Zonas de manejo (ou unidades de manejo): entenda como o conhecimento do potencial produtivo da sua lavoura pode reduzir custos e aumentar a produção das culturas na sua fazenda
Unidades de manejo diferenciado (UMD) ou zonas de manejo são áreas dentro de um talhão ou propriedade, que possuem características semelhantes quanto ao potencial produtivo.
A partir do conhecimento dessas áreas na lavoura, é possível “ajustar” o manejo para potencializar a produtividade.
Os ajustes de manejo incluem a escolha do material genético mais adequado em função do potencial produtivo da área, colheita estratificada, aplicação localizada de insumos e até mesmo ajuste do investimento e destinação da área: produção de grãos ou sementes.
Desta forma, é possível obter economia no ajuste da população de plantas e aplicação de insumos em função do potencial de produção das áreas, melhorando os resultados financeiros da fazenda.
Unidades de manejo diferenciado são subáreas (talhões) de uma área agrícola, que apresentam características semelhantes quanto a:
Além disso, é possível classificar as Unidades de Manejo em três categorias:
A figura acima exemplifica a localização das UMD em uma área agrícola. Os quadrículos de cor branca representam os locais classificados como de baixo potencial produtivo.
Os quadrículos azul claro locais de médio potencial produtivo e os locais em azul escuro, de alto potencial produtivo.
Pode-se realizar esta classificação através da junção de um conjunto de informações, veja a seguir.
As unidades de manejo podem ser definidas a partir de diferentes metodologias, que utilizam a junção de informações como:
Conforme o mapa de produtividade da cultura do milho, observa-se aumento significativo da produtividade, quando a aplicação de nitrogênio foi realizada de acordo com a necessidade nos diferentes locais do talhão.
Além da coleta de solos por grade amostral, é necessário que a malha amostral seja representativa da área e que permita precisão nas recomendações.
Malhas amostrais entre 0,5 a 1,0 hectares demonstraram melhor relação custo/benefício/acurácia na recomendação e aplicação de fertilizantes de forma geral, sendo a mais recomendada para esta finalidade.
Imagens de diferentes épocas, anos agrícolas e culturas estão disponíveis em bancos de dados, e podem ser utilizadas para o cálculo do NDVI, que estima a quantidade de biomassa vegetal presente, um indicativo do potencial de produção da área.
São originados diversos mapas sobre a condição nutricional da área (presença de micro e macronutrientes), pH, condutividade elétrica e até mesmo altitude, sendo posteriormente, os mapas sobrepostos para classificação mais assertiva das UMD.
As informações utilizadas na classificação das unidades de manejo dependem da disponibilidade de dados da área, podendo ser a junção, por exemplo, de mapas de produtividade e atributos químicos e físicos do solo.
Ou mapas de produtividade e cálculo de índices de vegetação através de imagens de satélite.
E, ainda, mapas de produtividade e condutividade elétrica do solo, dentre outros.
No entanto, é importante ressaltar, que quanto maior for o conjunto de dados (informações utilizadas), maior será a assertividade e precisão na definição das unidades de manejo da área.
As Zonas de Manejo ou Unidades de Manejo de alto potencial produtivo estão relacionadas a: maiores teores de matéria orgânica; fósforo (P); e capacidade de troca catiônica, inclusive em profundidade (até 20 centímetros).
Em contrapartida em Latossolo, por exemplo, o baixo rendimento da cultura da soja em unidades de baixo potencial produtivo foi resultado da baixa capacidade de troca catiônica (CTC), fósforo e matéria orgânica, associado a alto teor de argila.
Só que, no caso do teor de argila, por exemplo, não há como realizar a correção. Sendo, assim, um exemplo de que a aplicação de maiores quantidades de fertilizantes não resultará em maiores produtividades.
Além disso, em algumas situações, o alto teor de argila pode favorecer a compactação do solo, reduzindo ainda a sua capacidade de armazenamento de água. Nestes casos, pode ser necessário o manejo com implantação de plantas de cobertura de diferentes sistemas radiculares.
