Entenda como funciona a fertirrigação, conheça os seus cuidados essenciais e fique por dentro dos principais benefícios desta prática
O uso da fertirrigação tem crescido anualmente, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo.
Em locais com baixa disponibilidade hídrica, esse sistema é bem importante, pois permite a otimização no uso da água e dos nutrientes nas culturas agrícolas.
Embora haja mais facilidade em aplicar a fertirrigação em hortaliças e frutíferas, esse sistema vem ganhando espaço na produção de grandes culturas, como na cana-de-açúcar.
Então, confira a seguir o que é a fertirrigação e muito mais!
A fertirrigação é a prática de aplicação de fertilizantes (adubação) nas culturas através da irrigação.
É considerado o método mais eficiente de adubação das lavouras, pois leva em conta as relações solo-planta-atmosfera.
Dessa forma, é possível otimizar a adubação das plantas através da irrigação no momento correto, em função: do estádio de desenvolvimento das plantas; da necessidade da cultura; e em quantidades apropriadas em função da exportação de nutrientes pela cultura, sendo possível reduzir as perdas de nutrientes.
Mas, para que a fertirrigação seja, de fato, eficiente, ela deve utilizar o sistema de irrigação apropriado, com equipamentos e acessórios adequados.
Além disso, as fontes de nutrientes precisam ser solúveis em água.
Outra grande possibilidade da fertirrigação é o aproveitamento do potencial fertilizante de efluentes da indústria, seguindo, é claro, as normativas e práticas de sustentabilidade.
Um exemplo prático deste aproveitamento é o uso de resíduos do processo agroindustrial – principalmente da vinhaça e águas residuais dos processos de produção de etanol e de açúcar – junto a irrigação em áreas de cana-de0açúcar.
Pelo que vimos até agora, podemos citar diversos benefícios da fertirrigação nas culturas.
Por isso, a fertirrigação tem se tornado uma técnica cada vez mais usada em todo mundo, especialmente após a popularização de técnicas de irrigação localizada, como a microaspersão e o gotejamento.
É preciso levar em conta diversos fatores ao conciliar a irrigação e a fertirrigação, como por exemplo:
Além disso, de maneira geral há uma sequência em que se recomenda a irrigação e fertirrigação, composta por três etapas:
Além disso, a água da irrigação também auxiliará os nutrientes a infiltrarem em profundidade no solo, alcançando camadas mais profundas.
O tempo da fertirrigação depende da quantidade de fertilizante que a cultura precisa, bem como a quantidade que pode ser injetada no sistema.
No caso da água, é importante analisar a qualidade, a quantidade, a localização da origem desta água e o seu custo de obtenção.
A qualidade da água é um dos fatores mais importantes na fertirrigação, pois ela influenciará no sucesso ou insucesso da prática, principalmente por conta da salinização do solo – resultado da grande quantidade de sais presentes na água.
Ainda é possível tomar algumas medidas que podem evitar a salinização do solo ou até mesmo minimizar os seus efeitos:
Para a medição da quantidade total de sal na amostra de água é possível utilizar o condutivímetro, que mede a condutividade elétrica da água.
Veja abaixo, as características físicas e químicas da água utilizada na fertirrigação que devem ser consideradas e os níveis ótimos, de risco e severos.
Existem basicamente três grupos de fertilizantes de possibilidade de uso na fertirrigação:
Para que os nutrientes possam ser, de fato, aproveitados pelas plantas, é necessário saber se o fertilizante que está sendo utilizado é adequado.
Os fertilizantes facilmente solúveis em água incluem aqueles que são ricos em nitrogênio e potássio.
Da mesma forma, os micronutrientes normalmente são solúveis em água, e por isso, é possível usá-los na fertirrigação.
No entanto, os fertilizantes fosfatados (ricos em fósforo, por exemplo), são pouco solúveis em água, podendo ser um problema na fertirrigação.
Existem opções de fertilizantes fosfatados, que são solúveis em água. Porém, é necessário cuidado no seu uso, pois costumam apresentar altos teores de cálcio, podendo formar o fosfato de cálcio e tornar o fertilizante novamente insolúvel em água.
Além disso, a formação do fosfato de cálcio pode causar o entupimento dos sistemas de irrigação.
O pH da água também pode colaborar para o entupimento dos sistemas, principalmente quando está acima de 7,5.
Nestas condições, o cálcio e magnésio podem se acumular no sistema, causando obstruções.
A compatibilidade dos fertilizantes utilizados também deve ser verificada, pois o uso de fertilizantes incompatíveis, pode reduzir a solubilidade de outros.
Para maior durabilidade dos sistemas, é necessário observar que alguns produtos utilizados (fertilizantes), podem causar corrosão do sistema, sendo necessário utilizar os equipamentos e material compatível para que a durabilidade do sistema seja maior.
É importante levar em conta o clima da região no dimensionamento, analisando fatores como:
Também é necessário o conhecimento sobre o tipo de energia disponível na propriedade e nas proximidades, se ela é elétrica, renovável ou a diesel.
De posse destas informações, é possível dimensionar e escolher a melhor opção para cada cultura, região e condições dos agricultores.
Como não se trata de um processo muito simples, é indispensável o auxílio de um profissional capacitado.
Como vimos anteriormente, a fertirrigação pode utilizar os mesmos equipamentos dimensionados para a irrigação.
Em alguns sistemas é possível, ainda, adicionar adutoras secundárias, que se localizam paralelas às adutoras das unidades de rega.
Neste caso, é possível injetar e manejar a solução da fertirrigação ou a sua mistura concentrada até a unidade de rega específica.
Alguns fatores para a aplicação dos nutrientes também devem ser observados:
Para torná-la mais eficiente, é indispensável, além de um bom estudo sobre as necessidades da cultura e da região de cultivo, o dimensionamento adequado por um profissional ou empresa qualificada.
Além disso, deve-se atentar para que não ocorra nem deficiência de nutrientes ou irrigação e nem lixiviação (excesso de água no sistema).
Assim, é preciso levar em conta a frequência de aplicação da irrigação e o volume de água necessário.
Nas últimas safras em todo país, fica evidente que sistemas que otimizem a utilização de recursos, como a água e nutrientes, são cada vez mais indispensáveis nos resultados produtivos das lavouras.
O uso conjunto da irrigação e da fertirrigação nas culturas pode trazer inúmeros benefícios para os produtores, para o aumento da produtividade das culturas e para o meio ambiente.
No entanto, é indispensável que o sistema seja adequadamente dimensionado, levando em consideração não só as exigências da cultura, mas também as condições de solo, clima, água, energia disponível e realidade dos produtores.
Engenheira Agrônoma (UFFS), Mestra em Fitossanidade pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), com área de concentração fitopatologia. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) na área de sanidade vegetal e pós-colheita. Tem experiência nas áreas de fitopatologia, controle de doenças de plantas, grandes culturas, pós-colheita de grãos e sementes e agricultura de precisão.
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