Pragas

Saiba quais são as principais pragas do feijoeiro

Pragas do feijoeiro: conheça as pragas-chave dessa cultura, em quais fases da planta elas causam maiores prejuízos e como manejá-las!

Terminar a safra com altas produtividades, com produção de qualidade, podendo pagar os custos e ter lucratividade é o desejo de todo produtor.

No entanto, a ocorrência de pragas na lavoura e seu manejo inadequado pode seriamente comprometer o desempenho do feijoeiro.

Assim, neste artigo vamos identificar as pragas-chave do feijoeiro, em quais momentos causam maiores prejuízos e como controlá-las corretamente. Venha conferir!

Como identificar as pragas do feijoeiro?

Nem todos artrópodes (como insetos e ácaros) presentes na lavoura causam prejuízos à produtividade e, por isso, é fundamental identificar corretamente as pragas.

Além de diferenciar as espécies que causam danos econômicos das que são inimigos naturais, conhecer a praga é determinante para a eficiência do controle.

Antes de tudo, é importante lembrar que, na cultura do feijão, existem mais de 30 espécies que podem causar sérios prejuízos à sua produção!

Além disso, essas pragas do feijoeiro podem ser agrupadas de acordo com a fase de desenvolvimento da cultura em que ocorrem.

Assim, é importante conhecer, também, os estádios fenológicos do feijão que compreendem as fases vegetativas e reprodutivas.

Desenvolvimento da planta de feijão (Fonte: Canale e colaboradores (2020))

As principais pragas encontradas nas safras de feijão no Brasil podem ser agrupadas em seis categorias para melhor identificação: 

  • Pragas das sementes, plântulas e raízes;
  • Desfolhadoras;
  • Raspadoras e sugadoras;
  • Das hastes e axilas;
  • Das vagens;
  • Dos grãos armazenados.

Pragas das sementes, plântulas e raízes

Os enormes prejuízos destas pragas são decorrentes da interferência no estande das plantas, que é a base para a formação da lavoura e para que se obtenha altas produtividades na cultura.

Lagarta-rosca: Agrotis ipsilon

Alimenta-se das sementes nos sulcos de plantio e corta as plântulas rente ao solo (V0 a V4), podendo comprometer drasticamente o estande da cultura.

Larva (A) e adulto (B) de A. ipsolon (Fonte: Canale e colaboradores (2020))

Lagarta-elasmo: Elasmopalpus lignosellus

Perfura o caule próximo à superfície do solo, além de fazer galerias que resultam em murcha e morte das plântulas (V0 a V4). Além disso, consome as sementes e raízes, mas concentra o ataque na fase inicial de desenvolvimento do feijoeiro, provocando enormes falhas na lavoura. 

Lagarta-Elasmo: Adulto (A) e lagarta (B). (Fonte: Quintela e Barbosa (2015))

Lagarta-cortadeira (Spodoptera frugiperda) e Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis)

As lagartas cortam as plântulas rentes ao solo e em plantas mais desenvolvidas raspam o caule.

Spodoptera frugiperda: lagarta (A), adultos (B), seu dano (C) e Anticarsia gemmatalis: lagarta (D), Adulto (E) e seu dano (F). (Fonte: Adaptado de Quintela e Barbosa (2015))

Pragas desfolhadoras

As pragas desfolhadoras podem comprometer a cultura em quase todo seu ciclo no campo e os prejuízos são decorrentes, principalmente, da perda de área foliar. 

Vaquinhas: Diabrotica speciosa e Cerotoma arcuata

Causam desfolhamento nas fases de V1 a R8, gerando danos durante todo o ciclo do feijão. Além disso, podem causar danos irreversíveis quando atacam o broto apical das plântulas e, quando presentes em altas infestações, consomem as flores e as vagens.

Diabrotica speciosa: larvas (A), adulto (B), danos nas folhas (C) e Cerotoma arcuata: larvas (D), adultos (E) e danos nas vagens (F). (Fonte: Quintela e Barbosa (2015))

Minadora: Liriomyza spp.

Alimenta-se dos tecidos das folhas fazendo galerias irregulares ou minas, principalmente nos estádios V1 a R7.

Liriomyza sp: larva (A), pupas (B), fase adulta (C) e danos causados (D). (Fonte: Canale e colaboradores (2020))

Lagarta-falsa-medideira: Chrysodeixis includens

Alimenta-se das folhas (V1 a R8), mas não consome as nervuras centrais e laterais.

C. includens: larva (A), adulto (B) e seu dano característico em desfolha rendilhada (C).
(Fonte: Botelho e colaboradores (2019) e Canale e colaboradores (2020))

Pragas raspadoras e sugadoras

Cigarrinha-verde: Empoasca kraemeri

Alimenta-se das folhas (V1 a R7) e injeta substâncias tóxicas que se assemelham com viroses, podendo causar enormes perdas de produtividade.

Empoasca sp.: ninfa (A), adulto (B) e seu dano (C). (Fonte: Marín (2011) e Canale e colaboradores, (2020))

Mosca-branca: Bemisia tabaci biótipos A e B

Pode ocorrer desde a emergência das plântulas até a formação das vagens. Além disso, os maiores prejuízos são decorrentes da transmissão do vírus do mosaico-dourado e pela excreção açucarada que favorece o desenvolvimento do fungo (fumagina). 

