Cultivo

Plantio de soja: o que levar em conta na hora de realizar a dessecação de pré-semeadura

Saiba como e quando realizar a dessecação de pré-semeadura, a importância de fazer essa operação antes do plantio da soja, quais os cuidados que devem ser tomados e muito mais.

Iniciar a lavoura no limpo, sem a presença de plantas daninhas é fundamental para impulsionar o desenvolvimento da cultura.

A dessecação elimina os restos da cultura de cobertura e outras plantas indesejadas antes da semeadura da soja.

Para que esta operação seja efetiva o planejamento é fundamental, o que, aliado ao conhecimento da área faz toda a diferença.

Quer saber mais sobre a influência da dessecação de plantas daninhas antes da cultura da soja, venha conferir no texto a seguir!

Porque dessecar as plantas antes da semeadura da soja?

Devido à fisiologia da soja e ao manejo da ferrugem asiática, é preciso realizar o vazio sanitário, ou seja, não semear a cultura na área durante um período.

Assim, o plantio da soja começa a partir da segunda quinzena de setembro em alguns estados e em outros a partir de outubro.

Desse modo, neste período de entressafra da cultura da soja, realiza-se o cultivo de outras culturas, sendo necessário a atenção no controle dessas plantas e das plantas daninhas.

Pois, isto evita que ocorra competição destas plantas invasoras com as plantas de soja, por espaço, luz, nutrientes e água.

Além disso, outro problema relacionado à presença de plantas invasoras antes do plantio da soja e durante o estabelecimento da cultura, é que essas plantas podem ser hospedeiras de doenças e pragas que, após a emergência das plantas, interferem no desenvolvimento da lavoura.

O milho RR como uma cultura antecessora a soja, tem que ser bem controlado, pois as plantas voluntárias de milho, não são controladas com glifosato em uma soja RR.

De acordo com estudos, de duas a três plantas de milho por metro quadrado, podem causar a redução de até 50% da produtividade da soja.

Por isso, realizar uma dessecação correta, no momento ideal e com produtos recomendados, faz muita diferença na produção.

Plantas de milho voluntárias na cultura da soja.
(Fonte: Embrapa)

Quando e como realizar a dessecação em pré-semeadura da soja

O controle das plantas daninhas deve ser realizado no momento adequado, a fim de evitar que os herbicidas utilizados não prejudiquem a o plantio da soja.

Normalmente, a aplicação dos herbicidas para controle das plantas daninhas e voluntárias ocorre 30 dias antes da semeadura da soja.

É preciso, entretanto, observar alguns pontos para escolher a época mais adequada e os herbicidas corretos para aplicação em pré-semeadura.

  • Quais plantas daninhas ou voluntárias estão presentes na área?
  • Qual o tamanho destas plantas?
  • Há resistência de herbicida por alguma espécie de planta daninha na área?
  • Qual o tipo de solo?
  • Qual sistema de manejo, plantio direto ou convencional?
  • Depois de quanto tempo posso semear a soja, sem que ocorra intoxicação das plantas de soja, se utilizar determinado herbicida?
  • Se tiver milho voluntário, ele é resistente ao glifosato?

Assim, conhecer o histórico de plantas daninhas da área e planejar com antecedência as atividades no campo, são duas ações fundamentais para um controle mais efetivo.

A partir disso, é possível tomar uma decisão sobre qual tipo de herbicida utilizar:

  • Herbicidas pré-emergentes, para aplicação antes da emergência das plantas daninhas;
  • Produtos pós-emergentes, para aplicação quando as plantas invasoras ainda estiverem pequenas;
  • Herbicidas utilizados em sistema de aplique-plante, que são produtos aplicados alguns dias antes da semeadura da soja, pois não causam prejuízos na germinação e emergência das plântulas.

Atenção às condições climáticas

Outro ponto importante é saber como está a área, se ocorreu seca ou geada e qual foi sua interferência nas plantas daninhas.

As plantas invasoras apresentam maior tolerância à estresses em comparação com as culturas comerciais.

Além disso, mesmo ocorrendo queima das folhas pela geada, ou murcha pela seca, a capacidade de recuperação destas plantas é maior.

Assim, após a ocorrência destes eventos climáticos, o controle deve ser realizado após a recuperação destas plantas. Pois com as folhas recuperadas melhor e maior será a absorção dos herbicidas.

Exemplo de plantas daninhas (seta vermelha) após a geada.
(Fonte: A- Noticias Agrícolas e B- Brasilagro)

Importância do manejo integrado de plantas daninhas no plantio de soja

O uso de herbicidas é uma das ferramentas disponíveis no controle de plantas daninhas e voluntárias.

Entretanto, devido ao manejo inadequado dos produtos, algumas espécies de plantas daninhas foram se tornando resistentes ou tolerantes a alguns herbicidas.

Tolerância x Resistência

A tolerância é uma característica da espécie de planta daninha. Que faz com que ela sobreviva  à aplicação de determinado herbicida na dose recomendada, e que seria letal para outra espécie, mesmo sem nunca ter usado aquele mecanismo de ação do herbicida na área.

Já uma planta daninha resistente sobrevive a determinado herbicida porque adquiriu essa característica com o passar do tempo. Mas, a dosagem do produto ainda é capaz de controlar outras plantas da mesma espécie que não possuem a mesma resistência.

Assim, o uso repetitivo do herbicida ou utilização de herbicidas com o mesmo mecanismo de ação, favorece a resistência das plantas daninhas, por isso é importante rotacionar produtos com ação diferentes nas plantas.

