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Fertirrigação: 10 vantagens para a sua lavoura

Entenda como funciona a fertirrigação, conheça os seus cuidados essenciais e fique por dentro dos principais benefícios desta prática

O uso da fertirrigação tem crescido anualmente, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. 

Em locais com baixa disponibilidade hídrica, esse sistema é bem importante, pois permite a otimização no uso da água e dos nutrientes nas culturas agrícolas.

Embora haja mais facilidade em aplicar a fertirrigação em hortaliças e frutíferas, esse sistema vem ganhando espaço na produção de grandes culturas, como na cana-de-açúcar.

Então, confira a seguir o que é a fertirrigação e muito mais!

Fertirrigação: o que é e como funciona?

A fertirrigação é a prática de aplicação de fertilizantes (adubação) nas culturas através da irrigação.

É considerado o método mais eficiente de adubação das lavouras, pois leva em conta as relações solo-planta-atmosfera.

Dessa forma, é possível otimizar a adubação das plantas através da irrigação no momento correto, em função: do estádio de desenvolvimento das plantas; da necessidade da cultura; e em quantidades apropriadas em função da exportação de nutrientes pela cultura, sendo possível reduzir as perdas de nutrientes.

Mas, para que a fertirrigação seja, de fato, eficiente, ela deve utilizar o sistema de irrigação apropriado, com equipamentos e acessórios adequados.

Além disso, as fontes de nutrientes precisam ser solúveis em água.

Outra grande possibilidade da fertirrigação é o aproveitamento do potencial fertilizante de efluentes da indústria, seguindo, é claro, as normativas e práticas de sustentabilidade.

Um exemplo prático deste aproveitamento é o uso de resíduos do processo agroindustrial – principalmente da vinhaça e águas residuais dos processos de produção de etanol e de açúcar – junto a irrigação em áreas de cana-de0açúcar. 

Pelo que vimos até agora, podemos citar diversos benefícios da fertirrigação nas culturas.

Por isso, a fertirrigação tem se tornado uma técnica cada vez mais usada em todo mundo, especialmente após a popularização de técnicas de irrigação localizada, como a microaspersão e o gotejamento.

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Quais os principais cuidados na fertirrigação?

É preciso levar em conta diversos fatores ao conciliar a irrigação e a fertirrigação, como por exemplo:

  • a cultura;
  • o tipo de solo;
  • o tipo de sistema de cultivo (em solo, semi-hidropônico, hidropônico etc);
  • a qualidade da água utilizada;
  • o tipo de fertilizante usado;
  • o clima da região;
  • o custo da energia;
  • e nível socioeconômico do produtor.

1. Aplicação da fertirrigação

Além disso, de maneira geral há uma sequência em que se recomenda a irrigação e fertirrigação, composta por três etapas:

  1. Na primeira etapa: a irrigação deve funcionar durante um quarto do tempo de irrigação total. Esta etapa é importante para que a distribuição da água em todos os locais seja uniforme, e posteriormente a fertirrigação também;
  1. Na segunda etapa  a fertirrigação é acionada através dos equipamentos adequados para cada tipo de sistema (levando em consideração também os fatores citados acima: cultura, tipo de solo, tipo de fertilizante, etc.);
  1. Na terceira etapa, o sistema de irrigação deve continuar o seu funcionamento (sem a fertirrigação), para complementar o tempo total da irrigação, bem como retirar os resíduos que possam ter ficado da fertirrigação (evitando a proliferação de microrganismos e obstrução da tubulação).

Além disso, a água da irrigação também auxiliará os nutrientes a infiltrarem em profundidade no solo, alcançando camadas mais profundas.

O tempo da fertirrigação depende da quantidade de fertilizante que a cultura precisa, bem como a quantidade que pode ser injetada no sistema.

2. Qualidade da água

No caso da água, é importante analisar a qualidade, a quantidade, a localização da origem desta água e o seu custo de obtenção.

A qualidade da água é um dos fatores mais importantes na fertirrigação, pois ela influenciará no sucesso ou insucesso da prática, principalmente por conta da salinização do solo – resultado da grande quantidade de sais presentes na água.

Ainda é possível tomar algumas medidas que podem evitar a salinização do solo ou até mesmo minimizar os seus efeitos: 

  • a aplicação de cobertura sobre o solo (que reduz a evapotranspiração da água);
  • o uso de fertilizantes com teores baixos de sal;
  • a irrigação com água pura, para lavagem do excesso de sais;
  • a aplicação de fertilizantes orgânicos no solo;
  • aração e gradagem para aumentar a infiltração de água no solo e evitar a compactação – mas com cautela!

Para a medição da quantidade total de sal na amostra de água é possível utilizar o condutivímetro, que mede a condutividade elétrica da água.

Veja abaixo, as características físicas e químicas da água utilizada na fertirrigação que devem ser consideradas e os níveis ótimos, de risco e severos.

(Fonte: PINTO et al., 2002)

3. Tipo de fertilizante

Existem basicamente três grupos de fertilizantes de possibilidade de uso na fertirrigação:

  • os líquidos comerciais (prontos para uso);
  • os sólidos que são facilmente solúveis em água;
  • e os de baixa solubilidade (não recomendados).

Para que os nutrientes possam ser, de fato, aproveitados pelas plantas, é necessário saber se o fertilizante que está sendo utilizado é adequado.

Os fertilizantes facilmente solúveis em água incluem aqueles que são ricos em nitrogênio e potássio.

Da mesma forma, os micronutrientes normalmente são solúveis em água, e por isso, é possível usá-los na fertirrigação.

No entanto, os fertilizantes fosfatados (ricos em fósforo, por exemplo), são pouco solúveis em água, podendo ser um problema na fertirrigação. 

