Entenda quais as principais espécies de nematoides que ocorrem na cultura da soja, sintomas, condições favoráveis para ocorrência, e como diminuir os danos na sua lavoura.
No Brasil, estima-se que as perdas anuais causadas pelos nematoides à cultura da soja chegam a 16,2 bilhões de reais.
Só a soja, por exemplo, pode ser afetada por mais de 100 espécies diferentes de nematoides. No entanto, há quatro principais que causam grandes prejuízos à soja brasileira:
Além disso, ao não executar medidas para diminuir a população de nematoides no solo, em áreas muito afetadas, a produção da cultura pode se tornar inviável por anos!
Assim, para um bom controle, é necessária uma correta identificação dos nematoides presentes na área.
Porém, isso pode ser uma tarefa difícil, uma vez que diferentes nematoides podem causar sintomas parecidos ou ainda sintomas que podem ser confundidos com outras doenças ou até mesmo deficiências nutricionais.
Então, confira a seguir os principais nematoides da soja, suas características, sintomas, condições favoráveis e práticas de manejo para reduzir os danos na lavoura!
Entre os nematoides da soja registrados no Brasil, todos parasitam as raízes das plantas, exceto o nematoide Aphelenchoides besseyi, causador da “soja louca II”, pois é o único capaz de parasitar a parte aérea, e se alimentar das inflorescências, flores e folhas.
A presença de nematoides na cultura da soja leva, principalmente, a:
Realizar o controle dos nematoides é uma tarefa difícil, por isso, uma vez que eles estão presentes na área, o objetivo principal deve ser de diminuir a sua população no solo.
Confira, a seguir, os quatro principais nematoides na cultura da soja!
Os nematoides do gênero Meloidogyne são os mais importantes na cultura da soja, pois causam as famosas ‘galhas’.
Eles estão distribuídos em todas as regiões do país, parasitando várias culturas, bem como plantas daninhas, onde sobrevivem e podem se reproduzir na entressafra.
Se a sua população não for controlada, as perdas na produtividade da soja podem variar de 30% até 100%.
Além disso, existem duas espécies principais e diversas raças dentro de cada espécie, que apresentam diferenças na agressividade de ataque na cultura.
Ou seja, uma mesma espécie, de raça diferente, pode ser mais ou menos agressiva a determinada cultivar de soja, por isso a identificação a nível de espécie é fundamental.
As principais espécies de Meloidogyne são Meloidogyne incognita (mais comum em áreas de cultivo de café ou algodão) e M. javanica (ocorrência generalizada nas regiões de produção de soja).
As fêmeas depositam entre 400 a 500 ovos e seu ciclo se completa em três a quatro semanas, dependendo da temperatura, umidade e planta hospedeira.
Além disso, estes nematoides podem sobreviver nos solos em períodos de seis a 12 meses.
Por fim, as condições de temperatura entre 25 a 30ºC e umidade favorecem ambas as espécies. E ainda, períodos de veranicos na fase de enchimento dos grãos resultam em danos mais severos.
Já foram identificadas 11 raças diferentes deste nematoide no país. No entanto, o nematóide-de-cisto infecta um número menor de espécies de interesse agrícola, diferentemente dos outros.
Além disso, a doença provocada por ele é conhecida ainda por nanismo amarelo da soja, devido aos sintomas cloróticos e o porte reduzido das plantas.
Anteriormente, ele podia ser encontrado apenas na região Norte e Nordeste do Mato Grosso. Entretanto, atualmente, está distribuído em diferentes regiões do país.
É necessário observar as raízes identificando a presença de fêmeas de coloração branca/amarela. Isso porque, os sintomas são semelhantes a: deficiências nutricionais; fitotoxidade por defensivos; outras doenças; e até mesmo estresses ambientais.
Contudo, vale destacar que o seu ataque causa:
O seu ciclo é parecido com o descrito anteriormente, para o Meloidogyne. Porém, há uma diferença: a fêmea pode ser vista com parte do seu corpo para fora da raiz (conforme imagem anterior).
Assim, o ciclo dura cerca de três semanas, dependendo das temperaturas e da umidade do solo.
