Saiba quais são as pragas mais comuns no início do ciclo de desenvolvimento do milho e como realizar o seu manejo na prática!
Diversos fatores podem reduzir a produtividade do milho, como o estresse hídrico e o ataque de pragas e doenças.
No caso das pragas, por exemplo, as perdas podem ser bem elevadas.
De acordo com uma pesquisa do Cepea (ESALQ/USP), a não realização do controle de pragas como as lagartas, principalmente a Spodoptera, pode levar à perdas de até 40% na produção, refletindo na alta de até 13,6% no preço do grão.
Dessa forma, é muito importante conhecer sobre as principais pragas que podem ocorrer no início do desenvolvimento da cultura.
Isso porque, um controle eficiente tem início na identificação precoce das mesmas.
Então, confira a seguir as sete principais pragas que podem ocorrer nas fases iniciais da cultura do milho e como manejá-las a fim de reduzir seus danos à lavoura.
A cultura do milho pode ser afetada por inúmeras pragas em diferentes fases do seu desenvolvimento, incluindo as pragas iniciais, de parte aérea e colmo.
As pragas iniciais, sejam de sementes e ou raízes são aquelas que afetam a lavoura de milho desde a germinação até a fase de plântula, interferindo no primeiro componente de produtividade da cultura: a população de plantas.
Estas pragas tem potencial de causar algum dano até 30 dias após a semeadura. Além disso, elas podem ser identificadas, principalmente, por falhas do estande em reboleiras e, em casos severos, prejudicam a cultura a ponto de ser necessário realizar novamente a semeadura em partes da área.
Os danos mais severos ocorrem, principalmente, em veranicos.
Veja, a seguir, as pragas iniciais da cultura do milho que afetam as sementes ou as raízes das plantas.
Apesar de seus danos causados pela sucção da seiva serem pequenos, as cigarrinhas são transmissoras de doenças. A cigarrinha-do-milho, por exemplo, é capaz de disseminar viroses e os enfezamentos pálido e vermelho.
Alguns dos sintomas do ataque das cigarrinhas são: redução da quantidade de nutrientes absorvidos pela planta, estrias e aspecto semelhante à deficiência nutricional.
A cigarrinha-do-milho pode ser identificada a partir da inspeção das plantas ou instalação de armadilhas amarelas na área de cultivo.
Cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis)
Cigarrinha-das-pastagens (Deois flavopicta)
Os danos ocasionados pelo ataque destas pragas incluem: sucção da seiva e disseminação de doenças.
Além disso, as condições climáticas favoráveis para a proliferação das cigarrinhas e dos enfezamentos são: temperaturas de 17ºC à noite e acima de 27ºC durante o dia, além de períodos chuvosos ou áreas irrigadas frequentemente.
O controle pode ser feito através do monitoramento da área, uso de inseticidas sistêmicos e controle biológico.
O controle e monitoramento iniciais são fundamentais para reduzir os danos e a ocorrência de doenças associadas à cigarrinha-do-milho. Por isso, o monitoramento com iscas ou armadilhas deve ser realizado antes mesmo da semeadura.
No caso da cigarrinha-das-pastagens, é importante ficar de olho se há cultivo de gramíneas ou brachiaria próximos à área, uma vez que os insetos migram destas áreas para as lavouras de milho.
Além disso, o controle cultural, com eliminação de plantas hospedeiras, evitando ainda o plantio milho após milho, e cultivares e/ou espécies suscetíveis, são os mais recomendados junto ao tratamento biológico ou químico de sementes.
Os cupins também são pragas de grande importância nas lavouras de milho. Eles possuem hábitos subterrâneos e, por isso, são capazes de afetar as raízes e as sementes no solo.
Entre os sintomas do ataque de cupins estão a mudança de coloração e o murcha das folhas.
Os principais gêneros são Heterotermes sp., Cornitermes sp. e Procornitermes sp. que ocorrem, principalmente, em solos do cerrado.
Entre os danos por ataques de cupins estão: falha na emergência pela destruição das sementes, murcha e até morte de plântulas.
Além disso, as condições climáticas favoráveis ao seu aparecimento ocorrem na primavera.
Por fim, o controle desta praga pode ser realizado por meio do tratamento de sementes e aplicação de inseticidas no sulco de semeadura.
Outra praga bastante comum nas lavouras é o coró-do-milho.
Entre os sintomas do seu ataque estão: falhas na emergência e tombamento das plântulas; amarelecimento e enfezamento de plantas; folhas murchas e de aspecto seco. Além disso, os sintomas geralmente ocorrem em reboleiras.
O coró-do-milho pode ser de uma das seguintes espécies: Phyllophaga cuyabana e Liogenys suturalis.
Seus danos são mais frequentes no milho safrinha da região Centro-Oeste.
Os danos provocados pelo coró incluem: a redução significativa da produção, principalmente, se estiverem presentes em estágios mais avançados de desenvolvimento da cultura.
Além disso, esta praga é mais comum em áreas com grande quantidade de palhada sobre o solo e solos não compactados.
Por fim, o seu controle pode ser feito por meio do tratamento de sementes, bem como pulverização do sulco de semeadura.
As lagartas têm potencial de causar até 50% de redução nos rendimentos da cultura, caso o controle não seja realizado.
Além disso, o uso excessivo de inseticidas com o mesmo princípio ativo e aplicados em momentos inadequados, tem contribuído para a resistência das lagartas aos princípios ativos de alguns inseticidas, principalmente a lagarta-do-cartucho.