Existem opções de fertilizantes fosfatados, que são solúveis em água. Porém, é necessário cuidado no seu uso, pois costumam apresentar altos teores de cálcio, podendo formar o fosfato de cálcio e tornar o fertilizante novamente insolúvel em água. 

Além disso, a formação do fosfato de cálcio pode causar o entupimento dos sistemas de irrigação.

O pH da água também pode colaborar para o entupimento dos sistemas, principalmente quando está acima de 7,5.

Nestas condições, o cálcio e magnésio podem se acumular no sistema, causando obstruções.

A compatibilidade dos fertilizantes utilizados também deve ser verificada, pois o uso de fertilizantes incompatíveis, pode reduzir a solubilidade de outros.

Compatibilidade entre os fertilizantes empregados na fertirrigação (Fonte: PINTO et al., 2002)

Para maior durabilidade dos sistemas, é necessário observar que alguns produtos utilizados (fertilizantes), podem causar corrosão do sistema, sendo necessário utilizar os equipamentos e material compatível para que a durabilidade do sistema seja maior.

4. Clima da região

É importante levar em conta o clima da região no dimensionamento, analisando fatores como:

  • a precipitação média nos diferentes meses do ano;
  • a evapotranspiração de referência para a cultura;
  • a umidade relativa do ar;
  • e a velocidade do vento.

5. Tipo de energia usada no sistema de irrigação

Também é necessário o conhecimento sobre o tipo de energia disponível na propriedade e nas proximidades, se ela é elétrica, renovável ou a diesel.

De posse destas informações, é possível dimensionar e escolher a melhor opção para cada cultura, região e condições dos agricultores.

Como não se trata de um processo muito simples, é indispensável o auxílio de um profissional capacitado.

Mais algumas boas práticas na fertirrigação

Como vimos anteriormente, a fertirrigação pode utilizar os mesmos equipamentos dimensionados para a irrigação.

Em alguns sistemas é possível, ainda, adicionar adutoras secundárias, que se localizam paralelas às adutoras das unidades de rega.

Neste caso, é possível injetar e manejar a solução da fertirrigação ou a sua mistura concentrada até a unidade de rega específica. 

Alguns fatores para a aplicação dos nutrientes também devem ser observados:

  1. Sequência dos nutrientes: de forma geral, a recomendação é de que os fertilizantes com potássio sejam aplicados primeiro, seguidos pelos nitrogenados;
  1. Alguns nutrientes ou composições são recomendados em aplicação por último: como é o caso dos que utilizam como base o ácido fosfórico como fonte de fósforo. Isso porque, eles auxiliam ainda na limpeza do sistema;
  1. Misturas: em caso de misturas, inicialmente, as soluções devem ser preparadas de forma separada e misturadas apenas nas proporções necessárias às plantas. Além disso, é indispensável o conhecimento da compatibilidade entre os fertilizantes a fim de evitar o entupimento do sistema;
  1. Monitoramento da salinidade da água da irrigação: deve ser observada a relação entre a vazão do sistema e a adição de fertilizantes, isto porque, esta proporção influencia diretamente na relação entre a frequência de irrigação e a frequência de fertirrigação.

Para torná-la mais eficiente, é indispensável, além de um bom estudo sobre as necessidades da cultura e da região de cultivo, o dimensionamento adequado por um profissional ou empresa qualificada.

Além disso, deve-se atentar para que não ocorra nem deficiência de nutrientes ou irrigação e nem lixiviação (excesso de água no sistema).

Assim, é preciso levar em conta a frequência de aplicação da irrigação e o volume de água necessário.

Os 10 principais vantagens da fertirrigação

  1. Aplicação eficiente de nutrientes e de forma parcelada, uma vez que eles são aplicados em quantidades necessárias em função do estádio de desenvolvimento das culturas;
  1. Redução das perdas de nutrientes, justamente por que as aplicações serão de forma parcelada e em quantidade necessária para o momento (estádio da cultura);
  1. Ajuste da frequência de aplicação em função do tipo de solos, onde solos arenosos, a depender da cultura, devem receber fertirrigação diária e aqueles de textura argilosa e média, semanal (consulte sempre orientação profissional específica em função da cultura que você está cultivando);
  1. Possibilidade de uso de sistemas de irrigação já instalados para aplicação da fertirrigação, possibilitando a aplicação conjunta da irrigação e fertilização das culturas;
  1. Possibilidade de uso de resíduos de efluentes da indústria (como vinhaça e açucareira, e outras, a depender de estudos prévios). Dessa forma, dá-se ainda destino aos efluentes, tornando a produção mais eficiente;
  1. Boa distribuição da adubação, devido a prática da irrigação e infiltração da água no solo em conjunto com a adubação, especialmente micronutrientes, que são aplicados em pequenas doses;
  1. Redução da contaminação do ambiente, especialmente pelo melhor aproveitamento dos nutrientes pelas plantas, quando aplicados via irrigação;
  2. Menor número de entradas de máquinas na lavoura – e, por consequência, menor gasto – principalmente quando em aplicações fracionadas de adubação (como os nitrogenados).
  3. Além disso, a redução da entrada de máquinas também colabora com a menor possibilidade de compactação do solo.

Conclusão

Nas últimas safras em todo país, fica evidente que sistemas que otimizem a utilização de recursos, como a água e nutrientes, são cada vez mais indispensáveis nos resultados produtivos das lavouras.

O uso conjunto da irrigação e da fertirrigação nas culturas pode trazer inúmeros benefícios para os produtores, para o aumento da produtividade das culturas e para o meio ambiente.

No entanto, é indispensável que o sistema seja adequadamente dimensionado, levando em consideração não só as exigências da cultura, mas também as condições de solo, clima, água, energia disponível e realidade dos produtores.

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