Saiba o que é a matéria orgânica do solo, conheça seus benefícios e a sua relação com o pH, CTC, estrutura do solo e muito mais!
A matéria orgânica (MO) é a fração orgânica composta por resíduos mortos de vegetais e animais, compostos de microrganismos e húmus presente no solo.
Ela passa por processos físico-químicos que resultam em inúmeros estágios de decomposição para que os nutrientes sejam absorvidos de forma mais eficiente pelas plantas.
O último estágio e o mais estável deles é conhecido como húmus, que é um composto orgânico de coloração escura que atua diretamente na dinâmica de fertilidade dos solos agrícolas.
A MO do solo possui a capacidade de alterar as relações físico-químicas dos solos, melhorando a disponibilidade de nutrientes, microrganismos e outros agentes biológicos presentes em cada talhão da propriedade.
Além disso, ela atua na estrutura dos agregados como cimentante, auxilia na fertilidade, controle de temperatura, armazenamento e disponibilidade de água do solo.
A seguir, conheça 6 fatos importantes sobre a matéria orgânica presente no solo.
Uma parcela das terras usadas para agropecuária no Brasil se encontra em estágios de degradação devido às práticas agrícolas inadequadas aplicadas nesses locais associadas ao clima dessas regiões.
Estes solos degradados acabam sendo pobres em matéria orgânica, além de apresentarem baixas produtividades e serem mais suscetíveis a processos de desertificação.
Por isso, práticas que visam a conservação do solo são tão importantes, como o plantio direto – que consiste na manutenção da palhada na superfície do solo sem revolvimento – e rotação de culturas.
Isso porque, elas auxiliam no aumento e na manutenção da matéria orgânica nos solos.
A rotação de culturas, por exemplo, ajuda no desenvolvimento de uma maior biodiversidade de microrganismos presentes no solo, o que leva ao aumento da matéria orgânica e pode interferir diretamente na produtividade das lavouras.
Além disso, a formação de húmus (produto de decomposição parcial dos resíduos vegetais e animais presentes no solo) é essencial para a formação da estrutura do solo. Isso porque, ele atua como agente agregador das partículas, melhorando a estrutura do solo.
Se o húmus for decomposto e perdido, os agregados serão desmanchados, afetando a estrutura do solo, que poderá se tornar compacto e amorfo.
A matéria orgânica propicia a estabilidade do pH do solo e auxilia o desenvolvimento de sua microbiota, visto que atua com uma espécie de poder tampão.
Além disso, a matéria orgânica do solo reduz as perdas de nutrientes por lixiviação, agindo como agente cimentante entre os agregados do solo.
A matéria orgânica do solo possui relação direta com a CTC.
De maneira geral, quanto maior o teor de carbono orgânico no solo, maior será a sua CTC, bem como sua capacidade de absorção de cátions.
A maior parte desses cátions adsorvidos no solo são nutrientes que podem ser absorvidos pelas plantas.
Assim, com o aumento da matéria orgânica do solo é possível ter uma maior disponibilidade de nutrientes às culturas.
Cátions como Ca2+, Mg2+ e K+ (cálcio, magnésio e potássio, respectivamente) ficam disponíveis com o aumento da matéria orgânica do solo e, por consequência, com o aumento da CTC.
Como mais da metade do enxofre presente no solo está na forma orgânica, o aumento da matéria orgânica do solo também leva ao maior fornecimento desse nutriente às plantas.
Além disso, o aumento da matéria orgânica nos solos propicia o maior desenvolvimento de micorrizas.
Isso é importante porque as micorrizas (associações entre fungos e raízes das plantas) favorecem a capacidade de absorção de água e nutrientes.
Por fim, a matéria orgânica do solo atua diretamente na CTC do solo ajudando a reter nutrientes, além de evitar a lixiviação e fornecer às plantas elementos como potássio, cálcio, zinco, manganês, nitrogênio, fósforo entre outros.