Dessa forma, temperaturas entre 23 e 28ºC, com presença de umidade no solo, são condições favoráveis a esta espécie.
Já temperaturas abaixo dos 14ºC ou superiores a 34ºC interrompem o desenvolvimento dos nematoides no solo. No entanto, embora as temperaturas baixas interrompam o desenvolvimento, eles podem sobreviver por até seis meses em temperaturas negativas.
Além disso, estes parasitas podem sobreviver no solo de seis a oito anos!
O nematóide reniforme pode causar uma redução de até 32% na produtividade da soja, se não for realizado o controle da sua população no solo da área de cultivo.
Esta espécie pode infectar mais de 140 espécies de plantas, sendo a cultura do algodão a mais afetada.
Alguns de seus sintomas incluem:
Além disso, diferentes de outras espécies de nematoides:
As fêmeas produzem até 100 ovos, completando seu ciclo de vida entre 24 a 30 dias, a depender principalmente da temperatura e textura do solo. Isso porque, solos de textura fina, siltoso ou argiloso favorecem esta espécie.
Podem sobreviver por até dois anos em solos infestados, sendo importante a rotação de culturas para diminuir a sua população.
Além disso, temperaturas entre 25 e 35ºC favorecem esta espécie. No entanto, solo seco e faixas de temperaturas abaixo de 25ºC provocam rápida diminuição da população de nematoides na área.
Esta espécie é considerada de maior disseminação, principalmente pela ampla gama de hospedeiros que inclui muitas gramíneas, por exemplo: milho, trigo, capins, sorgo, cevada, aveia, arroz, centeio e pastagens.
Pode levar a perdas de até 21% na produtividade da soja. Isso porque, além de produzir substâncias tóxicas e liberá-las nas raízes da soja durante a sua alimentação, podem servir de porta de entrada para fungos e bactérias
Os ovos podem ser depositados no solo e no interior das raízes e, após a eclosão, o parasitismo na planta tem início.
Porém, diferente dos demais nematoides, neste caso a fêmea também é migradora (pode se deslocar de uma planta a outra).
Além disso, o seu ciclo é influenciado pela temperatura (mais amenas, em torno de 20ºC, podendo se desenvolver bem em temperaturas de até 30ºC), umidade e presença de matéria orgânica. Isso porque, tais fatores favorecem o desenvolvimento desta espécie.
E ainda, locais de solo arenoso, áreas com irrigação e com sistema de plantio direto (que mantém o solo úmido por mais tempo) também favorecem o aumento da população deste parasita.
Mesmo assim, pode sobreviver em solo seco e sem plantas hospedeiras por até 21 meses.
Rotação de culturas, mas, cuidado! Vale a pena observar e evitar a ampla gama de espécies hospedeiras, como gramíneas e algodão, cultivadas, principalmente, em regiões de solo arenoso;
ATENÇÃO! Solos compactados merecem atenção redobrada quando a área possui esta espécie de nematoide.
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Em resumo, podem atacar a cultura da soja diferentes espécies, bem como diferentes raças da mesma espécie, com agressividade variáveis.
Assim, o controle de fitonematoides ainda é bem difícil, pois eles estão em diferentes profundidades no solo e aderidos às raízes.
Dessa forma, as medidas mais utilizadas e mais eficientes são aquelas que visam reduzir a sua população no solo.
Além disso, em áreas com suspeita de nematoides, vale a pena observar não só as plantas de soja, como também as daninhas, uma vez que podem ser hospedeiras destes parasitas.
Por fim, dependendo da espécie observada, pode ser preciso enviar o material a um laboratório para análise e diagnóstico correto da área para que, assim, adotar a estratégia de manejo mais adequada.
Em conclusão, os nematoides são parasitas de difícil controle e alto potencial de danos, por isso, é fundamental estar atento à sua presença na lavoura.
Engenheira Agrônoma (UFFS), Mestra em Fitossanidade pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), com área de concentração fitopatologia. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) na área de sanidade vegetal e pós-colheita. Tem experiência nas áreas de fitopatologia, controle de doenças de plantas, grandes culturas, pós-colheita de grãos e sementes e agricultura de precisão.
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