Embora o ataque de lagartas ocorra com maior intensidade no período vegetativo e reprodutivo, elas já são capazes de causar danos logo após a emergência das plantas.
Assim, o ataque das lagartas pode causar a destruição do ponto de crescimento da planta (em estágios iniciais), a murcha e até mesmo morte de folhas.
A identificação pode ser feita a partir dos ovos, da lagarta e da mariposa (fase adulta), conforme as imagens a seguir.
Mais comum em regiões de temperaturas mais elevadas e em períodos secos
Os danos desta praga incluem: raspagem, perfuração e corte das plantas rente ao solo, provocando o tombamento das plântulas logo após a emergência e também quando adultas.
Além disso, elas são favorecidas por períodos mais quentes e secos.
O controle das lagartas inclui: o tratamento de sementes com inseticidas sistêmicos apropriados, conferindo proteção entre 15 a 20 dias após a emergência da cultura, dependendo do produto utilizado.
Outra prática de controle é a utilização de armadilhas com feromônio, utilizando uma armadilha para até cinco hectares (refil contendo o hormônio tem duração de até 25 dias), para monitoramento efetivo da praga.
Além disso, em plantios convencionais, recomenda-se o preparo prévio da área, de duas a três semanas antes do plantio.
As larvas também são pragas que podem afetar e muito as lavouras de milho, uma vez que elas consomem as raízes adventícias (que se formam a partir do caule) das plantas.
As duas que mais merecem atenção são:
Os danos provocados pelo ataque destas larvas incluem: a redução da produtividade pelo consumo de raízes e sementes no solo; redução de área foliar; e, por fim, acamamento de plantas. Os danos são mais aparentes de 4 a 6 semanas após a emergência.
O sistema de plantio direto, com níveis adequados de umidade (excesso ou restrição hídrica desfavorecem a larva) e solos ricos em matéria orgânica são as condições mais favoráveis para o aparecimento destas larvas.
Assim, o controle destas pragas pode ser realizado através do tratamento de sementes com inseticidas granulados ou pulverizados no sulco, de bom residual. Além disso, é importante realizar o monitoramento da área, inclusive antes da semeadura.
Os principais sintomas de ataque de percevejos no milho incluem: a deformação e descoloração da região atacada pela sucção da seiva; e murcha. Além disso, pode haver a formação de manchas escuras nos locais da picada.
Existem diversas espécies de percevejos e sua diferenciação ocorre, principalmente, pela cor. Os mais comuns são:
O ataque de percevejos pode levar à redução do perfilhamento e da produtividade da lavoura.
Além disso, as condições climáticas que favorecem o aparecimento desta praga incluem altas temperaturas e umidade, uma vez que tais fatores aceleram o ciclo de desenvolvimento dos percevejos.
Assim, é comum que, em períodos quentes, os insetos se abriguem no terço inferior da planta, dificultando o controle.
Para realizar o controle destes percevejos é preciso levar em conta:
Os tripes tem maior ocorrência, principalmente, em regiões de baixa umidade nos estados do Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais, e em áreas do cerrado, reduzindo a produtividade do milho, mesmo em materiais com tecnologia Bt.
Assim, os sintomas de ataque de tripes nas lavouras incluem: folhas esbranquiçadas, com aspecto prateado, em decorrência da alimentação dos insetos por raspagem, tendo ainda potencial de disseminar doenças, principalmente viroses.
Além disso, o inseto passa parte do seu ciclo no solo, por isso, é necessário o tratamento de sementes em áreas infestadas ou com histórico de infestação.
Vale lembrar que longos períodos de estiagem favorecem o aparecimento desta praga. E o seu ataque severo pode causar a morte das plântulas e a redução da população de plantas.
Por fim, o controle pode ser feito por meio do tratamento de sementes com inseticidas sistêmicos recomendados e monitoramento constante da lavoura.
É muito importante realizar o constante monitoramento das pragas na área de cultivo e manter um registro do histórico de ocorrências.
Isso porque, quanto maior forem as informações da área e suas características, mais assertivo será o controle de pragas.
Assim, para o monitoramento das condições climáticas vigentes, você pode contar com o auxílio do app da BoosterAgro.
Ou seja, mais comodidade e assertividade nas decisões de pulverizações na palma da sua mão!
Em resumo, um conjunto de pragas podem ocorrer durante as fases iniciais da cultura do milho, sendo de grande importância iniciar o monitoramento antes da semeadura e mantê-lo ao longo de todo o ciclo da cultura.
Assim, para garantir o estabelecimento da cultura e da população de plantas (componentes importantes para a produtividade) é preciso monitorar as áreas, observando as pragas da cultura antecessora e planejando quais estratégias de manejo mais adequadas.
Dessa forma, acompanhe constantemente a sua lavoura, utilizando iscas ou armadilhas e realize o controle sempre utilizando mais de uma alternativa disponível incluindo: controle cultural; físico; genético; biológico; bem como o químico. A fim de evitar a resistência das pragas aos inseticidas.
Por fim, quando optar pelo controle químico, evite utilizar em sequência o mesmo princípio ativo. E lembre-se: o sucesso do controle pelos inseticidas depende do seu planejamento de uso também!
Engenheira Agrônoma (UFFS), Mestra em Fitossanidade pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), com área de concentração fitopatologia. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) na área de sanidade vegetal e pós-colheita. Tem experiência nas áreas de fitopatologia, controle de doenças de plantas, grandes culturas, pós-colheita de grãos e sementes e agricultura de precisão.
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