Em áreas de produção de soja RR, devido ao uso constante de glifosato, já existem plantas daninhas de difícil controle por este herbicida, como a buva, o capim-amargoso, Amaranthus palmeri e o capim pé-de-galinha.

Desse modo, é necessário adotar outras medidas de controle, que visam controlar estas e outras plantas e manter a área limpa antes do plantio da soja.

Assim, o manejo integrado de plantas daninhas consiste na adoção de práticas que reduzem a presença de plantas daninhas nas áreas.

Ele pode ser dividido em 4 métodos de controle:

Método preventivo

São medidas a serem adotadas a fim de evitar a entrada de sementes ou materiais propagativos de plantas daninhas ainda não existente na área, como:

  • Limpeza de máquinas e implementos;
  • Limpar áreas de carreadores, beira de estradas;
  • Uso de sementes certificadas ou fiscalizadas.

Método cultural

O método cultural visa favorecer o crescimento da cultura da soja em relação às plantas daninhas através, por exemplo, das seguintes técnicas:

  • Realizar rotação de culturas;
  • Utilizar do espaçamento e população de plantas recomendada;
  • Utilizar cobertura do solo, sistema de plantio direto;
  • Realizar a semeadura na época adequada;
  • Usar cultivares adaptados ao tipo de solo e região;
  • Utilizar sementes de alto vigor.

O potencial produtivo de uma lavoura se inicia na semente, elas carregam a máxima produção que é possível obter em campo, caso todas as condições sejam favoráveis.

Em caso de condições climáticas adversas, sementes de alta qualidade mantêm por mais tempo o vigor, ou seja, conseguem germinar e emergir formando um estande adequado.

Assim, utilizar lotes de sementes com alta porcentagem de germinação e emergência, são fundamentais para que as plantas sejam mais competitivas por espaço, água, luz e nutrientes.

Método mecânico

Este método consiste no arranque de plantas manualmente, pela capina manual ou mecânica. Em grandes áreas não é realizado, pois é um processo mais demorado.

Mas é importante monitorar a área, andando nos talhões após a aplicação dos herbicidas, caso alguma planta daninha de determinada espécie não tenha sido controlada como as demais,e retirar esta planta antes que ela produza sementes.

Método químico

O controle químico é o mais realizado nas áreas e é importante que seja feito corretamente, por isso, é necessário:

  • Rotacionar os herbicidas com mecanismos de ação diferentes;
  • Utilizar a dose e época de aplicação recomendada do produto;
  • Usar herbicidas de ação residual para o banco de sementes no solo.

Para um controle eficiente das plantas daninhas, o monitoramento do campo é essencial, visto que há uma grande quantidade de sementes destas plantas no solo.

Um exemplo são as espécies de Amaranthus spp. que podem produzir cerca de 120.000 sementes por planta.

Estas sementes ficam em profundidades distintas do solo, denominado banco de sementes, e , conforme elas vão recebendo os estímulos necessários, ocorre a germinação e estabelecimento das plantas ao longo do tempo.

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Desse modo, utilizar herbicidas pré-emergentes, alterando diferentes mecanismos de ação, impede, por um determinado tempo, a emergência de plantas daninhas, isso devido ao efeito residual desses produtos no solo.

Em resumo, adotar mais de um método de controle é uma estratégia eficaz e faz com que ocorra mais sustentabilidade na área e assim, seja necessário utilizar menos produtos químicos, o que também diminui os custos e o impacto ambiental

Cuidados durante a aplicação dos herbicidas

Em praticamente todas as áreas de produção de soja, o uso de herbicidas é um método constante de controle de plantas daninhas. 

Assim, é necessário seguir alguns cuidados para que a aplicação seja efetiva, atingindo o alvo do modo desejado, ocorrendo melhor controle.

  • Utilizar os bicos adequados dependo do produto, dose e volume de calda;
  • Observar a velocidade do vento, em geral, o ideal é de 3 a 10 km/h;
  • Umidade relativa do ar mínima de 55%;
  • Temperatura ideal de 20 a 30°C;
Velocidade do vento ideal para pulverização.
(Fonte: Andef)

Conclusão

Neste artigo vimos que, realizar a dessecação da área antes da semeadura da soja é benéfico para a cultura, principalmente no início do seu desenvolvimento.

Vimos que, para realizar uma boa dessecação, é necessário responder algumas perguntas para utilizar corretamente o herbicida.

Além disso, o uso constante do mesmo produto causa resistência de algumas plantas daninhas.

Por isso, aliar outras medidas de controle de plantas invasoras é uma boa estratégia para evitar problemas com resistência, além de reduzir os custos.


Referências

ROMAN, E. S.; BECKIE, H.; VARGAS, L.; HALL, L.; RIZZARDI, M. A.; WOLF, T. Como funcionam os herbicidas: da biologia à aplicação. Berthier: Passo Fundo, 2007. 160 p. Disponível em: https://www.embrapa.br/documents/1355291/12492345/Como+funcionam+os+herbicidas/954b0416-031d-4764-a703-14d9b28b178e?version=1.0

VARGAS, L. Resistência de plantas daninhas a herbicidas. Disponível em: https://www.embrapa.br/documents/1355291/12497989/Resist%C3%AAncia+de+plantas+daninhas+a+Herbicidas.pdf/2e342c93-62ef-4209-a14e-ae72c978e891?version=1.0

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