais culturas agrícolas e algumas alternativas para minimizar o estresse hídrico.
A crise hídrica tem atingido importantes regiões produtoras pelo Brasil, que já sentem nas lavouras os impactos do estresse hídrico e, por conta disso, preveem uma redução na produtividade de diversas culturas neste ano.
Isso porque, a falta ou a má distribuição de chuvas podem afetar o campo de diversas formas, levando à diminuição da produtividade, à perda de qualidade da produção e afetando estabelecimento das lavouras.
Assim, neste artigo você verá algumas perspectivas do impacto da crise hídrica nas principais produções agrícolas do país e também alternativas para minimizar os seus danos nas lavouras. Venha conferir!
Entre setembro de 2020 e maio de 2021 foram registradas as piores chuvas em 91 anos, de acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). E já é possível observar as consequências disso no campo.
Abaixo, você confere as perspectivas do levantamento da Consultoria Agro Itaú e da Conab para a safra de 7 grandes culturas agrícolas do Brasil.
A seca afetou bastante as lavouras de milho, e a estima é de que a safra total chegue a até 60 milhões de toneladas, frente a um potencial próximo de 90 milhões de toneladas.
Apesar da condição hídrica no Mato Grosso, principal estado produtor, não tenha sido tão severa frente a outros estados, também são esperadas reduções em seu potencial produtivo, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
A falta de chuvas também tem afetado a produção de feijão. No Paraná, por exemplo, maior estado produtor, dos 40% de área plantada que ainda precisa ser colhida, 45% foi classificada como “ruim”, influenciada por uma parcela relevante de áreas em frutificação, estádio fenológico no qual a planta se encontra muito sensível à redução nas precipitações.
Embora o clima mais seco e as chuvas espaçadas tenham sido favoráveis no momento do plantio da cultura, o ritmo da atividade segue abaixo do verificado no mesmo período ano passado: a Conab estima que a área plantada do cereal no Brasil chegou a 32,4% – na safra anterior esse número era de 37,4% no período.
Nas lavouras de arroz a preocupação tem sido um pouco menor, visto que a colheita da safra 2020/21 apresentou bons índices de produtividade. Contudo, há alguns receios para a 2021/22, cujo plantio tem início a partir de setembro.
Isso porque, o arroz é uma cultura em que 70% da produção ocorre em áreas alagadas, assim, a atenção do setor está voltada para os níveis dos reservatórios de água.
A seca prejudicou A safra 2021/22 desde o início do ciclo, com as floradas no último trimestre de 2020 seguidas de seca e altas temperaturas, o que levará a uma redução da produção de arábica de mais de 30% frente ao ano anterior.
Já a safra 2022/23, marcada pela alta bienalidade, já tem algum grau de comprometimento.
Isso porque, o desenvolvimento vegetativo insuficiente durante o primeiro semestre de 2020, se refletirá em um menor número de internódios. O que deve levar a um menor espaço para a formação dos botões florais e, consequentemente, a diminuição na formação dos grãos.
Sendo o estado de São Paulo o mais importante para a produção citrícola e onde a seca vem se mostrando bastante intensa.
A perspectiva é de uma recuperação pequena da produção neste ano, da ordem de 9,5%, de acordo com a primeira estimativa da Fundecitrus – vale destacar que, no ano passado, a produção de laranja já havia registrado queda de 30% na colheita.
A cultura já apresentava atraso de desenvolvimento causado pelo período seco em 2020 e aguardava as chuvas de verão de 2021 para sua recuperação.
Porém, o baixo volume observado nas precipitações entre fevereiro e abril de 2021, além de causar atraso na colheita também impactaram a produtividade reduzindo a expectativa de produção.
A escassez hídrica acarreta em consequências negativas para a lavoura. Visto que, a atuação da água determina o bom funcionamento metabólico e fisiológico da planta, uma vez que proporciona a regulação térmica e a turgescência celular.
A água também atua enquanto solvente para os minerais disponíveis no solo, permitindo a absorção de nutrientes pelas raízes. Além disso, a água constitui aproximadamente 90% da massa da planta.
Assim, as consequências prejudiciais iniciam quando a transpiração da planta é maior do que a absorção de água disponível no solo junto às raízes, caracterizando o déficit hídrico.
Dependendo da severidade da seca, de sua duração e do estádio fenológico no qual a planta se encontra, a produção corrente e a safra seguinte podem ser comprometidas.
De maneira geral, o estresse causado pela falta de água provoca:
É preciso entender como se dá o desempenho das plantas em condições adversas de cultivo e os efeitos ocasionados por períodos de seca severos e prolongados. Para que, assim, sejam adotadas práticas de manejos viáveis para melhorar o cultivo durante tal período.
Algumas ações que podem minimizar os danos por estresse hídrico nas plantas são:
No campo, ainda que o manejo de pragas, doenças e plantas daninhas seja eficiente, a interação da lavoura com condições climáticas adversas, como as que provocaram a crise hídrica de 2021, podem se tornar um fator limitante na obtenção de boas produtividades e maior rentabilidade das culturas.
Assim, é importante que o produtor saiba quais estratégias adotar que possam minimizar tais problemas. E também, adote um planejamento visando o melhor aproveitamento dos recursos hídricos disponíveis.
E isso, levando sempre em consideração: a época da semeadura, visando evitar períodos críticos; o uso adequado da água, de maneira que favoreça a sua melhor absorção pelas raízes; e o manejo das áreas, adotando práticas de cobertura do solo e rotação de cultura.
Engenheira Agrônoma, Bióloga, Doutora e Pós Doutora em Agronomia/Fisiologia Vegetal.
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