Solos ricos em matéria orgânica possuem melhor estrutura e estabilidade dos agregados, o que influencia na maior retenção de água, maior biodiversidade de microrganismos e bactérias, sendo essencial para fornecer um maior teor de nutrientes às plantas.
No entanto, em muitas áreas agrícolas ainda é comum adotar técnicas de manejo convencional com aração e gradagem.
O problemas é que elas influenciam na quantidade de matéria orgânica disponível no sol. Além de colaborar para erosão do solo, escoamento superficial e lixiviação de nutrientes.
Por isso, muitos agricultores têm adotado o Sistema de Plantio Direto, que auxilia na formação de uma maior quantidade de matéria orgânica no solo.
Porém, vale ressaltar que a palhada mantida na superfície do solo ainda intacta não tem efeito sobre o aumento da matéria orgânica do solo. Pois, antes, ela precisa passar por um processo de decomposição.
O húmus, por exemplo, por já possuir agentes intermediários da decomposição, é mais benéfico ao solo e ao aumento da matéria orgânica, se comparado com restos vegetais como uma palha recém cortada adicionada ao solo.
Além disso, é importante se atentar aos tipos de restos culturais que serão inseridos nas lavouras: esterco curtido ou restos culturais utilizados em sistemas de plantio direto são mais passíveis de serem transformados em matéria orgânica quando comparados a materiais com teores maiores de lignina ou menos tenros.
A presença de matéria orgânica nos solos agrícolas traz benefícios como:
No entanto, é necessário selecionar quais plantas utilizar visando a matéria orgânica do solo, analisando principalmente suas relações C/N (Carbono/Nitrogênio).
Isso porque, as gramíneas geralmente apresentam maior produção de matéria seca por hectare e tendem a disponibilizar uma maior quantidade de palhada nos sistemas.
Porém, devido à sua alta relação C/N, elas tendem a liberar menores quantidades de nitrogênio provenientes de seus restos culturais.
Já no caso das leguminosas, maiores quantidades de nitrogênio tendem a ser inseridas no sistema. Porém, a sua quantidade de matéria seca tende a apresentar baixa durabilidade no solo.
Assim, uma boa combinação de rotação de culturas e utilização de culturas de cobertura, alternando entre gramíneas e leguminosas, pode garantir boa palhada na superfície do solo e melhorar a uniformidade da matéria orgânica nas áreas cultivadas.
É possível, sim, aumentar o teor de matéria orgânica do solo, embora não seja uma tarefa fácil, pois requer conhecimento, planejamento e alguns anos para se observar os resultados.
Por exemplo, a utilização do Sistema de Plantio Direto, em que há o uso de culturas de cobertura associado ao não revolvimento do solo, proporciona uma maior mineralização de nutrientes, bem como sua disponibilidade às culturas.
Assim, fazendas que utilizam plantio convencional e querem migrar para o plantio direto para o maior acúmulo de matéria orgânica no solo, devem trabalhar a fertilidade e o pH do solo em subsuperfície, realizando calagem e gessagem em profundidade, se necessário.
Para isso, uma amostragem de solo é essencial para o cálculo correto dos insumos a serem inseridos em cada talhão.
A grande vantagem é que solos com altos teores de matéria orgânica podem utilizar menores quantidades de nutrientes. Na prática, isso representa economia no gasto com insumo.
As práticas convencionais de manejo acabam, muitas vezes, revolvendo o solo e afetando sua estrutura.
Isso dificulta a estabilização do pH, prejudica a CTC e o acúmulo de MO (matéria orgânica) do solo, sendo pouco eficientes para aumentos de produtividade e redução de custos no campo.
Em contrapartida, o aumento da MO é essencial para sistemas que buscam altas produtividades.
Porém, seu incremento no solo requer anos de prática, utilização de Sistemas de Plantio Direto: evitando o revolvimento do solo; adotando a rotação de culturas; e a utilização de plantas de cobertura.
Mas, no final, o resultado desse esforço acaba compensando!
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