Manejo

Estrutura do Solo: o que é e como conservá-la?

Saiba tudo sobre a estrutura do solo, sua importância e quais práticas adotar para sua conservação 

O solo é derivado da decomposição de rochas, ou seja, ao longo de muitos e muitos anos, sob influência do sol e da chuva constantes, a rocha é transformada em diferentes tipos de solos.

Ele é composto por camadas (também chamadas de horizontes ou perfil do solo), sendo que a camada mais superficial (em torno dos 20 cm) é a mais rica em matéria orgânica.

Essa é a principal camada para o fornecimento de nutrientes às plantas, enquanto que as mais profundas servem para drenagem da água e sustentação do vegetal.

Além disso, ele não é homogêneo, variando de fazenda para fazenda, e até mesmo dentro da mesma propriedade.

As principais características do solo

Algumas das propriedades que caracterizam cada tipo de solo são: cor, textura, estrutura, porosidade, consistência e coesão.

Cor

A cor do solo ajuda a indicar a composição química dele, e é por meio da cor que se faz inferências sobre o teor de matéria orgânica presente, elemento que é fundamental na produção agrícola. 

Textura

A textura (ou granulometria) refere-se à composição do solo e a proporção de argila, silte e areia presentes nele. 

Além disso, a textura influencia diretamente na aeração do solo e no comportamento da água no solo, seja para drenagem ou armazenamento. Assim:

  • Argila: são partículas mais finas e que retém mais água. Por isso, solos argilosos têm maiores riscos de compactação se mal manejados;
  • Silte: são partículas de tamanho médio, com drenagem regular;
  • Areia: são partículas grandes e que retém pouca água, mas possuem boa drenagem.

Estrutura do solo

A estrutura do solo corresponde ao arranjo das partículas primárias com as demais substâncias, tais como matéria orgânica, óxido de ferro e alumínio etc., podendo ser caracterizada quanto ao tipo, tamanho e grau de desenvolvimento.

  • Tipo: laminar, prismática, colunar, blocos angulares, blocos subangulares e granular;
  • Tamanho: muito pequena, pequena, média, grande e muito grande;
  • Grau de desenvolvimento: solta, fraca, moderada e forte;

Porosidade

A porosidade diz respeito à quantidade e tamanho dos poros presentes no solo. Assim, a importância destes poros, por sua vez, é que eles são ocupados por água ou ar.

Dessa forma, a porosidade do solo influencia na aeração, na retenção e condução de água e na resistência do solo à penetração das raízes das plantas.

E isso tudo interfere na capacidade da planta de obter água e nutrientes disponíveis no solo.

Consistência

Na consistência é avaliada a condição de umidade do torrão, podendo ser de consistência seca, úmida ou molhada.

Solos com boa friabilidade (torrão que se desfaz com uma leve pressão entre o dedo indicador e o polegar) podem ser arados mais facilmente que os solos pegajosos (plásticos), os quais possuem restrição em seu manuseio, por aderirem fortemente ao rodado e ao implemento agrícola.

Coesão

A coesão remete à dureza do solo, sendo classificados como moderadamente coeso ou fortemente coeso.

Em solos fortemente coesos, há limitações físicas que impedem o desenvolvimento radicular, inibindo o crescimento da planta (quando seco) ou tornando-se uma estrutura instável (quando úmido), o que dificulta a mecanização.

Qual a importância da estrutura do solo?

A estrutura do solo nada mais é que a combinação dos materiais que compõem o solo, formando agregados, sendo um ambiente dinâmico, composto pelo conjunto dos fatores listados acima.

Sabemos que a água é um fator limitante no crescimento das plantas. Então, um solo bem estruturado é capaz de apresentar uma relação harmônica com a dinâmica da água, aproveitando-a da melhor forma possível.

Em resumo, um solo bem estruturado garante:

  • Melhor infiltração da água e um armazenamento mais prolongado;
  • Maior porosidade do solo;
  • Maiores resistências à erosão, compactação e lixiviação;
  • E rápida ciclagem de nutrientes.

Assim, é extremamente importante que o solo possua uma estrutura satisfatória, pois isso proporcionará melhores condições para que as raízes das plantas cresçam e se desenvolvam. Consequentemente, isso se refletirá na rentabilidade da lavoura.

Mas, como avaliar a estrutura? Quais práticas adotar?

Como avaliar a estrutura do solo?

A Embrapa possui o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos.

