Veja quais são os cuidados essenciais para a colheita de soja para reduzir as perdas e garantir a qualidade dos grãos e sementes.
Todas as etapas de cultivo da soja são importantes para uma boa produtividade e qualidade dos grãos ou sementes colhidas.
No entanto, a colheita é uma etapa fundamental para garantir a manutenção dessa qualidade e assegurá-la durante o armazenamento.
Isto porque, a colheita com grau de umidade acima ou abaixo do recomendado pode acelerar a deterioração na armazenagem.
Além disso, nessa etapa, é importante atenção a fim de evitar perdas – que no Brasil podem chegar a até dois sacos de 60 kg por hectare – seja por conta das condições climáticas ou da regulagem das máquinas.
Então, confira a seguir, quais são os principais cuidados durante a colheita da soja.
Para realizar a colheita da soja é preciso monitorar diversos fatores.
Tais fatores estão relacionados às condições ambientais: como clima, grau de umidade das sementes ou grãos, ponto de maturação fisiológica; bem como ao maquinário, como regulagem e velocidade de operação.
Isso porque, a colheita feita em condições inadequadas pode reduzir de forma significativa a produtividade da lavoura, ou até mesmo a qualidade do grão ou semente colhida.
Veja, a seguir, quais são os principais cuidados a se tomar no momento da colheita.
É importante que as condições ambientais no momento de colheita sejam as mais adequadas, com a umidade nem muito baixa, nem muito alta (acima de 70%), o que pode tornar os grãos úmidos novamente.
A colheita deve ser feita logo após os grãos estarem no ponto ideal, pois, se caso ocorram chuvas ou a junção de alta umidade relativa do ar com temperaturas amenas, os grãos podem absorver água, o que prejudica sua qualidade.
O grau de umidade indicado para a colheita varia de acordo com o destino da produção da lavoura, se é para comercialização de grãos ou sementes.
No caso da destinação para sementes, a colheita deve ser feita no mais próximo possível da maturidade fisiológica, pois este é o ponto em as sementes terão maior vigor e germinação.
Por isso, é importante realizar a colheita quando as sementes atingirem grau de umidade entre 16 a 19%. Isso porque, teores de água acima de 19% aceleram a deterioração durante o armazenamento.
Mas vale a pena destacar que, para colheita com grau de umidade de 16 a 19%, é preciso que o produtor tenha domínio das regulagens do sistema de trilha. Além disso, a fazenda deve dispor de estrutura de pré-limpeza e de secadores para realizar a secagem imediata.
Já a colheita com teores de água muito baixos (abaixo de 13%), também é prejudicial, pois pode provocar danos físicos à semente.
Para a produção de grãos, a colheita com grau de umidade entre 13% a 15% é a mais, pois reduz as chances de danos por esmagamento (muito comum em grãos com alta umidade) ou trincas e microfissuras (mais comum na colheita de grãos muito secos).
A maturação da cultura da soja tem início na fertilização do óvulo e se encerra quando cessa a transferência de nutrientes da planta mãe aos grãos.
Já a maturidade fisiológica corresponde ao momento em que se encerra a transferência de nutrientes (ou seja, a maturidade fisiológica é a parte final da maturação). A partir desta fase, ocorre uma rápida perda de água das sementes e assim, é possível observar a redução do seu tamanho.
Esta fase corresponde ao estádio R7, caracterizado pela presença de uma vagem normal na haste principal com coloração de madura.
A maturação plena, por sua vez, é ocorre quando há a presença de 95% das vagens com coloração castanho amarronzada.
Assim, deve-se realizar a colheita dos grãos alguns dias após as plantas atingirem o estádio R8, pois é necessário um baixo grau de umidade dos grãos.
De forma geral, as maiores perdas na colheita ocorrem em função:
É importante lembrar que, a velocidade do molinete deve ser de 15% a 20% superior à velocidade de deslocamento.
