Cultivo

Tudo sobre Dessecação da Soja em Pré-colheita

Conheça os benefícios da dessecação da cultura da soja em fase de pré-colheita e saiba como realizar essa operação com segurança.

A soja é uma das leguminosas mais cultivadas no mundo. No Brasil, por exemplo, a sua semeadura é feita de Norte a Sul.

Porém, para um melhor aproveitamento das áreas de cultivo, é necessário colher a soja, muitas vezes a principal cultura em um ano agrícola, o quanto antes. E isso sem prejudicar a produtividade e a qualidade dos grãos e sementes.

Por isso, é feita a dessecação em pré-colheita, ou seja, é realizada a aplicação de herbicidas apropriados para antecipar a colheita da soja de cinco a nove dias. Isso permite que o produtor ganhe tempo na implantação de uma segunda safra.

Quer saber mais sobre essa operação? Quer descobrir como avaliar corretamente o ponto de colheita da soja, qual o momento adequado para realizar a dessecação em pré-colheita e quais as boas práticas nesta operação?

Então, confira a seguir!

Entendendo o ponto de colheita da cultura da soja

Os estádios de desenvolvimento da soja possuem duas fases: vegetativa e reprodutiva.

A cultura tem o seu máximo acúmulo de matéria seca, ou seja, o máximo peso e máximo vigor e germinação, na maturidade fisiológica. E esse momento corresponde ao estádio R7.

Estádios vegetativos da soja (Fonte: FARIAS et al., 2007)
Estádios reprodutivos da soja (Fonte: FARIAS et al., 2007)

No R7, ocorre a finalização do enchimento dos grãos, e a vagem já está desligada da planta mãe.

Nesta fase, devido à máxima qualidade das sementes, já seria possível realizar a colheita, e, inclusive, seria o ponto ideal. 

No entanto, dois fatores importantes impedem esta operação: o alto teor de água das sementes; e a falta de uniformidade desta maturidade na lavoura. Ou seja, as plantas não alcançam a maturidade fisiológica todas ao mesmo tempo.

Por isso, muitas vezes, os produtores realizam a colheita entre o estádio R8 e R9. No estádio R9 a soja está com teor de água entre 13% e 15%, o que torna possível a colheita mecânica. 

No entanto, o produtor deve ficar atento ao teor de água (ou umidade) dos grãos e sementes considerados seguros para o armazenamento e conservação do produto, que é de 11% a 12%.

Diante disso, uma alternativa é realizar a dessecação da soja em pré-colheita.

O que é a dessecação em pré-colheita e quando ela é indicada para a soja?

A dessecação da soja em pré-colheita é uma operação realizada com herbicidas que aceleram a senescência e secagem das folhas de soja para que possa ser feita a colheita antecipada o mais próximo possível de sua maturidade fisiológica (R7).

A antecipação da colheita permite um plantio mais rápido da cultura de segunda safra na área.

Além disso, esse processo também colabora para o controle de algumas plantas daninhas presentes na lavoura.

Vale destacar que, o controle das plantas daninhas em fase de plântula (após a emergência) é fundamental, pois em algumas situações, o controle após este momento não é efetivo.

Nesta prática, é possível usar diferentes herbicidas dessecantes ou desfolhantes, que aceleram a maturação, causando rápida perda de água das sementes, secagem e queda de folhas da cultura.

Quando recomenda-se a dessecação da soja?

Recomenda-se a prática da dessecação, principalmente, em quatro situações. Quando:

  1. Há grande retenção foliar das plantas de soja;
  1. A maturação é visualmente desuniforme;
  1. Observam-se plantas de soja com haste verde;
  1. Quando no momento ou próximo ao momento de colheita podem ser encontradas plantas daninhas verdes na área;

Quais os benefícios da dessecação em pré-colheita para a soja?

A prática da dessecação em pré-colheita pode trazer diversos benefícios aos produtores, desde que se realize a operação no estádio de desenvolvimento correto e com o produto adequado.

No entanto, é preciso tomar ainda mais cuidado quando a lavoura é destinada à produção de sementes.