Já a matéria orgânica do solo em maiores profundidades pode ser associada a unidades de manejo de alto potencial produtivo. Por isso, é tão importante utilizar práticas que permitam a sua incorporação nas áreas de produção.
Além disso, os mapas de colheita, mencionados anteriormente, permitem também realizar amostras de solo localizadas (em áreas de maior e menor produção). Isso permite investigar quais atributos estão restringindo a produtividade nestes locais.
A principal vantagem de conhecer e mapear as diferentes unidades de manejo em uma propriedade é a possibilidade de realizar um manejo mais assertivo. Isso porque, é possível conhecer as necessidades de cada área.
Além disso, há outros dois grandes benefícios, são eles:
Por exemplo, em UMD baixo potencial, muitas vezes a redução do potencial produtivo não está ligado diretamente a propriedades químicas do solo (como fertilidade) e sim físicas, como profundidade do solo, topografia, dentre outros.
Desta forma, a aplicação de fertilizantes por si só não resolverá o problema de limitação da produtividade nestas áreas, e a aplicação de quantidades superiores nestes locais pode inclusive resultar em prejuízo.
De acordo com estudos, para a cultura da soja no Sul do Brasil, a taxa de semeadura pode ser reduzida em 18% em ambientes de alto rendimento, em relação a ambientes de baixo rendimento, sem que haja redução da produtividade!
No entanto, é importante lembrar, que a data de plantio interage diretamente com as respostas produtivas.
Assim, onde os plantios são tardios (após 18 de novembro) pode ocorrer a diminuição do rendimento da cultura da soja, independentemente da taxa de semeadura e das unidades de manejo.
Para o milho, no entanto, o aumento da taxa de semeadura em ambientes ou unidades de manejo de baixo potencial produtivo resultam em redução da produtividade.
Para áreas de alto potencial produtivo, o aumento do número de sementes por área, em contrapartida, pode resultar em incremento da produtividade do milho.
O conhecimento sobre as unidades de manejo da sua lavoura podem auxiliar na tomada de decisão quanto a qual é a população de plantas mais adequada e que permitirá estande uniforme.
Além disso, pode ser utilizada para realização da colheita estratificada, ou seja, por unidade de manejo, garantindo maior autonomia para tomada de decisão na comercialização dos produtos agrícolas.
E ainda, de acordo com pesquisas, no caso da produção de sementes, aquelas originadas em unidades de manejo de alto potencial produtivo podem ser mais tolerantes a estresses. E isso pode resultar em população de plantas mais uniformes, principalmente, quando as condições de semeadura não forem favoráveis.
Para a cultura da soja, por exemplo, a escolha da cultivar (e análise das suas características, especialmente em relação ao potencial de ramificação) podem resultar em maiores produtividades.
Adotando este tipo de manejo, com o conhecimento e adequada construção das unidades de manejo, é possível reduzir os custos com sementes sem comprometer a produtividade da lavoura.
Ainda para a cultura da soja, principalmente para produtores de sementes, a colheita de acordo com a unidade de manejo, pode permitir:
Se a produção oriunda diretamente do campo for de qualidade inferior ao habitual, em função dos estresses sofridos, o armazenamento pode reduzir o peso de matéria seca e consequentemente o valor de comercialização.
O conhecimento das UMDs (ou Zonas de Manejo Diferenciados) da sua área de produção podem auxiliar em um manejo mais assertivo.
A partir delas pode-se tomar decisão em relação à taxa de semeadura e até mesmo a realização da colheita estratificada, por UMD.
É importante ressaltar que o conhecimento por si só das UMDs na sua área de produção não garantirá melhores resultados produtivos, mas sim a interpretação correta das informações, acompanhada de um manejo adequado!
Para conduzir a sua lavoura sob esse sistema, é necessário um bom planejamento e análise de dados, por isso, consulte um Engenheiro Agrônomo.
Engenheira Agrônoma (UFFS), Mestra em Fitossanidade pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), com área de concentração fitopatologia. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) na área de sanidade vegetal e pós-colheita. Tem experiência nas áreas de fitopatologia, controle de doenças de plantas, grandes culturas, pós-colheita de grãos e sementes e agricultura de precisão.
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