Além disso, as facas e contranavalhas devem estar afiadas evitando que as plantas sofram grandes vibrações, o que provoca uma maior queda de vagens e grãos, contabilizando perdas na produtividade final da cultura.
O horário em que se realiza a colheita também influencia nas perdas.
No período da noite, mesmo que logo após o anoitecer, é aquele em que há maiores perdas. Pois, com o anoitecer, a tendência é de que, com as temperaturas mais amenas e orvalho, ocorra aumento do grau de umidade dos grãos.
Por outro lado, as perdas totais, incluindo todos os mecanismos da colhedora, são menores no período da tarde.
No entanto, em relação às perdas específicas da plataforma de corte, estas, geralmente são maiores durante o período da tarde, pois os grãos costumam estar mais secos.
Desta forma, é importante analisar em que locais da colhedora as perdas estão ocorrendo e as condições dos grãos em relação ao grau de umidade, para realizar possíveis ajustes e assim reduzir tais perdas.
As perdas em função da velocidade de colheita crescem, na medida em que ocorre o aumento dessa velocidade. Por isso, o ideal é que a colheita seja feita entre 4,5 e 6,5 km/hora, não ultrapassando 7 km/h.
Além disso, quanto maior a velocidade de deslocamento e a velocidade do molinete, maiores podem ser as perdas.
Lembrando que, o aceitável para a cultura da soja, é que as perdas na operação de colheita sejam de até 60 kg/ha. Valores acima já são desperdícios e demonstram uma necessidade de regulagem e calibração de maquinário ou até uma análise de outros fatores.
É comum adotar esta prática em campos de produção de sementes, o que passa até por uma regulamentação via instrução normativa.
Nestes casos, a semeadura de campos de diferentes cultivares deverá ser feita em épocas que proporcionem um período mínimo de 30 dias entre o florescimento de um campo e de outro, a fim de evitar a contaminação.
Desta forma, como as semeadura são feitas em épocas diferentes, a colheita também será assim, o que minimiza as chances de contaminação.
Já para a produção de grãos, os produtores costumam realizar a semeadura em datas próximas, bem como a colheita.
A contaminação da soja GMo Free, ou seja, não transgênica, pode ocorrer em todas as etapas de produção: desde a semeadura até o armazenamento. No entanto, as operações de colheita e transporte são as de maiores riscos de contaminações em toda cadeia.
As unidades de beneficiamento de sementes GMo Free seguem padrões definidos pela legislação, que são diferentes daqueles adotados no recebimento de transgênicas.
Um grande problema é o compartilhamento de máquinas colhedoras entre vizinhos que cultivam soja convencional (GMo Free) e a transgênica.
Para mitigar esse problema, diversos cuidados devem ser tomados, desde a etapa de produção a campo até o armazenamento, como por exemplo:
Para uma boa conservação dos grãos armazenados é preciso dar atenção a alguns fatores, como: o grau de umidade da soja na colheita; a limpeza da massa de grãos; a temperatura e umidade relativa do ar; bem como o aquecimento da massa de grãos.
Veja, a seguir os principais pontos de maior cuidado no armazenamento da soja:
Em resumo, a realização de boas práticas na etapa de colheita e pós-colheita podem assegurar a qualidade dos grãos ou sementes vindas do campo.
Assim, são determinantes para o sucesso da colheita fatores como as condições ambientais e o grau de umidade dos grãos durante a operação, bem como a regulagem e velocidade do maquinário.
Por isso, é muito importante monitorar e analisar cada um deles, a fim de que todo o trabalho realizado antes da semeadura e, posteriormente, com o manejo da lavoura, não seja em vão e o produtor e sua fazenda possam colher bons resultados financeiros ao final da safra.
Engenheira Agrônoma (UFFS), Mestra em Fitossanidade pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), com área de concentração fitopatologia. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) na área de sanidade vegetal e pós-colheita. Tem experiência nas áreas de fitopatologia, controle de doenças de plantas, grandes culturas, pós-colheita de grãos e sementes e agricultura de precisão.
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