Alguns dos benefícios da dessecação em pré-colheita incluem:

  • Maior eficiência na colheita;
  • Maior uniformidade de maturação das plantas na lavoura;
  • Possibilidade de planejamento ou escalonamento da colheita em função da disponibilidade de máquinas, mão de obra e estruturas de armazenamento;
  • Controle antecipado de plantas daninhas jovens e adultas na área de cultivo, reduzindo, inclusive, a possibilidade das mesmas produzirem sementes;
  • Menor teor de impurezas (vale destacar que isso é usado como critério de desconto no valor de comercialização dos grãos);
  • Rápida redução da umidade ou teor de água das sementes ou grãos;
  • Redução do tempo de exposição da soja à pragas e doenças, o que colabora também na diminuição dos danos causados por estes organismos aos grãos;
  • Melhor qualidade de sementes pela colheita ser mais próxima ao período de maturidade fisiológica, correspondente ao maior acúmulo de matéria seca, maior vigor e germinação das sementes;
  • Melhor qualidade sanitária, pela redução rápida do teor de água das sementes e grãos, associada a menor exposição a fatores climáticos adversos: umidade relativa do ar e temperatura favoráveis ao desenvolvimento de fungos.

Cuidados na dessecação da soja

Com a proibição do uso do paraquat, alternativas para aplicação na dessecação da cultura da soja incluem os herbicidas: diquat; glufosinato de amônio; carfentrazona-etílica; saflufenacil; e o glifosato.

Todos apresentam resultados diferentes em função:

  • Da época em que são aplicados, ou seja, o estádio reprodutivo em que a planta está, podendo ser em R6 ou R7, sendo este último o mais recomendado;
  • E da cultivar, devido ao seu hábito de crescimento determinado ou indeterminado.

Desta forma, é sempre necessário consultar um engenheiro agrônomo para obter as melhores recomendações e que levem em conta: a época; a dose; o princípio ativo do herbicida; o monitoramento do clima; e a cultivar presente na lavoura. Assim, evitando prejuízos.

Isso porque, a aplicação em época, dose e herbicida inadequado, pode reduzir a produtividade e a qualidade fisiológica, química e sanitária das sementes, bem como alterar a composição química dos grãos. E se feita de forma muito antecipada, pode reduzir o tempo de enchimento das sementes.

Além disso, aplicações muito antecipadas podem influenciar negativamente no extrato etéreo (gordura) dos grãos, uma das características químicas importantes para o processamento industrial.

Também é preciso ficar de olho nas previsões climáticas. Isso porque, é importante evitar esta operação em épocas de chuvas posteriores à aplicação, pois elas prejudicam a eficiência da pulverização, além de atrapalhar a secagem rápida das sementes.

Por fim, é importante lembrar que, embora alguns estudos apontem que a dessecação em R6 não altere a produtividade da lavoura, neste estádio, a planta ainda está em fase de enchimento de grãos, ou seja, ainda não atingiu o seu máximo acúmulo de matéria seca.

Boas práticas na aplicação de dessecação em pré-colheita

Veja, a seguir, quais são as boas práticas durante a aplicação dos herbicidas para dessecação em pré-colheita e quais características o produto escolhido precisa ter.

Boas práticas na dessecação da soja

  • Aplicação em R7, R7.2, conforme critérios de recomendação desta prática, anteriormente descritos;
  • Monitoramento das previsões climáticas para os dias após a aplicação: é importante não haver chuvas nos dias seguintes à pulverização;
  • Planejamento do melhor herbicida ou associação de produtos que pode ser usado na cultivar ou cultivares presentes na área e que traga a melhor relação custo/benefício, inclusive no controle das plantas daninhas;
  • Observação do tempo residual do herbicida e a sua seletividade em relação à cultura cultivada na sequência;
  • Planejamento antecipado da área, para implantação rápida da cultura seguinte a fim de otimizar as operações e o aproveitamento da área.

Características que os herbicidas utilizados na dessecação em pré-colheita devem ter

  • Não devem ter a capacidade de se translocar entre as partes da planta;
  • Precisam levar à rápida senescência (morte) das plantas, sem que ocorra alterações nas suas características normais (principalmente sem causar efeito fitotóxico);
  • Não podem se acumular nos grãos ou sementes, pois desta forma podem afetar a taxa de germinação, vigor de sementes e alterações químicas em grãos.

Conclusão

A dessecação em pré-colheita para a soja é uma alternativa eficiente para reduzir rapidamente a umidade dos grãos e sementes, permitindo assim a colheita o mais próximo possível do ponto de maturidade fisiológica.

No entanto, é preciso observar algumas características, principalmente o tipo de herbicida empregado, em função das cultivares implantadas na área, dose e estádio reprodutivo.

Isso porque, aplicações muito antecipadas podem reduzir significativamente a produtividade da cultura. 

Além disso, é preciso estar atento se o herbicida usado e o seu residual podem afetar de alguma forma a cultura posterior.

Por isso, consulte sempre um profissional para recomendações mais adequadas!

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