B. tabaci: Ninfas (A) e adulto (B). (Fonte: Quintela (2009) e Vázquez (2017))

Thrips palmi, Caliothrips brasiliensis e Thrips tabaci

Alimentam-se de folhas e flores (V1 a R6), e podem causar a queda prematura dos botões florais e vagens, quando em alta infestação.

Thrips palmi e Caliothrips brasiliensis (Fonte: Quintela (2009))

Ácaro-branco (Polyphagotarsonemus latus) e Ácaro-rajado (Tetranhychus urticae)

Podem ocorrer de V2 a R8, comprometem a área foliar. Vale destacar que, em altas populações, o ácaro-branco também pode atacar as vagens.

Ácaro-branco (A) e seus danos (B e C) e Ácaro-rajado (D) e seus danos (E). (Fonte: Quintela (2009))

Pragas das hastes e axilas

Broca-das-Axilas: Crocidosema aporema

Esta praga se alimenta do ponteiro, caule, ramos, flores e vagens do feijoeiro causando diversos prejuízos.

Adulto (A) e larva (B) de E. aporema (Fonte: Quintela e Barbosa (2015))

Tamanduá-da-soja: Sternechus subsignatus

Considerada uma praga de difícil controle, o tamanduá-da-soja dilacera os pecíolos e a haste principal, provocando a quebra e morte das plantas.

Adulto (A) e larva (B) de Sternechus subsignatus. (Fonte: Hoffmann-Campo (2021))

Pragas das vagens

Causam enormes prejuízos a partir da fase R5, comprometendo seriamente a produção de feijão.

Percevejos: Manchador-dos-grãos (Neomegalotomus simplex), verde (Nezara viridula) e marrom (Euschistus heros)

Alimentam-se dos grãos, afetam a qualidade das sementes e causam a depreciação das vagens.

Adultos dos percevejos: Manchador-dos-Grãos (A), verde (B) e marrom (C). (Fonte: Quintela (2009))

Lagarta-das-vagens (Helicoverpa armigera, Maruca vitrata, Etiella zinchenella, Thecla jebus)

A H. armigera também se alimenta das estruturas vegetativas, mas tem preferência por órgãos reprodutivos. Causam enormes prejuízos, principalmente às vagens e grãos de feijão.

Lagartas: H. armigera (A), M. vitrata (B), E. zinchenella (C) e T. jebus.
(Fonte: Quintela e Barbosa (2015))

Pragas dos grãos armazenados

Caruncho-do-feijão: Zabrotes subfasciatus

Causa prejuízos aos grãos e sementes durante a pós-colheita. Além de favorecerem a entrada de microrganismos, bem como o aquecimento da massa dos grãos no armazenamento.

Adulto do caruncho (Fonte: Quintela, (2002))

Como manejar as principais pragas do feijoeiro?

Assim, independente se sua lavoura corresponde ao feijão de 1ª, 2ª ou 3ª safra, para o controle eficiente dessas pragas, algumas estratégias são fundamentais: 

  • Época de semeadura adequada de acordo com sua região, principalmente para o manejo da mosca-branca;
  • Tratamento de sementes: fundamental em áreas com alta incidência de pragas de solo;
  • Uso de variedades resistentes para impedir a ocorrência de vírus;
  • Monitoramento e amostragem: precisam ser realizados periodicamente, pois são muito importantes para a identificação das pragas antes delas ocasionarem danos econômicos. Podem ser feitos conforme a praga e fase do feijoeiro como em Quintela (2001));
  • Realizar a identificação da praga e o seu nível de controle (NC): saber identificar as pragas presentes na lavoura, bem como a partir de qual momento a sua presença começa a representar possíveis perdas econômicas é essencial. Alguns exemplos de nível de controle são: 10% de plantas atacadas, no caso de pragas de solo; 20 insetos em 2 metros, no caso de vaquinhas; dentre outras, conforme em Posse e colaboradores (2010));
  • Eliminação de plantas hospedeiras: principalmente para controle de pragas das sementes, plântulas, raízes, lagartas e mosca-branca;
  • Vazio sanitário, principalmente para o controle da mosca-branca em algumas regiões;
  • Monitoramento das condições climáticas, pois podem interferir na população de pragas do ano agrícola;
  • Uso correto da irrigação: lagarta-elasmo, por exemplo, é favorecida por período de estiagem;
  • Controle biológico de pragas, por exemplo, pelo uso de E. lignosellus (Beauveria bassiana) e C. includens (Trichogramma pretiosum);
  • Rotação de culturas;
  • Controle químico: ou seja, atingido o nível de controle para a praga, com ingredientes ativos registrados e seletivos, seguindo todas recomendações do profissional capacitado.

Conclusão

Por fim, nesse artigo você conheceu as principais pragas do feijoeiro e em quais momentos elas provocam maiores prejuízos nas lavouras de feijão.

Várias pragas podem ocorrer na sua área, mas determinar o nível de controle, com base no monitoramento, é fundamental para a tomada de decisões.

Assim, o controle deve ser feito com adoção de diferentes estratégias do manejo integrado de pragas, desde o planejamento da instalação da cultura até o final do seu ciclo.

Como resultado, é possível assegurar melhores condições para uma boa produtividade do feijoeiro, reduzir os custos com aplicações desnecessárias e, como consequência, minimizar os impactos ambientais.

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