A classificação foi feita “a partir da avaliação dos dados morfológicos, físicos, químicos e mineralógicos do perfil”, considerando o “clima, vegetação, relevo, material originário, condições hídricas, características externas ao solo e relações solo-paisagem, são também utilizadas”.

DRES – Diagnóstico Rápido da Estrutura do Solo (Fonte: Embrapa)

Portanto, conhecer as características químicas, físicas e biológicas do solo é fundamental para melhorar as condições de produção da sua lavoura.

  • Químicas: remete ao pH, disponibilidade de nutrientes, CTC e quantidade de matéria orgânica;
  • Físicas: aeração/porosidade/compactação do solo, drenagem e lixiviação de nutrientes.
  • Biológicas: diversidade biológica do solo.

Que práticas podem conservar e melhorar a estrutura do solo?

Quatro ações importantes para a conservação do solo: Sistema de Plantio Direto (SPD), rotação de culturas, adubação verde e plantio em curvas de nível.

  • Sistema de Plantio Direto: Não há o revolvimento do solo, buscando reduzir o impacto das máquinas na compactação. É uma prática que vem sendo utilizada cada vez mais na agricultura brasileira.
  • Rotação de culturas: É uma técnica em que o produtor alterna sua cultura a cada determinado período para evitar a exaustão do solo. Essa rotação garante que haja a reposição da matéria orgânica extraída. Além disso, colabora para a redução da população de pragas e patógenos na lavoura. Por fim, como o sistema radicular de cada espécie explora o solo à sua maneira, a rotação permite uma maior variação na interação solo-planta.
  • Adubação verde: inserção de algumas plantas leguminosas (com forte sistema radicular) para promover a reciclagem dos nutrientes nas camadas mais profundas, tornando-o mais fértil e, logo, mais produtivo.
  • Plantio em curvas de nível: plantio respeitando a altimetria do relevo, a fim de evitar a erosão do solo e ter melhor aproveitamento da água.

Além disso, para melhorar a estrutura do solo, deve-se evitar o uso de máquinas pesadas em solos muito molhados. No entanto, caso realmente seja necessário, como recomendação, há duas possibilidades:

  • O uso de escarificadores e subsoladores que vão revolver o solo;
  • A rotação de culturas e o cultivo de plantas com vasto sistema radicular.

Vale destacar que é mais interessante que o produtor opte pela segunda opção, realizando um manejo a fim de recuperar a sua qualidade física.

Isso porque a ação mecânica transfere a camada superficial compactada para a camada subsuperficial, podendo ser algo paliativo.

O que causa a desestruturação do solo?

Um dos principais problemas vivenciados pelos produtores é a compactação, na qual o uso de máquinas pesadas faz com que as partículas do solo se aproximem mais entre si, reduzindo a porosidade do solo, devido à pressão do rodado dos tratores, colhedoras etc.

Além disso, o manejo incorreto do solo pode levar à sua desestruturação. E um solo desestruturado também tende a sofrer mais com a erosão, que, num nível avançado, causará voçorocas e lixiviação de nutrientes.

Pela erosão perde-se o volume de solo mais fértil, que é o da camada superficial, podendo causar voçorocas que, inclusive, podem dificultar a mecanização da área.

Além disso, a área fica sujeita à lixiviação, na qual ocorre a “lavagem” dos nutrientes pelo escoamento da água superficial, sendo este um processo mais comum em regiões tropicais, devido à grande quantidade de chuvas, cujas enxurradas levam os sedimentos das áreas mais altas às mais baixas.

Além disso, em solos compactados temos a redução da porosidade, o que prejudica a infiltração da água. 

Sabia que a BoosterAgro pode te ajudar com isso?

A entrada de maquinários na lavoura precisa acontecer no momento certo, para que assim, se evite a circulação de máquinas pesadas sobre um solo muito molhado, o que poderia levar a compactação.

Por isso, é importante acompanhar as condições climáticas da sua lavoura, saber se choveu ou vai chover, e o quanto choveu ou qual o volume previsto. 

E a BoosterAgro pode te ajudar a ficar de olho nessas variáveis. Baixe o nosso aplicativo e você verá!

Conclusão

Em resumo, cada solo tem um manejo específico.

Contudo, em todos eles a conservação de sua estrutura é fundamental! 

Por isso, trabalhar com solos que passaram por algum processo de desestruturação não é algo simples, e exige tempo e adoção de diversas práticas de manejo.

Porém, no médio e longo prazo os resultados acabam justificando as ações.

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