Covid-19, La Niña e a crise hídrica na bacia do Rio Paraná (Brasil, Paraguai e Argentina): é essa a tempestade que marca o ano de 2021.
Cenário atual
Ser produtor rural no Brasil não é nada fácil. Além dos desafios relacionados ao manejo das lavouras, em 2021, outros problemas extracampo entraram em jogo:
- As incertezas da COVID-19 ainda preocupam governos e agricultores em todo o mundo, embora a vacinação esteja relativamente avançada.
- Os efeitos de La Niña ocasionaram perdas consideráveis em muitas lavouras, como café, milho, arroz, feijão, entre outras (ou mesmo na pecuária). E isso se deve às irregularidades climáticas, por exemplo, a ocorrências de geadas e secas prolongadas em várias partes do Brasil.
Com uma oferta de produtos menor para uma tendência de mesma demanda, o aumento dos preços ao consumidor final é iminente.
- A crise hídrica, como consequência de La Niña, rotula 2021 como o mais seco dos últimos 91 anos no Brasil, sendo as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, principalmente, as mais impactadas.
Aumento nas tarifas de energia elétrica, importação da energia e a demanda por fontes renováveis são algumas das alternativas que visam mitigar um possível risco de apagão.
O que são os fenômenos El Niño e La Niña?
Primeiro, é importante diferenciar “clima” de “tempo”. Apesar de serem, frequentemente, tratados como sinônimos, eles têm significados diferentes.
Clima refere-se ao monitoramento de um longo período de tempo, capaz de caracterizar uma determinada região baseado em seus registros históricos. A classificação climática de Köppen-Geiger é o sistema mais utilizado globalmente, proposto em 1900 pelo russo Wladimir Köppen.
Tempo remete às condições atmosféricas de um curto período de tempo. Não, necessariamente, condiz aos padrões de um certo tipo de clima, ou seja, reflete o estado momentâneo da atmosfera.
Uma vez entendida a diferença entre clima e tempo, El Niño e La Niña são fenômenos oceano-atmosféricos, em que ocorrem anomalias de aquecimento ou resfriamento da temperatura do Oceano Pacífico. Esses fenômenos afetam o clima em algumas partes do mundo, inclusive o do Brasil.
O Oceano Pacífico é o maior oceano do planeta, correspondendo a quase metade das águas marítimas e a quase um terço da superfície de toda a Terra. Dessa forma, qualquer alteração em sua temperatura irá gerar uma certa quantidade de energia na atmosfera, afetando muitos países.
No El Niño temos o aquecimento anormal das águas equatoriais, sobretudo na região próxima ao Peru e ao Equador.
O nome foi dado por pescadores peruanos: em espanhol, “El Niño” significa “O Menino” e que, por ocorrer próximo ao Natal, faz esta alusão ao “Menino Jesus”.
No caso de La Niña há o resfriamento das águas equatoriais do Pacífico. Em espanhol, significa “A Menina”, por ter efeitos contrários ao El Niño.
Além disso, esses fenômenos podem ocorrer num intervalo de tempo entre 2 e 7 anos, com duração entre 9 e 12 meses, geralmente.
Tendências climáticas para os próximos meses e o impacto nas lavouras
O conjunto de modelos do IRI/CPC utilizados para realizar a previsão do ENSO (“El Niño – Southern Oscillation”), considerando a média móvel trimestral (3 meses), indica as probabilidades de ocorrência de La Niña, Neutro e El Niño para os próximos meses.
Para os próximos meses, o conjunto de modelos indicam uma tendência de La Niña atuando durante a primavera e início do verão (barras em azul), com probabilidades acima de 50%, ainda que de um modo menos intenso que meses atrás, e vá perdendo força no início de 2022.
Mas, e qual o impacto disso nas lavouras?
Impactos do El Niño e La Niña na agricultura brasileira
Qual é mais prejudicial ao agro brasileiro? Depende! Para cada região há um comportamento climático, podendo ser de fraca, média ou forte intensidade.
El Niño traz menos chuvas nas regiões Norte e Nordeste. Enquanto no Sul ocorrem mais chuvas. Já no Sudeste e Centro-Oeste há o aumento das temperaturas superficiais e do ar.
O La Niña, por sua vez, ocasiona chuvas mais abundantes no Norte e Nordeste. No Sul, secas prolongadas e aumento nas temperaturas. E no Sudeste e Centro-Oeste é uma incógnita, por estarem em uma zona de transição entre o sul e o norte do Brasil, podendo haver secas ou chuvas imprevisíveis. Contudo, em 2021 vimos que as secas estão predominando.
Vale destacar que, El Niño e La Niña influenciam não só o clima no Brasil, mas também de outros países, como Austrália, Indonésia e até outros continentes, como a Europa.
E o que isso tem a ver com a BoosterAgro?
Estudos relativos à meteorologia agrícola estão sendo desenvolvidos para melhor compreensão desses fenômenos.
Assim, é fundamental que os produtores e consultores rurais se mantenham atualizados com as principais tecnologias existentes no mercado, acompanhando as tendências do clima para a sua região. Para que, assim possam otimizar os recursos na lavoura.
Para isso, o App BoosterAgro fornece, de forma gratuita, dados meteorológicos, sendo possível prever as condições atmosféricas de chuva e temperatura para sua fazenda, além de verificar a precipitação acumulada nos últimos 7 dias.
Conclusão
Vimos que El Niño e La Niña influenciam não só as lavouras, mas toda a cadeia produtiva, desde os agricultores até o consumidor final.
E também, que há uma tendência de impactos de La Niña durante a primavera, com volumes de chuvas abaixo das expectativas para as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul.
A expectativa é que as chuvas volumosas para a agricultura voltem a ocorrer em outubro na parte Centro-norte do país, embora nas regiões Sul e Sudeste o tempo seco possa estender-se por mais algumas semanas.
Enquanto isso, o risco de apagão e o monitoramento de La Niña continuam em alerta!